Relatório mensal sobre o mercado transacional brasileiro – Fevereiro 2025

Fusões e Aquisições movimentam BRL 19,9bi no primeiro bimestre de 2025

  • Setor de Internet, Software & IT Services é o mais ativo do ano, com 39 transações
  • Estados Unidos é o país que mais investiu no Brasil, com 20 aquisições
  • Volume de transações registra queda de 16% no período

O cenário transacional brasileiro foi objeto de análise no relatório mensal do TTR Data, que revelou 228 transações movimentando um total de BRL 19,9bi até fevereiro de 2025.

Esses números representam uma diminuição de 16% no número de transações em relação ao mesmo período de 2024, tal como uma queda no capital mobilizado de 35%. Do total das transações, 32% possuem os valores revelados e 77% das operações já estão concluídas.

Em fevereiro, 101 fusões e aquisições foram registradas, entre anunciadas e concluídas, e um valor total de BRL 14,0bi.

O setor de Internet, Software & IT Services é o mais ativo com 39 transações, apresentando uma queda de 17% em relação a 2024, seguido pelo setor de Real Estate, com 20 transações.

Operações do mercado transacional de fevereiro de 2024 a fevereiro de 2025
Fonte: TTR Data.

Âmbito Cross-Border

Empresas brasileiras voltaram-se principalmente para os Estados Unidos, realizando quatro transações no valor de BRL 425,83m até fevereiro de 2025, seguido por Portugal também com quatro operações. 

Por outro lado, os Estados Unidos e a Holanda lideraram os investimentos no Brasil, com 20 e oito transações, respectivamente.   

Empresas norte-americanas que adquirem negócios brasileiros registraram uma queda de 16%, as aquisições estrangeiras nos setores de Tecnologia e Internet diminuiram em 46%.

Em relação aos fundos estrangeiros de Private Equity e Venture Capital que investem em empresas brasileiras, houve uma queda de 37% em 2025.

Private Equity, Venture Capital e Asset Acquisitions

No segmento de Private Equity, houve 12 transações totalizando BRL 598m, com uma queda de 47% no número de operações.

Em Venture Capital, 37 rodadas de investimento movimentaram BRL 1,3bi, representando uma redução de 49% no número de transações.

O segmento de Asset Acquisitions registrou 41 transações e BRL 6,7bi até fevereiro, refletindo um crescimento de 26% no capital mobilizado em comparação ao mesmo período do ano passado.

Transação do mês

A transação destacada pelo TTR Data em fevereiro de 2025, foi a conclusão da aquisição pelo BTG Pactual da Julius Baer Brasil. O valor da transação é de BRL 615m.

A operação contou com a assessoria jurídica em lei brasileira dos escritórios Pinheiro Neto Advogados; e Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados. Do lado financeiro, foi assessorada pelo BTG Pactual.

Entrevista com Mello Torres Advogados

Mariana Zelmanovits, advogada Sênior na área de Mercado de Capitais do Mello Torres Advogado, conversou com o TTR para esta edição e analisou as mudanças necessárias para que o mercado de securitização tenha mais relevância no panorama de crédito privado brasileiro em 2025: “Para que o mercado de securitização tenha mais relevância no panorama de crédito privado brasileiro em 2025, é necessário enfrentar desafios que vão além da regulação. Com a alta da taxa de juros, o ano começou com um volume menor de emissões, mas acredito que ainda exista espaço para as emissões de CRI e CRA, além das estruturas de fundos de investimento.”

Para entrevista completa, clique aqui

Ranking de assessores financeiros e jurídicos

O relatório publica os rankings de assessoria financeira e jurídica até fevereiro de 2025 em M&A, Private Equity, Venture Capital e Mercados de Capitais, onde a atividade dos assessores é refletida pelo número de transações e pelo valor total. 

Quanto ao ranking de assessores financeiros, por número de transações lidera em 2025 o Banco Itaú BBA com seis operações. Em valor, lidera o Deutsche Bank contabilizando um total de BRL 6,5bi.

No que se refere ao ranking de assessores jurídicos, por número de transações em 2025 lidera o escritório Bronstein Zilberberg Chueiri & Potenza Advogados,com 11 operações. Em valor, lidera o Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados contabilizando um total de BRL 7,7bi.

