Relatório mensal sobre o mercado transacional brasileiro – Novembro 2023

Fusões e Aquisições movimentam BRL 191,8bi de Janeiro a Novembro de 2023

  • Setor de Internet, Software & IT Services é o mais ativo do ano, com 343 transações
  • Estados Unidos é o país que mais investiu no Brasil, com 148 aquisições
  • Volume de transações registra diminuição de 22% no período

O cenário transacional brasileiro foi objeto de análise no relatório mensal do TTR Data, que revelou 1790 transações movimentando um total de BRL 191,8bi de janeiro a novembro de 2023.

Esses números representam uma diminuição de 22% no número de transações em relação ao mesmo período de 2022. Do total das transações, 42% possuem os valores revelados e 82% das operações já estão concluídas.

Em novembro, 128 fusões e aquisições foram registradas, entre anunciadas e concluídas, e um valor total de BRL 9,7bi.


Operações do mercado transacional de Novembro de 2022 a Novembro de 2023
Fonte: TTR Data

O setor de Internet, Software & IT Services é o mais ativo com 343 transações, apesar de uma diminuição de 23% em relação a 2022, seguido pelo setor de Business & Professional Support Services, com 294 transações.

Âmbito Cross-Border

Empresas brasileiras voltaram-se principalmente para os Estados Unidos, realizando 31 transações no valor de BRL 5,2 bi até novembro de 2023, seguidas pelo Chile com nove operações. 

Por outro lado, os Estados Unidos e o Reino Unido lideraram os investimentos no Brasil, com 148 e 46 transações, respectivamente. 

Empresas norte-americanas que adquirem negócios brasileiros registraram uma queda de 32%, enquanto as aquisições estrangeiras nos setores de Tecnologia e Internet diminuíram em 20%.

Em relação aos fundos estrangeiros de Private Equity e Venture Capital que investem em empresas brasileiras, houve um crescimento de 5% até novembro.

Private Equity, Venture Capital e Asset Acquisitions

No segmento de Private Equity, houve 88 transações totalizando BRL 30,8bi, com uma queda de 11% no número de operações, porém registrou um aumento de 48% no capital mobilizado. 

Em Venture Capital, 512 rodadas de investimento movimentaram BRL 16,4bi, representando uma redução de 40% no número de transações.

O segmento de Asset Acquisitions registrou 247 transações e BRL 28,3bi até novembro, refletindo um crescimento de 24% nas operações em comparação ao mesmo período do ano passado.

Transação do mês

A transação destacada pelo TTR Data em novembro de 2023, foi a conclusão da venda pela Jarm Participações de 8,05% na Yamaha Motor da Amazônia para a Yamaha Motor do Brasil. O valor da transação é de BRL 180m.

A operação contou com a assessoria jurídica em lei brasileira dos escritórios Demarest Advogados e Lefosse.

Entrevista com Lefosse

Laura Affonso, sócia da prática de Societário e M&A do Lefosse, conversou com o TTR Data para esta edição, e analisou as expectativas, riscos e oportunidades relacionadas ao mercado brasileiro de M&A em 2024: “A expectativa é de que uma continuidade na queda da taxa de juros, mesmo que de forma modesta, e mais clareza sobre as posições do governo atual, reduzirão a percepção de risco e possibilitarão o retorno de M&As com caráter mais estratégico no próximo ano. Dessa forma, os valores envolvidos serão maiores e teremos a ampliação da participação de investidores estrangeiros.
Devemos continuar vendo operações relevantes de saídas de fundos de private equity, as quais, até a abertura de uma nova janela de ofertas públicas, ainda ocorrerão por meio de transações privadas.
O mercado de M&A é bastante correlacionado a fatores macroeconômicos, então, o desenrolar das guerras em curso e indicadores econômicos negativos nas maiores economias do mundo podem influenciar negativamente, mas, ao mesmo tempo, oportunidades de consolidação ou de expansão em novos setores surgirão no mercado brasileiro. A expectativa é de que 2024 seja significativamente melhor em termos de volume e tipos de transações.”

Para ler a entrevista completa, clique aqui.

Ranking de assessores financeiros e jurídicos

O relatório publica os rankings de assessoria financeira e jurídica até novembro de 2023 em M&A, Private Equity, Venture Capital e Mercados de Capitais, onde a atividade dos assessores é refletida pelo número de transações e pelo valor total. 

Quanto ao ranking de assessores financeiros, por número de transações e em valor lidera em 2023 o BTG Pactual, com 57 operações e contabilizando um total de BRL 34,7bi.

No que se refere ao ranking de assessores jurídicos, por número de transações e em valor, em 2023 lidera o escritório Mattos Filho, com 72 operações e contabilizando um total de BRL 40,8bi.

