Dealmaker Q&A

TTR Dealmaker Q&A com Ricardo Bahiana, sócio fundador da B2R Capital

B2R Capital

Ricardo Bahiana

  • Sócio fundador da B2R Capital
  • Há quase 15 anos desenvolvendo projetos de avaliação e empresas, precificação de ativos e assessoria em fusões e aquisições para diferentes indústrias;
  • Experiência nas áreas de estratégia e finanças de empresas como Vivo, Coca-Cola, Ágora e Big Four nas áreas de auditoria e corporate finance. 
  • Atuação em projetos de fusões e aquisições num valor total de R$ 1,5 bilhão em transações;
  • Professor convidado do MBA em Mercado de Capitais do IBMEC nas disciplinas de Valuation e Mercados Derivativos;
  • Profissional CNPI, certificado pela APIMEC;
  • Formado em Administração como foco em Finanças pela UFRJ e MBA Executivo pelo COPPEAD-UFRJ além de cursos de extensão em Finanças no COPPEAD-UFRJ e na University of San Diego.

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TTR: Quais são suas principais conclusões para o mercado de M&A até o terceiro trimestre de 2023? Quais são os fatores mais relevantes para a consolidação do mercado de M&A no Brasil no resto do ano e até 2024?

O ano de 2023 iniciou de forma mais cautelosa no Brasil e no Mundo. Por aqui, tínhamos uma mudança da equipe econômica e incertezas importantes com temas como arcabouço fiscal e metas de inflação. No mundo, guerra da Ucrânia, uma escalada da inflação, taxas de juros crescentes além do receio de uma recessão global.

Esse contexto interferiu diretamente nas atividades de fusões e aquisições com uma queda em relação ao ano anterior que foi ainda mais ainda mais expressivo no primeiro trimestre. A partir do segundo trimestre começamos a observar uma melhora importante. A perspectiva de queda de taxa de juros e uma melhora no cenário econômico ajudou também no mercado de fusões e aquisições. Se hoje os números estão levemente abaixo do ano passado, no início do ano o gap era muito maior.

Após esse período de juros globais nas mínimas históricas, aumento do apetite a risco e excesso de liquidez que levaram ao recorde da atividade de fusões e aquisições em 2021, observamos uma nova fase, com fundos sendo mais diligentes na seleção de empresas e nos aportes, optando por aquelas que além de crescimento, também entregam margens saudáveis e geração de caixa.

Essa melhora é observável também no mercado de bolsa, com retomada dos processos de follow-on e até mesmo com algumas conversas sobre IPO voltando para o radar.

A nossa visão para o último trimestre de 2023 é que esse filme melhore ainda mais. Observamos os fundos de PE e VC com dry powder em patamares bem elevados e com muitos M&As em curso.

Os FIPs por exemplo, apresentaram captação liquida de R$ 39 bilhões de janeiro a agosto de 2023 e podemos considerar essa captação como um indicador antecedente da atividade de fusões e aquisições com provável impacto positivo no 4º trimestre de 2023 e ao longo de 2024, com a alocação destes recursos.

TTR: Em quais setores os investidores internacionais podem encontrar as maiores oportunidades no Brasil? Por quê?

Setores como agronegócio, óleo e gás, energia e infraestrutura são vocações naturais para o Brasil e vamos continuar observando projetos importantes nessas áreas. Uma onde de privatizações, concessões e novos programas do governo vocacionados em infra podem ajudar nesse processo.

Outras verticais como tecnologia e serviços financeiros também lideram com frequência os rankings setoriais de fusões e aquisições e devem permanecer assim para os próximos trimestres. Em tecnologia, há muitos projetos transversais, transformando inúmeros setores nas modalidades “as a service” por exemplo. Internet das coisas, cibersegurança, inteligência artificial e machine learning são outras áreas transversais que estão transformando inúmeras outras indústrias e atraindo investidores.

Outro setor que vale a pena destacar é saúde. Apesar de um cenário mais desafiador que as Cias listadas em Bolsa estão enfrentando, há inúmeros segmentos e especializações com muito fôlego pra crescimento e consolidação. Dentre os setores que estamos mais construtivos estão oftalmologia, oncologia, odontologia, nefrologia e fisioterapia. Até mesmo para aqueles que já surfaram grandes movimentos de consolidação como hospitais e análises clínicas e diagnósticos continuam aquecidos, mas desta vez com novos consolidadores assumindo protagonismo.