Dealmaker Q&A

TTR Dealmaker Q&A com a Mariana Zelmanovits, advogada sênior do Mello Torres Advogados

Mello Torres Advogados

É advogada Sênior na área de Mercado de Capitais do Mello Torres Advogados, com formação em Direito pela Fundação Armando Álvares Penteado e Mestrado em Direito e Mercados Financeiros pela NOVA School of Law e NOVA Information Management School.

Com uma vasta experiência no setor, Mariana é especialista na estruturação de operações, abrangendo debêntures, notas comerciais, Certificados de Recebíveis (CRs, CRAs, CRIs), Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs), Fundos de Investimento em Participações (FIPs) e Ofertas Públicas Iniciais (IPOs).


TTR Data: O mercado de crédito privado Brasileiro cresceu 62% em 2024, de acordo com nosso mais recente relatório anual de Fixed Income, da TTR Data. Quais fatores jurídicos contribuíram para essa expansão e quais desafios regulatórios ainda precisam ser enfrentados?

O crescimento de 62% no mercado de crédito privado, conforme indicado no relatório anual de Fixed Income da TTR Data, reflete, a meu ver, uma combinação de fatores jurídicos e conjunturais. Do ponto de vista regulatório, os benefícios advindos da Resolução CVM nº 160, que alterou o regime de ofertas públicas, já vêm sendo verificados desde 2023. Ao longo de 2024, pudemos observar as mudanças positivas decorrentes da Resolução CVM nº 175, o marco regulatório dos fundos de investimento, que trouxe uma série de mudanças importantes para a indústria e para os investidores. 

Entendo que o fator regulatório que mais contribuiu para a expansão do crédito privado foi a Lei nº 14. 801/2024, que criou as debêntures de infraestrutura e alterou as regras relacionadas às debêntures incentivadas e aos fundos de investimento no setor. Além disso, a lei incluiu diretrizes tributárias e promoveu incentivos para captação de recursos via emissão de títulos de dívida no exterior. Em termos de crescimento, houve um aumento de mais de 75% em relação a 2023 em emissões de debêntures incentivadas. 

Adicionalmente, outros três fatores contribuem para o aumento de debêntures incentivadas e de infraestrutura foram as mudanças instituídas pela Resolução CMN nº 5.119, pela Resolução CMN nº 5.118 e pela Lei nº 14.754/2023. Essas mudanças incluem a restrição à liquidez das LCIs e LCAs, as limitações ao lastro das operações envolvendo CRIs e CRAs e a mudança na regra de tributação de fundos exclusivos, favorecendo a procura por debêntures incentivadas e de infraestrutura ainda mais por ser um título isento de Imposto de Renda para as pessoas físicas. Além disso, as debêntures de infraestrutura contam com benefícios fiscais para os emissores. 

De forma geral, a evolução regulatória mencionada deixou os títulos ainda mais atraentes e acessíveis para os investidores e para as companhias que buscam captar recursos via mercado de capitais. Em relação aos desafios regulatórios, entendo que o destaque é a reforma tributária, principalmente no que diz respeito aos fundos de investimento.


TTR Data: O setor de “Power Transmission & Distribution” liderou as emissões de debêntures com R$ 59 bi captados.  Como você enxerga a alta demanda das empresas desse setor por captação de recursos via emissão desse tipo de ativo? Há alguma particularidade regulatória que impulsiona esse setor em relação a outros? 

Como mencionado anteriormente, houve um aumento geral na emissão de debêntures incentivadas e de infraestrutura no último ano, especificamente em relação ao setor de energia elétrica, que concentrou um volume de quase 40% do volume total emitido de debêntures incentivadas. Nesse sentido, a alta demanda nesse setor tem a ver com as mudanças regulatórias já citadas. Destaco o Decreto nº 12.068/2024 que definiu condições para as licitações e para as prorrogações das concessões envolvendo o setor de “Power Transmission & Distribution”, com o objetivo de modernizar as concessões. Também é importante mencionar o Decreto nº 11.964/2024, que buscou simplificar o procedimento de enquadramento para os projetos prioritários, reduzindo a burocracia para a emissão de debêntures incentivadas. Além disso, como a alternativa de buscar financiamento além do BNDES e de bancos regionais de desenvolvimento, os emissores passaram a buscar o financiamento via mercado de capitais. 