Dealmaker Q&A

TTR Dealmaker Q&A com a Laura Affonso, Sócia do Lefosse

Lefosse

Laura Affonso

Laura é sócia da prática de Societário e M&A do Lefosse.
Possui sólida experiência em direito societário com foco em fusões & aquisições, joint ventures, mercado de capitais, investimentos de private equity, venture capital e reorganizações societárias. Antes de integrar a equipe do Lefosse, foi responsável pelas áreas de fusões e aquisições, mercado de capitais e societário da JBS. Foi ainda general counsel da UHG Brasil.
Graduou-se em Direito pela USP (Universidade de São Paulo) e possui LL.M. pela New York University School of Law. Laura trabalhou no escritório Greenberg Traurig LLP em Nova Iorque.


TTR: Quais são suas principais conclusões para o mercado de fusões e aquisições em 2023?

2023 foi um ano desafiador para o mercado como um todo por conta de fatores macroeconômicos mundiais, como alta de inflação e de taxas de juros de forma geral, mas também fatores locais, como a crise de crédito, que impactou mais fortemente o setor de consumo, e incertezas políticas.

Esse contexto atrapalhou tanto decisões estratégicas como movimentos de defesa, reduzindo transações de fusões e aquisições, em especial no primeiro semestre. Nesse momento, as transações tiveram de forma geral estruturas mais criativas, com reestruturações e busca por desalavancagem.

Já no segundo semestre, com a perspectiva de aprovação da reforma fiscal e início de redução de taxas de juros, o cenário ficou mais otimista.

TTR: Quais as expectativas, riscos e oportunidades relacionadas ao mercado brasileiro de M&A em 2024?

A expectativa é de que uma continuidade na queda da taxa de juros, mesmo que de forma modesta, e mais clareza sobre as posições do governo atual, reduzirão a percepção de risco e possibilitarão o retorno de M&As com caráter mais estratégico no próximo ano. Dessa forma, os valores envolvidos serão maiores e teremos a ampliação da participação de investidores estrangeiros.

Devemos continuar vendo operações relevantes de saídas de fundos de private equity, as quais, até a abertura de uma nova janela de ofertas públicas, ainda ocorrerão por meio de transações privadas.

O mercado de M&A é bastante correlacionado a fatores macroeconômicos, então, o desenrolar das guerras em curso e indicadores econômicos negativos nas maiores economias do mundo podem influenciar negativamente, mas, ao mesmo tempo, oportunidades de consolidação ou de expansão em novos setores surgirão no mercado brasileiro. A expectativa é de que 2024 seja significativamente melhor em termos de volume e tipos de transações.

TTR: Em quais setores os investidores internacionais podem encontrar as maiores oportunidades no Brasil para o próximo ano? Por quê?

Os setores com maiores oportunidades para investidores internacionais no Brasil em 2024 devem incluir tecnologia, mineração e infraestrutura.

Além disso, teses relacionadas a transição energética, energia renovável e saneamento devem seguir bastante aquecidas, pois tais setores hoje contam com relativa estabilidade regulatória e boas oportunidades de investimento.

Alguns setores mais resilientes, como área de saúde, educação e alimentos e bebidas devem se beneficiar da redução da inflação e das taxas de juros, com mais disponibilidade de poupança para as famílias.

Um contexto menos incerto localmente também deverá permitir a abertura de uma nova janela de mercado de capitais e, com isso, a capitalização de empresas listadas em bolsa. Com isso, poderemos ter, ainda, um aumento em aquisições estratégicas por tais players.

TTR: Acompanhando o segmento de Venture Capital, vemos que o surgimento de unicórnios está diminuindo e alguns estão desaparecendo. Como evolui essa indústria no Brasil em 2023 e quais as perspectivas para 2024?

Em 2023, a indústria de Venture Capital no Brasil teve uma redução significativa de investimento. O custo do capital ficou maior, e os investidores ficaram mais seletivos em suas alocações, buscando teses de investimento mais robustas.

Por conta do desaquecimento do mercado, as transações tiveram que ser estruturadas de maneira diferente, com maior componente de dívida, por exemplo.

No entanto, após a correção de preços dos últimos anos, especialmente em relação ao setor de startups de tecnologia, há expectativa de crescimento significativo de transações para o próximo ano, porque o país segue tendo grande potencial de crescimento do mercado consumidor e do ecossistema empreendedor como um todo.

TTR: Quais serão os principais desafios para o Lefosse no Brasil nos próximos meses?

Nosso escritório tem sido bastante bem-sucedido, com um planejamento estratégico ao longo dos últimos anos para atender às demandas do mercado, seja em momentos de economia pungente ou em momentos mais desafiadores.