TTR: Continuando com o segmento de Venture Capital vemos que, após o ‘boom’ de 2021, o surgimento de unicórnios está diminuindo e alguns estão desaparecendo. Como você avalia essa indústria no Brasil em 2023?

O segmento de Venture Capital passou por um período de ajuste importante. Em 2020 e 2021, o segmento foi muito impulsionado por uma transformação tecnológica quase que compulsória. Muitas empresas ou surgiram nesse contexto ou alavancaram os seus negócios durante a pandemia. A forte redução da taxa de juros e o excesso de liquidez pressionaram as teses de “Value” e impulsionaram as teses de “Growth” e a expansão de múltiplos observado em Bolsa serviram de lastro para esse movimento.

A captação dos fundos de VC foi recorde o que gerou naturalmente em investimentos recordes também. Quando o cenário econômico voltou a ficar pressionado com a escalada da inflação e a alta contundente das taxas de juros, a captação foi muito prejudicada e os fundos que ainda estavam capitalizados e com o mandato de alocação de recursos precisaram ser mais cautelosos, deixando as promessas de unicórnios e passando a buscar as chamadas empresas camelo, ou seja, aquelas que são mais resilientes e capazes de viver com poucos recursos em ambientes mais escassos.

Essa mudança de consciência foi importante para mudar inclusive as métricas de performance dentro das próprias empresas. Os múltiplos de EBITDA por exemplo ganharam espaço e começamos a observar alguns processos de downsizing (ou resizing) além de uma onda de layoffs mais no início do ano. 

Ao longo de 2023, observamos uma modalidade de VC se consolidando e ajudando no processo de retomada da indústria: os fundos de Corporate Venture Capital. A colaboração entre empresas consolidadas e startups ganhou muita força neste ano com um boom de empresas aderindo esta estratégia.

 O CVC é basicamente um formato na qual empresas montam times dedicados para analisar oportunidades de investimentos em startups que dialogam com o seu ecossistema e que agregam oferecendo soluções inovadoras ou acesso a novos mercados, podendo atrair novos clientes e mudar a perspectiva de própria empresa.

Este time dedicado, muitas vezes formado por gestoras independentes, oferecem experiência e dinamismo no processo de análise e tomada de decisão. Acreditamos nessa modalidade como um novo vetor de crescimento para a indústria de venture capital com o aumento dos valores aportados e a adesão de novas empresas. E tendo uma visão ainda mais otimista, podemos esperar uma rentabilidade média maior que a histórica uma vez que esse ambiente favorece a tração das estratégias e a escalabilidade destas startups.

TTR:  Qual o papel da B2R na situação atual do mercado transacional?

O mercado de M&A possui estratos com características, necessidades e soluções bem distintas. Grandes processos por exemplo demandam em muitos casos a necessidade de funding ou estruturas financeiras mais complexas que só um banco de investimento consegue oferecer. Por esta razão, optamos por atuar como uma boutique, com atuação focada no middle market, oferecendo profissionais experientes em dedicação quase que exclusiva permitindo acesso ilimitado ao time. 

Como também temos uma atuação relevante no desenvolvimento de laudos de fair market value para a indústria de fundos e consolidadores estratégicos, temos uma ampla rede de relacionamentos que nos permite mapear potenciais investidores e direcionar os mandatos para aqueles que entendemos que consigam capturar maior sinergia.    

TTR: Quais serão os principais desafios para a B2R no Brasil nos próximos meses?

O negócio de assessoria em transações e avaliação de empresas é feito fundamentalmente de gente e entendemos que esse é naturalmente nosso maior desafio. Esse tema sempre vai estar presente e olhamos com atenção para nossa capacidade de atrair, desenvolver e reter esses talentos. 

Os processos de avaliação de empresas e assessoria em transações além de multisetorial, também são multidisciplinares. É preciso estudar e aprender sobre diferentes indústrias além de saber navegar em aspectos operacionais, regulatórios, financeiros, contábeis e legais dos negócios avaliados e como eles impactam a percepção de risco e de valor do negócio.