A particularidade regulatória que impulsiona não somente esse setor, mas todos os setores de infraestrutura, são os benefícios fiscais. Especificamente em relação ao setor elétrico é a abertura do mercado livre de energia. De modo geral, a previsibilidade da receita por ser indexada à inflação favorece muito o investimento, tornando as emissões de debêntures mais atrativas se comparadas com outros setores de infraestrutura. 

Em resumo, em comparação com outros setores, as empresas de energia elétrica se beneficiam de um arcabouço regulatório mais estável e de um forte suporte governamental para infraestrutura, resultando em menor percepção de risco e maior atratividade para investidores.


TTR Data: A captação de recursos via debêntures incentivadas (Lei 12.431) apresentou crescimento de 99% em relação ao ano anterior. Na sua visão, quais os principais fatores que influenciaram esse aumento expressivo? Você acredita que o arcabouço regulatório atual é suficiente para atrair mais emissões ou são necessárias novas medidas?

Os principais fatores que influenciaram diretamente o aumento de 99% na captação via debêntures incentivadas foram as mudanças regulatórias introduzidas pela Lei nº 14.754/2023, pelo Decreto nº 11.964/2024, além do pipeline de projetos. Os governos estadual e federal ampliaram o cronograma de obras e concessões nos últimos anos, especialmente nos setores de rodovia e saneamento. Indiretamente, as alterações nas LCI, LCA, CRI e CRA, decorrentes da Resolução CMN nº 5.119 e da Resolução CMN nº 5.118, também contribuíram para esse crescimento, além da atratividade fiscal que tem beneficiado essa classe de ativo no cenário macroeconômico atual. A restrição no mercado de equity também favoreceu a busca por captação via mercado de capitais.

Quanto ao atual arcabouço regulatório, existe uma estrutura relativamente consolidada para debêntures incentivadas e, além da regulamentação mencionada para o setor de energia elétrica, destaca-se o Novo Marco Legal do Saneamento, que colaborou para que 2024 fosse um ano muito positivo para o setor de infraestrutura. No entanto, alguns pontos merecem atenção para atrair ainda mais emissões, como os projetos relacionados à energia limpa e à transição energética, que podem se beneficiar de maior clareza sobre critérios de enquadramento em debêntures incentivadas. Ademais, empresas de menor porte enfrentam desafios para cumprir todos os requisitos para emissão de debêntures.

TTR Data: Apesar da queda de 13,5% no volume captado no último ano, o mercado de securitização segue como um importante pilar do financiamento via crédito privado no Brasil. Como a regulação atual impactou a estruturação de operações envolvendo CRI e CRA em 2024? Quais mudanças você acredita serem necessárias para que esse mercado tenha mais relevância no panorama de crédito privado brasileiro em 2025?

Apesar da queda de 13,5% no volume de captação em 2024, o mercado de securitização (via CRI e CRA) ainda representa um canal significativo. As alterações introduzidas pela Resolução CMN nº 5.118 trouxeram mudanças relevantes que impactaram o mercado de securitização, restringindo uma série de estruturas realizadas anteriormente no mercado de capitais. Os principais desafios dizem respeito à elegibilidade dos emissores e à questão do lastro. Além disso, o duration também foi afetado. 

Ademais, a queda no volume de emissões de CRAs se deve, em parte, às mudanças climáticas que impactaram as safras, bem como aos pedidos de recuperação judicial das empresas do setor do agronegócio. Para que o mercado de securitização tenha mais relevância no panorama de crédito privado brasileiro em 2025, é necessário enfrentar desafios que vão além da regulação. Com a alta da taxa de juros, o ano começou com um volume menor de emissões, mas acredito que ainda exista espaço para as emissões de CRI e CRA, além das estruturas de fundos de investimento.


TTR Data: Com o avanço das práticas ESG no mercado financeiro, como os aspectos regulatórios influenciam a emissão de títulos verdes e sustentáveis? Existe espaço para novas regulamentações que incentivem essas captações?

A regulação desempenha um papel crucial na emissão de títulos verdes e sustentáveis, pois estabelece garantias e critérios que os investidores esperam quando buscam esse tipo de investimento. Há, de fato, espaço para novas regulamentações que incentivem essas captações, especialmente em termos de padronização de critérios ESG e à criação de incentivos fiscais para emissores de títulos verdes. Um grande avanço nesse sentido são as novas regras e procedimentos para estruturação de ofertas de títulos sustentáveis, que foram incluídos no Código de Ofertas Públicas da ANBIMA que passará a valer a partir de 24 de março. 