Por um lado, o desenvolvimento e o crescimento da indústria de fundos nos ajudam na vertical de assessoria em fusões e aquisições, aumentando a chance de conectar vendedores com compradores. Por outro lado, nossa vertical de avaliação de empresas que atua na indústria de FIPs para atendimento da ICVM 579 por exemplo, fica ainda mais demandada.

Considerando a exposição regulatória que temos e as frequentes interações com as gestoras, administradoras e as auditorias dos fundos, sempre reavaliamos nossos processos para entregar um fluxo confiável e diligente para a indústria.

Relatório mensal sobre o mercado transacional brasileiro – Agosto 2023

Fusões e Aquisições movimentam BRL 145,5bi em 2023

  • Setor de Internet, Software & IT Services é o mais ativo do ano, com 254 transações
  • Estados Unidos é o país que mais investiu no Brasil, com 108 aquisições
  • Volume de transações registra diminuição de 27% no período

O mercado transacional brasileiro registrou um total de 1282 transações e movimentou BRL 145,5bi entre janeiro e agosto de 2023, de acordo com o relatório mensal do TTR Data em parceria com o TozziniFreire Advogados.

Esses números representam uma diminuição de 27% no número de transações em relação ao mesmo período de 2022. Do total das transações, 42% possuem os valores revelados e 85% das operações já estão concluídas.

Em agosto, 151 fusões e aquisições foram registradas, entre anunciadas e concluídas, e um valor total de BRL 16,8bi.

Operações do mercado transacional de agosto de 2022 a agosto de 2023
Fonte: TTR Data

O setor de Internet, Software & IT Services foi o mais ativo no período, com um total de 254 transações, representando uma diminuição de 27% em relação ao mesmo período de 2022. Em segundo lugar está o setor de Business & Professional Support Services, com 197 transações.  

Âmbito Cross-Border

Até agosto de 2023, as empresas brasileiras escolheram os Estados Unidos como seu principal destino de investimento, com 19 transações e um total de BRL 1,8bi, seguido pelo Reino Unido com sete operações.

Os Estados Unidos e o Reino Unido, com 108 e 35 transações, respectivamente, são os países que mais investiram no Brasil.  

As empresas norte-americanas que adquirem empresas brasileiras registraram uma queda de 35% em comparação com o mesmo período do ano passado. Já as aquisições estrangeiras nos setores de Tecnologia e Internet diminuiram em 25%.

Em relação aos fundos estrangeiros de Private Equity e Venture Capital que investem em empresas brasileiras, houve uma diminuição de 4% até agosto.

Private Equity e Venture Capital 

Em Private Equity, foram contabilizadas 57 transações e um total de BRL 17,6bi no período, registrando uma queda de 21% no número de operações, em comparação com o mesmo período de 2022. No entanto, registrou um aumento de 28% no capital mobilizado.

No âmbito do Venture Capital, foram realizadas 378 rodadas de investimento, movimentando um capital de BRL 12,2bi, o que resulta uma queda de 41% no número de transações.

Transação do mês

A transação destacada pelo TTR Data em agosto de 2023, foi a conclusão da venda da Aesop pela Natura para a L’Oréal. O valor da transação é de USD 2,5bi.

A operação contou com a assessoria jurídica em lei brasileira dos escritórios Lefosse; Mattos Filho; Pinheiro Neto Advogados; Trench, Rossi e Watanabe Advogados. Do lado financeiro, a transação foi assessorada pelo Bank of America.

Entrevista com Olimpia Partners

Thomas Monteiro, sócio da Olimpia Partners, conversou com o TTR Data para esta edição, e analisou setores os investidores internacionais podem encontrar maiores oportunidades no Brasil: “Em nossa visão, os setores de agronegócio e energia têm despertado interesse de players estratégicos e investidores financeiros, impulsionando transações relevantes de M&A. O Brasil está posicionado de forma única para se beneficiar das transações de M&A nos setores de agronegócio e energia devido aos seus abundantes recursos naturais, clima favorável e tamanho substancial de mercado. A vasta produção agrícola do país e sua exportação global de commodities contribuem para sua proeminência no agronegócio. Além disso, o potencial de energia renovável do Brasil, que abrange hidrelétricas, energia eólica, solar e bioenergia, está alinhado com a crescente demanda por soluções de energia limpa.”