Nesse sentido, será fundamental monitorar se os compromissos assumidos pelas empresas durante a emissão atrelados à destinação de recursos e/ou vinculados as metas de sustentabilidade, estão sendo cumpridos. Esse monitoramento será essencial para fortalecer a verificação das métricas ao longo da vida do título. Além disso, será observado se a emissão é para uso de recursos ou vinculado a metas ESG. Para proporcionar maior segurança aos investidores, deverá ser emitido um parecer de segunda opinião emitido por uma entidade independente que avaliará se a oferta está alinhada com os critérios de sustentabilidade, além de haver normas para divulgação de informações aos investidores. 

Com o avanço das práticas ESG, a regulação exerce papel fundamental para conferir legitimidade e evitar o “greenwashing”. Apesar deste progresso, é importante destacar que ainda há uma ausência de padronização global, o que permite que as companhias utilizem diferentes frameworks sem um critério unificado, impactando na eficácia das medidas apresentadas.

TTR Data: Considerando o cenário econômico e regulatório para 2025, quais tendências jurídicas você prevê para o mercado de crédito privado e quais pontos merecem mais atenção por parte dos investidores e emissores?

Para 2025, em termos de tendências econômicas, o ano começou em um cenário de alta de juros. Nesse contexto, o mercado de crédito privado apresenta um número reduzido de emissões, e as empresas que planejam captar recursos têm considerado emitir papéis com prazos mais curtos. A meu ver, a perspectiva para este ano é que o ritmo de emissões via mercado de capitais siga mais lento, tendo em vista o quadro macroeconômico. Sendo assim, o ano de 2025 deve ser um ano direcionado para investimentos em infraestrutura, conforme dito anteriormente, e companhias que necessitam refinanciar suas dívidas. 

Em termos de tendências jurídicas, espera-se um aumento no acesso de companhias de menor porte através do mercado de capitais por meio do regime FÁCIL, que está entre as prioridades da CVM para este ano. Além disso as novas regras e procedimentos para estruturação de ofertas de títulos sustentáveis, que foram incluídos no Código de Ofertas Públicas da ANBIMA, indicam uma maior intersecção entre regulação ESG e mercado de crédito privado. Por fim, no final do ano passado, a CVM anunciou a flexibilização dos requisitos de emissão e divulgação de debêntures, que irá alterar pontualmente as Resoluções CVM nº 80 e 160.

Relatório mensal sobre o mercado transacional brasileiro – Janeiro 2025

Fusões e Aquisições movimentam BRL 5,5bi em Janeiro de 2025

  • Setor de Internet, Software & IT Services é o mais ativo no mês com 14 transações
  • Estados Unidos é o país que mais investiu no Brasil, com sete aquisições
  • Volume de transações registra diminuição de 28% no período

O cenário transacional brasileiro foi objeto de análise no relatório mensal do TTR Data, que revelou 102 transações movimentando um total de BRL 5,5bi em janeiro de 2025.

Esses números representam uma diminuição de 28% no número de transações em relação ao mesmo período de 2024. Do total das transações, 36% possuem os valores revelados e 79% das operações já estão concluídas.

O setor de Internet, Software & IT Services é o mais ativo com 14 transações, seguido pelo setor de Real Estate, com 10 transações

Operações do mercado transacional de janeiro de 2024 a janeiro de 2025
Fonte: TTR Data.

Âmbito Cross-Border

Empresas brasileiras investiram em janeiro de 2025 em Portugal e nos Estados Unidos, com três e duas transações, respectivamente.

Por outro lado, os Estados Unidos e a Holanda lideraram os investimentos no Brasil, com sete e três transações, respectivamente.

Empresas norte-americanas que adquirem negócios brasileiros registraram uma diminuição de 58%, tal como uma queda nas aquisições estrangeiras nos setores de Tecnologia e Internet em 54%.

Private Equity, Venture Capital e Asset Acquisitions

No segmento de Private Equity, houve sete transações totalizando BRL 348m, com uma queda de 41% no número de operações.

Em Venture Capital, 13 rodadas de investimento movimentaram BRL 560m, representando uma redução de 61% no número de transações.

O segmento de Asset Acquisitions registrou 14 transações e BRL 1,8bi em janeiro, refletindo uma queda de 54% nas operações em comparação ao mesmo período do ano passado.