Para ler a entrevista completa, clique aqui.

Ranking de assessores financeiros e jurídicos

O relatório publica os rankings de assessoria financeira e jurídica até agosto de 2023 em M&A, Private Equity, Venture Capital e Mercados de Capitais, onde a atividade dos assessores é refletida pelo número de transações e pelo valor total. 

Quanto ao ranking de assessores financeiros, por número de transações lidera em 2023 o BTG Pactual, com 41 operações. Em valor, lidera o Bank of America, contabilizando um total de BRL 33,8bi.

No que se refere ao ranking de assessores jurídicos, por número de transações e em valor, em 2023 lidera o escritório Mattos Filho, com 56 operações e contabilizando um total de BRL 33,7bi.

Relatório mensal sobre o mercado transacional brasileiro – Julho 2023

Fusões e Aquisições movimentam BRL 125,7bi até julho de 2023

  • Setor de Internet, Software & IT Services é o mais ativo do ano, com 223 transações
  • Estados Unidos é o país que mais investiu no Brasil, com 89 aquisições
  • Volume de transações registra diminuição de 29% no período
  • Fundos estrangeiros de Private Equity e Venture Capital registram crescimento de investimentos realizados no Brasil em 4%

O mercado transacional brasileiro registrou um total de 1075 transações e movimentou BRL 125,7bi entre janeiro e julho de 2023, de acordo com o relatório mensal do TTR Data em colaboração com o TozziniFreire Advogados.

Esses números representam uma diminuição de 29% no número de transações em relação ao mesmo período de 2022. Do total das transações, 43% possuem os valores revelados e 87% das operações já estão concluídas.

Em julho, 128 fusões e aquisições foram registradas, entre anunciadas e concluídas, e um valor total de BRL 21,1bi.

Operações do mercado transacional de julho de 2022 a julho de 2023
Fonte: TTR Data

O setor de Internet, Software & IT Services foi o mais ativo no período, com um total de 223 transações, representando uma diminuição de 26% em relação ao mesmo período de 2022. Em segundo lugar está o setor de Business & Professional Support Services, com 167 transações.  

Âmbito Cross-Border

Em julho de 2023, as empresas brasileiras escolheram os Estados Unidos como seu principal destino de investimento, com 18 transações e um total de BRL 1,5bi, seguido pelo Reino Unido com sete operações.

Os Estados Unidos e o Reino Unido, com 89 e 29 transações, respectivamente, são os países que mais investiram no Brasil.  

As empresas norte-americanas que adquirem empresas brasileiras registraram uma queda de 38% em comparação com o mesmo período do ano passado. Já as aquisições estrangeiras nos setores de Tecnologia e Internet diminuiram em 28%.

Em relação aos fundos estrangeiros de Private Equity e Venture Capital que investem em empresas brasileiras, houve um crescimento de 4% até julho.

Private Equity, Venture Capital e Asset Acquisitions

Em Private Equity, foram contabilizadas 51 transações e um total de BRL 15,4bi no período, registrando uma queda de 17% no número de operações, em comparação com o mesmo período de 2022. No entanto, em capital mobilizado registrou um crescimento de 17%.

No âmbito do  Venture Capital, foram realizadas 315 rodadas de investimento, movimentando um capital de BRL 6,1bi, o que resulta uma queda de 44% no número de transações.

No segmento de Asset Acquisitions, foram registradas 143 transações e um total de BRL 11,9bi até julho, representando um crescimento de 5% no número de operações, em relação ao mesmo período do ano passado.

Transação do mês

A transação destacada pelo TTR Data em julho de 2023, foi a conclusão da aquisição da Corsan pela Aegea, Kinea Investimentos e Perfin Investimentos e Gestão. O valor da transação é de BRL 4,1bi.

A operação contou com a assessoria jurídica em lei brasileira dos escritórios Tauil & Chequer Advogados Associado a Mayer Brown; Souto, Correa, Cesa, Lummertz & Amaral Advogados; Lefosse; CGM. Do lado financeiro, a transação foi assessorada pelo Banco Bradesco BBI; BTG Pactual; Banco Itaú BBA; Olimpia Partners; Genial Investimentos; Bank of America; Grant Thornton Auditores Independentes.