Transação do mês

A transação destacada pelo TTR Data em janeiro de 2025, foi a conclusão da aquisição da participação adicional de 50% na Comerc pela Vibra. O valor da transação é de BRL 3,5bi.

A operação contou com a assessoria jurídica em lei brasileira dos escritórios Lefosse; e Mattos Filho. Do lado financeiro, foi assessorada pelo BTG Pactual.

Entrevista com Questum

Guilherme Tossulino, sócio do Questum, conversou com o TTR para esta edição e analisou a evolução o segmento de Private Equity e Venture Capital no Brasil nos próximos meses: “O mercado de Private Equity (PE) e Venture Capital (VC) no Brasil está retomando dinamismo, impulsionado pela queda dos juros e pelo aumento da participação de investidores estrangeiros. Nos próximos meses, espera-se que os fundos de PE e VC adotem uma abordagem mais seletiva, focando em empresas com unit economics robustos e modelos de negócios resilientes. Os setores mais atrativos incluem tecnologia, saúde e agronegócio, devido à sua capacidade de inovação e adaptação às mudanças do mercado. Além disso, os critérios Ambientais, Sociais e de Governança (ESG) se tornaram parte essencial das estratégias de investimento. Investidores estão priorizando empresas que combinam crescimento sustentável com práticas responsáveis e governança sólida. Apesar dos desafios regulatórios, as perspectivas para PE e VC no Brasil são positivas, com oportunidades relevantes para investidores estratégicos e gestores de fundos que se ajustarem às novas dinâmicas do mercado.”

Para entrevista completa, clique aqui.

Ranking de assessores financeiros e jurídicos

O relatório publica os rankings de assessoria financeira e jurídica em janeiro de 2025 em M&A, Private Equity, Venture Capital e Mercados de Capitais, onde a atividade dos assessores é refletida pelo número de transações e pelo valor total.

Quanto ao ranking de assessores financeiros, por número de transações lidera o Banco Itaú BBA com cinco transações. E em valor, lidera a XP, contabilizando um total de BRL 921,50m.

Quanto ao ranking de assessores jurídicos, por número de transações lidera o Bronstein Zilberberg Chueiri & Potenza Advogados com quatro transações. E em valor, lidera o Pinheiro Neto Advogados, contabilizando um total de BRL 1,8bi.

Dealmaker Q&A

TTR Dealmaker Q&A com o Guilherme Tossulino, sócio do Questum

Questum

É partner da Questum e possui uma sólida trajetória no mercado de tecnologia e inovação. Foi Diretor de Estratégia e M&A na Softplan, onde liderou a estruturação da área de M&A e integrações, conduzindo mais de 10 transações de aquisição e investimentos em empresas de software. Formado em Sistemas de Informação pela UNISUL e com MBA em Gerenciamento de Projetos pela FGV, Tossulino traz sua ampla experiência em crescimento inorgânico para apoiar startups e empresas de tecnologia em suas jornadas estratégicas de fusões e aquisições.


TTR Data: Em meio a um cenário de maior seletividade nos investimentos, como a Questum tem equilibrado sua atuação nos segmentos de M&A, Private Equity e Venture Capital no Brasil em 2024?

O mercado de 2024 segue desafiador para M&A, Private Equity e Venture Capital, com avaliações mais conservadoras e um custo de capital elevado. Apesar disso, a Questum tem estruturado transações estratégicas, com destaque para o setor de tecnologia, que segue como um dos mais ativos.

No segmento de M&A, empresas de software empresarial (ERP/TI) lideraram o volume de transações, refletindo a busca por eficiência operacional e transformação digital. Para mitigar riscos e alinhar interesses entre compradores e vendedores, a Questum tem utilizado earn-outs e a composição de transações com ações, garantindo maior flexibilidade e alinhamento de longo prazo.

Em Private Equity e Venture Capital, o mercado está mais seletivo, mas os fundos continuam ativos, especialmente em rodadas de crescimento para empresas com previsibilidade de receita e resiliência operacional. O amadurecimento do ecossistema e a busca por modelos de negócios sustentáveis fazem com que os investidores priorizem startups com caminhos claros para a rentabilidade e empresas com teses bem estruturadas para consolidação de mercados fragmentados.

Mesmo com as incertezas, há uma retomada gradual do apetite por aquisições e captações, com empresas se preparando para o próximo ciclo econômico e fortalecendo seus fundamentos financeiros. Esse movimento tende a se acelerar nos próximos meses, à medida que investidores ajustam suas teses ao novo cenário de mercado.

TTR Data: Quais os principais desafios regulatórios que a Questum tem enfrentado no mercado de M&A no Brasil?

O ambiente regulatório no Brasil tem se tornado cada vez mais relevante para transações de M&A, exigindo preparação antecipada das empresas.

O CADE continua sendo um fator crítico, especialmente para setores concentrados como tecnologia e serviços financeiros, exigindo mais transparência e mitigação de riscos concorrenciais. Recentemente, o órgão revisou critérios de notificação de transações, tornando o processo mais rigoroso. Empresas que antecipam essa análise e trabalham na mitigação de riscos regulatórios aumentam suas chances de uma aprovação mais ágil.

A LGPD também tem impactado transações, principalmente em setores que lidam com grandes volumes de dados sensíveis, como fintechs e healthtechs. O compliance rigoroso já influencia o valuation e pode ser um critério decisivo para a viabilidade do deal.

Além disso, as exigências de ESG estão se tornando parte das due diligences. Governança, impacto ambiental e transparência regulatória passaram a ser considerados, ainda que não sejam um fator decisivo na maioria das transações.

A preparação regulatória tornou-se um diferencial competitivo. Empresas que antecipam esses desafios conseguem reduzir riscos, acelerar o processo de M&A e atrair investidores com mais confiança.

TTR Data: O Brasil concentrou aproximadamente 60% das transações de M&A na América Latina. Quais são os drivers mais relevantes para consolidar esse protagonismo?

O Brasil se mantém como o principal mercado de M&A na América Latina, impulsionado por fatores estruturais e estratégicos:

  1. Atividade consistente de Private Equity (PE) e Venture Capital (VC) – Fundos institucionais seguem ativos, principalmente em tecnologia, saúde e serviços financeiros, aproveitando oportunidades de consolidação.
  2. Crescimento do Middle Market – Empresas de médio porte estão mais maduras e estruturadas para M&A, buscando aquisições para escalar negócios e expandir mercados.
  3. Expansão do Corporate Venture Capital (CVC) – Grandes empresas estão acelerando a inovação por meio de CVC, tornando essa estratégia um motor importante para M&A.
  4. Transformação digital e adoção tecnológica – O Brasil tem uma forte cultura de digitalização, impulsionando M&A em SaaS, fintechs e plataformas de eficiência operacional.
  5. Maturidade do buy-side – Empresas compradoras estão mais estruturadas, facilitando a execução e integração de transações.

Esses fatores fortalecem a posição do Brasil como hub de M&A na América Latina, atraindo investidores regionais e internacionais.

TTR Data: Quais setores além de tecnologia e finanças terão alta financiabilidade em 2025?

Em 2024, tecnologia e finanças lideraram o mercado de M&A no Brasil. O setor de tecnologia teve um aumento expressivo no volume de transações, impulsionado por softwares empresariais (ERP/TI), fintechs e inteligência artificial. No setor financeiro, as fintechs se consolidaram como protagonistas, atraindo investimentos e acelerando a digitalização dos serviços financeiros.

Para 2025, outros setores com alto potencial de M&A incluem:

  • Saúde e Healthtechs – O envelhecimento populacional e a adoção de tecnologia, como telemedicina e monitoramento remoto, impulsionam investimentos e fusões.
  • Energias Renováveis – A transição energética, impulsionada por políticas governamentais e compromissos ambientais, aumenta o interesse em projetos de energia solar, eólica e hidrogênio verde.
  • Agronegócio e Agrotechs – A busca por eficiência na cadeia produtiva estimula investimentos em automação e digitalização do setor.
  • Varejo e E-commerce – A digitalização do consumo e novas plataformas logísticas aumentam o interesse em M&A nesse setor.

A confiança dos investidores e a maior previsibilidade econômica devem aumentar o volume de M&A nesses setores estratégicos.

TTR Data: Como evoluirá o segmento de Private Equity e Venture Capital no Brasil nos próximos meses?

O mercado de Private Equity (PE) e Venture Capital (VC) no Brasil está retomando dinamismo, impulsionado pela queda dos juros e pelo aumento da participação de investidores estrangeiros.