Ranking de assessores financeiros e jurídicos

O relatório publica os rankings de assessoria financeira e jurídica até julho de 2023 em M&A, Private Equity, Venture Capital e Mercados de Capitais, onde a atividade dos assessores é refletida pelo número de transações e pelo valor total. 

Quanto ao ranking de assessores financeiros, por número de transações lidera em 2023 o BTG Pactual, com 35 operações. Em valor, lidera o Bank of America, contabilizando um total de BRL 33,8bi.

No que se refere ao ranking de assessores jurídicos, por número de transações e em valor em 2023 lidera o escritório Mattos Filho, com 44 operações e contabilizando um total de BRL 28,2bi.

Dealmaker Q&A

Content available in English and Portuguese (scroll down)

TTR Dealmaker Q&A with Olimpia Partners Partner Thomas Monteiro

Olimpia Partners

Thomas Monteiro

Thomas is a partner at Olimpia Partners and has over 19 years of experience in mergers and acquisitions (M&A). Thomas began his career in the mergers and acquisitions team of Banco Espírito Santo, and subsequently joined the investment banking division of Banco Merrill Lynch in Brazil.


TTR: What are your main conclusions for the M&A market in 1H23? What are the most relevant drivers for consolidating the M&A market in Brazil in the rest of the year?

During the first half of 2023, the M&A market presented a challenging landscape, marked by a decline in the number of transactions (both in volume and value) compared to the previous year. This outcome can be attributed to a series of factors, including the deterioration of the capital market, both domestically and internationally, largely driven by high-interest rates, uncertainties surrounding the current government’s new political agenda, combined with a local credit crisis triggered by the Lojas Americanas phenomenon.

We anticipate a significant improvement in the M&A market during the second semester of this year. The market is already factoring in a reduction in local interest rates and an improved visibility concerning the new government’s public policies, which is mitigating current volatility, and an overall enhancement in the private credit market. These favorable factors lead us to confidently envision a more promising outlook for the M&A sector in the months ahead.

TTR: Olimpia Partners has been one of the leading M&A advisors in the technology sector in in Brazil. What are the prospects for this segment in the medium and long term?

Olimpia Partners strategically invested in the technology segment and established a dedicated coverage team a few years ago, based on the growth potential of the Brazilian technology market and its ecosystem. We believe that Brazil will increasingly attract the interest of significant strategic players and financial investors, resulting in a substantial increase in M&A transactions. We maintain the conviction that the technology sector continues to present promising opportunities, even in the current context where investors demonstrate increased caution and seek high-quality assets.

TTR: In which other sectors might international investors find opportunities in Brazil? Why?

In our view, the agribusiness and energy sectors have attracted interest from strategic players and financial investors, driving relevant M&A transactions. Brazil is uniquely positioned to benefit from M&A transactions in the agribusiness and energy sectors due to its abundant natural resources, favorable climate, and substantial market size. The country’s vast agricultural production and global export of commodities contribute to its prominence in agribusiness. Additionally, Brazil’s renewable energy potential, encompassing hydropower, wind, solar, and bioenergy, aligns with the growing demand for clean energy solutions.

TTR: Continuing with the Venture Capital segment, we see that, after the boom of 2021, the emergence of unicorns is slowing down, and some are disappearing. What is your evaluation for this industry in Brazil in 2023?

The slowdown in the emergence of unicorns is part of a global trend of declining VC funding. This trend is particularly stronger for later-stage startups as investors are becoming increasingly cautious and marking down valuations of unprofitable investments. However, it is important to keep this trend in perspective. Despite the decrease in the number of unicorns, Brazil continues to hold a strong position in the global startup market holding the 10th position in the ranking of countries with the highest number of unicorns. I believe that Brazil has a strong innovation culture and a robust startup ecosystem which is showing signs of inflection and a possible recovery coming. We anticipate the industry to remain strong and continue to yield high-value startups in the coming years.

TTR: What will be Olimpia Partners’ main challenges in Brazil in the upcoming months?

Despite a challenging M&A market in the 1st semester, Olimpia Partners successfully completed significant transactions in Brazil, such as the acquisition of Corsan by Aegea, the entry of 23S Capital into Ademicon, and the acquisition of Yes by Olmix Group, among others. Our short-term challenge remains executing ongoing projects with excellence, attracting interest from both local and international strategic and financial investors, regardless of market conditions fluctuations.