Nos próximos meses, espera-se que os fundos de PE e VC adotem uma abordagem mais seletiva, focando em empresas com unit economics robustos e modelos de negócios resilientes. Os setores mais atrativos incluem tecnologia, saúde e agronegócio, devido à sua capacidade de inovação e adaptação às mudanças do mercado.

Além disso, os critérios Ambientais, Sociais e de Governança (ESG) se tornaram parte essencial das estratégias de investimento. Investidores estão priorizando empresas que combinam crescimento sustentável com práticas responsáveis e governança sólida.

Apesar dos desafios regulatórios, as perspectivas para PE e VC no Brasil são positivas, com oportunidades relevantes para investidores estratégicos e gestores de fundos que se ajustarem às novas dinâmicas do mercado.

TTR Data: Quais serão os principais desafios do mercado transacional brasileiro em 2025?

Em 2025, o mercado de M&A no Brasil exigirá adaptação a tendências tecnológicas e econômicas. Os principais desafios incluem:

  1. Digitalização e inovação – Empresas precisarão identificar oportunidades de M&A em IA, fintechs e healthtechs para capturar valor estratégico.
  2. Consolidação setorial e crescimento inorgânico – Oportunidades de fusões devem surgir para ganho de escala e eficiência operacional.
  3. Internacionalização das transações – O aumento do interesse de investidores estrangeiros exigirá maior preparo para transações cross-border e compliance regulatório.
  4. Gestão de riscos econômicos e regulatórios – A volatilidade econômica e a evolução das exigências do CADE, LGPD e ESG exigirão maior planejamento e mitigação de riscos.

Empresas bem preparadas para esses desafios seguirão como protagonistas no mercado de M&A, maximizando oportunidades em um ambiente dinâmico e competitivo.

Fixed Income: Relatório anual – 2024

Captação de Recursos no Brasil
Mercado de crédito privado movimenta R$ 590 bi em 2024

  • Valor total de captação referente ao ano de 2024 registra aumento de 62% em comparação ao ano anterior
  • Em debêntures, Setor de Power Transmission & Distribution lidera com BRL 50 bi em captação no último ano
  • Os certificados de recebíveis do agronegócio apresentam captação de BRL 38 bi no ano, queda de 18% em relação ao ano anterior.

O cenário de captação de recursos utilizando a emissão de debêntures, notas comerciais e operações de securitização (CRI, CRA, CR) foi objeto de análise do mais recente relatório anual do mercado de crédito privado brasileiro no TTR Data, que revelou emissão de 2002 séries com uma captação total de BRL 590 bi no ano de 2024.

Esses dados representam um aumento do valor total captado de 62% quando comparado ao mesmo período do ano anterior. 

Valor total emitido no mercado de crédito privado
(Debêntures, Notas comerciais CRI, CRA, CR) em 2024.
Fonte: TTR Data.

Em relação ao mercado de debêntures, foi registrada a emissão de 899 séries com uma captação total de BRL 461,1 Bi no período de janeiro a dezembro de 2024, aumento percentual de 92% quando comparado ao mesmo período do ano anterior, enquanto isso, a emissão de notas comerciais registra aumento de 61% em relação ao ano anterior, com R$ 43 bi emitidos em 214 séries. No mercado de securitização, foi registada a emissão de 893 séries de CRI/CRA/CR com uma captação total de BRL 85,4 bi, apresentando uma diminuição de 12% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Valor total emitido no mercado de crédito privado
(Debêntures, Notas Comerciais, CRI, CRA, CR) por trimestre.
Fonte: TTR Data.


Maior Captação do ano

No mercado de debêntures, a maior emissão do ano de 2024 foi a 4ª emissão, em série única, realizada em outubro pela Auren Energia, no valor de BRL 5,4 bi, com remuneração indexada ao DI. Segundo a empresa, os recursos captados com a oferta serão utilizados para aquisição das ações da AES Brasil Energia S.A. A operação contou com a assessoria jurídica dos escritórios Stocche Forbes Advogados. A Vórtx atuou como agente fiduciário e o Banco Bradesco Santander brasil como coordenador líder da operação.
A respeito do mercado de Notas Comerciais, maior emissão do ano de 2024 foi a 1ª emissão, em série única, realizada em julho pela Equatorial Energia, no valor de BRL 5,6 bi, com remuneração indexada ao DI. Segundo a empresa, os recursos captados com a oferta serão utilizados para o pagamento de parte do valor referente ao preço de aquisição, pela Emitente, de ações nominativas ordinárias representativas, de até 15% das ações de emissão da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP. A Oliveira Trust DTVM atuou como agente fiduciário e o Itaú BBA Assessoria Financeira atuou como coordenador líder da operação

No mercado de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), a maior operação do ano de 2024, foi a 124ª emissão, em cinco séries, realizada em janeiro pela Vert Capital, no valor de BRL 1,7 bi. A operação é concentrada em um único devedor, tendo como lastro créditos imobiliários devidos pela DASA e possui remunerações indexadas ao DI, IPCA e Pré-fixadas. A operação contou Pentágono DTVM como agente fiduciário e o BTG Pactual Investment Banking como coordenador líder.

Já no mercado de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), a maior operação do terceiro trimestre foi a 369 ª emissão, em quatro série, realizada em agosto pela Eco Securitizadora, no valor de BRL 2,0 Bi. A operação é concentrada e tem como lastro Direitos Creditórios do Agronegócio oriundos da 18ª emissão de Debêntures pela Marfrig, possuindo remuneração indexada ao DI, IPCA e Pré-fixada. A operação contou assessoria jurídica do escritório Cescon, Barrieu Flesch & Barreto Advogados e Lefosse, com a Vórtx DTVM atuando como agente fiduciário e a XP Investimentos como coordenador líder.

Ranking de assessores jurídicos, agentes fiduciários e coordenadores líderes

Disponibilizamos em nossa plataforma os rankings de assessoria jurídica, agentes fiduciários e coordenadores líderes referentes ao ano de 2024 em emissões públicas de Debêntures, Notas Comerciais, CRI e CRA, onde a atividade dos assessores é refletida pelo valor total e número de emissões / séries.

Debêntures

Quanto ao ranking de assessores jurídicos, por valor e em número de emissões, lidera o Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados, contabilizando um total de BRL 119,6 bi em 160 emissões. 

No ranking de Agentes Fiduciários, a Pentágono DTVM lidera em volume e número de emissões, contabilizando o valor de BRL 201,8 bi atuando em 256 emissões. Já a respeito do ranking de coordenadores líderes, o Banco Itaú BBA lidera em volume e também em número de emissões, contabilizando o valor de BRL 149,9 bi atuando em 202 emissões.

Notas Comerciais

Quanto ao ranking de assessores jurídicos, por valor lidera o Mattos Filho Advogados, contabilizando um total de BRL 11,3 bi. Já por número de emissões, o escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados lidera com 39 emissões.

No ranking de Agentes Fiduciários, a Oliveira Trust DTVM lidera em volume de emissões, contabilizando o valor de BRL 17,9 bi. Já em número de emissões, lidera a Vórtx com 79 emissões. A respeito do ranking de coordenadores líderes, o Banco Itaú BBA lidera em número de emissões e volume, atuando em 79 emissões e contabilizando o valor de BRL 21,8 bi.

CRI

Quanto ao ranking de assessores jurídicos, por valor lidera oescritório Lobo de Rizzo Advogados, contabilizando um total de BRL 7,0 bi. Por número de séries, lidera o Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados com 45 séries.

No ranking de Agentes Fiduciários, a Vórtx lidera em volume, contabilizando o valor de BRL 19,3 bi. Em número de séries, lidera o Oliveira Trust DTVM atuando em 332 séries, contabilizando o valor de BRL 14,2 bi. Já a respeito do ranking de coordenadores líderes, o Banco Itaú BBA lidera em volume, contabilizando o valor de BRL 6,5 bi, enquanto a Virgo Inc lidera em número de séries, atuando em 39 séries. 

CRA

Quanto ao ranking de assessores jurídicos, o escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados lidera em volume, contabilizando um total de BRL 8,5 bi. Já por número de séries, lidera o Mattos Filho com 35 séries assessoradas.

No ranking de Agentes Fiduciários, a Vórtx lidera em número de séries e volume, atuando em 118 series e contabilizando R$ 17,3 bi emitidos. Já a respeito do ranking de coordenadores líderes, a XP Investimentos lidera em número de séries e volume, atuando em 49 series e contabilizando R$ 13,06 bi emitidos.