Portuguese version


Olimpia Partners

Thomas Monteiro

Thomas é sócio da Olimpia Partners e acumula mais de 19 anos de experiência em fusões e aquisições (M&A). Sua trajetória teve início na equipe de fusões e aquisições do Banco Espírito Santo e, posteriormente, trabalhou na área de banco de investimento do Banco Merrill Lynch no Brasil.


TTR: Quais são suas principais conclusões para o mercado de M&A no primeiro semestre de 2023? Quais são os fatores mais relevantes para a consolidação do mercado de M&A no Brasil no resto do ano?

O mercado de fusões e aquisições no primeiro semestre de 2023 apresentou um cenário desafiador, caracterizado por um número reduzido de operações e um volume financeiro menor em relação às atividades de M&A. Tal resultado pode ser atribuído a uma série de fatores, como a deterioração do mercado de capitais, tanto no Brasil quanto no exterior, resultante do elevado patamar de juros, incertezas em relação à nova agenda política do governo atual e, por último, uma crise de crédito no Brasil, devido ao fenômeno Americanas

Nossa expectativa é que o mercado experimente uma significativa melhora durante o segundo semestre. Atualmente, já se observa uma precificação da queda nos juros e uma maior visibilidade em relação às políticas públicas do novo governo, o que tem gerado menor volatilidade, e uma melhora no mercado de crédito privado. Essas perspectivas positivas nos levam a acreditar em um cenário mais promissor para o setor de fusões e aquisições nos próximos meses

TTR: Olimpia Partners é um dos principais assessores em fusões e aquisições no setor de tecnologia no Brasil. Quais são as perspectivas desse segmento no médio e longo prazo?

A Olimpia Partners investiu estrategicamente no segmento de tecnologia e estabeleceu uma área de atuação dedicada a esse setor há alguns anos, embasada no potencial de crescimento do mercado brasileiro de tecnologia e em seu ecossistema. Acreditamos que o Brasil, cada vez mais, despertará o interesse de importantes players estratégicos e investidores financeiros, resultando em um aumento significativo das transações de M&A. Mantemos a convicção de que o setor de tecnologia continua a apresentar oportunidades promissoras, mesmo em um contexto atual em que os investidores demonstram maior cautela e buscam ativos de elevada qualidade.

TTR: Em quais ouros setores os investidores internacionais podem encontrar maiores oportunidades no Brasil? Por quê?

Em nossa visão, os setores de agronegócio e energia têm despertado interesse de players estratégicos e investidores financeiros, impulsionando transações relevantes de M&A. O Brasil está posicionado de forma única para se beneficiar das transações de M&A nos setores de agronegócio e energia devido aos seus abundantes recursos naturais, clima favorável e tamanho substancial de mercado. A vasta produção agrícola do país e sua exportação global de commodities contribuem para sua proeminência no agronegócio. Além disso, o potencial de energia renovável do Brasil, que abrange hidrelétricas, energia eólica, solar e bioenergia, está alinhado com a crescente demanda por soluções de energia limpa.

TTR: Continuando com o segmento de Venture Capital vemos que, após o ‘boom’ de 2021, o surgimento de unicórnios está diminuindo e alguns estão desaparecendo. Como você avalia essa indústria no Brasil em 2023?

A desaceleração no surgimento de novos unicórnios é parte de uma tendência global de queda no funding de capital de risco (VC). Essa tendência é particularmente mais forte para startups em estágios mais avançados, à medida que os investidores se tornam cada vez mais cautelosos e reduzem a marcação a mercado de investimentos não lucrativos. No entanto, ter em perspectiva a tendência de longo prazo. Apesar da recente diminuição no número de unicórnios, o Brasil continua a ocupar uma posição forte no mercado global de startups, mantendo a 10ª posição no ranking dos países com o maior número de unicórnios. Acredito que o Brasil possui uma forte cultura de inovação e um robusto ecossistema de startups, que está mostrando sinais de inflexão e uma possível recuperação no médio prazo. Acreditamos que a indústria permanecerá forte e continuará a produzir startups de alto valor nos próximos anos.

TTR: Quais serão os principais desafios para a Olimpia Partners no Brasil nos próximos meses?

Apesar de um mercado de M&A desafiador no 1º semestre, a Olimpia Partners concluiu transações relevantes no Brasil, como a aquisição da Corsan pela Aegea, entrada da 23S Capital na Ademicon, aquisição da Yes pela Olmix Group, entre outras. O nosso desafio para o curto prazo permanece a execução dos projetos em andamento com excelência, atraindo o interesse de investidores estratégicos e financeiros, tanto locais como internacionais, independentemente das oscilações das condições de mercado.

Relatório trimestral sobre o mercado transacional brasileiro – 2T 2023

Fusões e Aquisições movimenta BRL 91,4bi  no primeiro semestre de 2023

  • No primeiro semestre  foram registradas 868 transações 
  • Setor de Internet, Software & IT Services é o mais ativo do ano, com 186 transações
  • Volume de operações registra diminuição de 33% em relação a 2022

O mercado transacional brasileiro registrou um total de 868 transações e movimentou BRL 91,4bi no segundo trimestre de 2023, de acordo com o mais recente relatório do TTR Data.

Esses números representam uma diminuição de 33% no número de transações em relação ao mesmo período de 2022. Do total das transações, 43% possuem os valores revelados e 89% das operações já estão concluídas.

No segundo trimestre de 2023, 416 fusões e aquisições foram registradas, entre anunciadas e concluídas, e um valor total de BRL 56,6bi.

Operações do mercado transacional de 2Q2021 até 2Q2023
Fonte: TTR Data.

O setor de Internet, Software & IT Services foi o mais ativo no período, com um total de 186 transações, representando uma diminuição de 26% em relação ao mesmo período de 2022. Em segundo lugar está o setor de Business & Professional Support Services, com 140 operações e em terceiro, Industry-Specific Software com 118.

Âmbito Cross-Border

No primeiro semestre , as empresas brasileiras escolheram os Estados Unidos como seu principal destino de investimento, com 15 transações e um total de BRL 1,2bi, seguido pelo Chile com seis operações.

Os Estados Unidos e o Reino Unido, com 72 e 26 transações, respectivamente, são os países que mais investiram no Brasil.  

As empresas norte-americanas que adquirem empresas brasileiras registraram uma queda de 45% em comparação com o mesmo período do ano passado. Já as aquisições estrangeiras nos setores de Tecnologia e Internet diminuiram em 36%.

Em relação aos fundos estrangeiros de Private Equity e Venture Capital que investem em empresas brasileiras, houve uma diminuição de 5% até junho.

Private Equity, Venture Capital e Asset Acquisitions

Em Private Equity, foram contabilizadas 45 transações e um total de BRL 12,6bi no período, registrando uma queda de 15% no número de operações, em comparação com o mesmo período de 2022. No entanto, o valor mobilizado registrou um crescimento de 3%.

No âmbito do  Venture Capital, foram realizadas 250 rodadas de investimento, movimentando um capital de BRL 4,8bi, o que resulta uma queda de 49% no número de transações.

No segmento de Asset Acquisitions, foram registradas 106 transações e um total de BRL 9,6bi até o segundo trimestre, representando uma diminuição de 7% no número de operações, em relação ao mesmo período do ano passado.

Transação do trimestre

A transação destacada pelo TTR Data no segundo trimeste de 2023, foi a conclusão da aquisição da MMC Brasil pela Suzano. O valor da transação é de USD 175,00m.

A operação contou com a assessoria jurídica em lei brasileira dos escritórios Mattos Filho; e Pinheiro Neto Advogados.

Ranking de assessores financeiros e jurídicos

O relatório publica os rankings de assessoria financeira e jurídica até o segundo trimestre de 2023 em M&A, Private Equity, Venture Capital e Mercados de Capitais, onde a atividade dos assessores é refletida pelo número de transações e pelo valor total. 

Quanto ao ranking de assessores financeiros, por número de transações lidera em 2023 o BTG Pactual, com 27 operações. Em valor, lidera o Bank of America contabilizando um total de BRL 17,8bi.

No que se refere ao ranking de assessores jurídicos, por número de transações em 2023 lidera o escritório Bronstein Zilberberg Chueiri & Potenza Advogados, com 37 operações. Em valor, lidera o Mattos Filho contabilizando um total de BRL 26,4bi.