Vamos continuar fomentando a nossa cultura, no sentido de sermos parceiros estratégicos de nossos clientes, por meio de relacionamentos próximos e duradouros.

Com isso, queremos consolidar nosso lugar de liderança no mercado jurídico brasileiro.

Relatório mensal sobre o mercado transacional brasileiro – Outubro 2023

Fusões e Aquisições movimentam BRL 178,0bi de Janeiro a Outubro de 2023

  • Setor de Internet, Software & IT Services é o mais ativo do ano, com 308 transações
  • Estados Unidos é o país que mais investiu no Brasil, com 137 aquisições
  • Volume de transações registra diminuição de 24% no período

O cenário transacional brasileiro foi objeto de análise no relatório mensal do TTR Data, que revelou 1617 transações movimentando um total de BRL 178bi de janeiro a outubro de 2023.

Esses números representam uma diminuição de 24% no número de transações em relação ao mesmo período de 2022. Do total das transações, 43% possuem os valores revelados e 85% das operações já estão concluídas.

Em outubro, 145 fusões e aquisições foram registradas, entre anunciadas e concluídas, e um valor total de BRL 19,8bi.

Operações do mercado transacional de outubro de 2022 a outubro de 2023
Fonte: TTR Data

O setor de Internet, Software & IT Services é o mais ativo com 308 transações, apesar de uma diminuição de 26% em relação a 2022, seguido pelo setor de Business & Professional Support Services, com 254 transações.

Âmbito Cross-Border

Empresas brasileiras voltaram-se principalmente para os Estados Unidos, realizando 28 transações no valor de BRL 4,7 bilhões até outubro de 2023, seguidas pelo Reino Unido com nove operações.

Por outro lado, os Estados Unidos e o Reino Unido lideraram os investimentos no Brasil, com 137 e 43 transações, respectivamente.

Empresas norte-americanas que adquirem negócios brasileiros registraram uma queda de 33%, enquanto as aquisições estrangeiras nos setores de Tecnologia e Internet diminuíram em 20%.

Private Equity, Venture Capital e Asset Acquisitions

No campo do Private Equity, houve 77 transações totalizando BRL 22,8bi, com uma queda de 15% no número de operações, mas um aumento de 41% no capital mobilizado.

Em Venture Capital, 463 rodadas de investimento movimentaram BRL 15,8bi, representando uma redução de 42% no número de transações.

O segmento de Asset Acquisitions registrou 233 transações e BRL 26,3bi até outubro, refletindo um crescimento de 26% nas operações em comparação ao mesmo período do ano passado.

Transação do mês

A transação destacada pelo TTR Data em outubro de 2023, foi a conclusão da aquisição de 51% da Bluefit pela MC Brazil Fitness Holding, subsidiária da Mubadala. O valor da transação é de BRL 464,10m.

A operação contou com a assessoria jurídica em lei brasileira dos escritórios Barbosa Müssnich Aragão (BMA Advogados); Madrona Fialho Advogados; e Stocche Forbes Advogados.

Ranking de assessores financeiros e jurídicos

O relatório publica os rankings de assessoria financeira e jurídica até outubro de 2023 em M&A, Private Equity, Venture Capital e Mercados de Capitais, onde a atividade dos assessores é refletida pelo número de transações e pelo valor total.

Quanto ao ranking de assessores financeiros, por número de transações e em valor lidera em 2023 o BTG Pactual, com 51 operações e contabilizando um total de BRL 34,3bi.

No que se refere ao ranking de assessores jurídicos, por número de transações e em valor, em 2023 lidera o escritório Mattos Filho, com 66 operações e contabilizando um total de BRL 35,2bi.

Relatório trimestral sobre o mercado transacional brasileiro – 3T 2023

Fusões e Aquisições movimentam BRL 158,0bi até o terceiro trimestre de 2023

  • Até o terceiro trimestre foram registradas 1425 transações 
  • Setor de Internet, Software & IT Services é o mais ativo do ano, com 277 transações
  • Volume de operações registra diminuição de 27% em relação a 2022

O mercado transacional brasileiro registrou um total de 1425 transações e movimentou BRL 158,0bi até o terceiro trimestre de 2023, de acordo com o mais recente relatório dodo TTR Data em parceria com o iDeals.

Esses números representam uma diminuição de 27% no número de transações em relação ao mesmo período de 2022. Do total das transações, 43% possuem os valores revelados e 84% das operações já estão concluídas.

No terceiro trimestre de 2023, 452 fusões e aquisições foram registradas, entre anunciadas e concluídas, e um valor total de BRL 57,7bi.

Operações do mercado transacional de 3Q2021 até 3Q2023
Fonte: TTR Data.

O setor de Internet, Software & IT Services foi o mais ativo no período, com um total de 277 transações, representando uma diminuição de 30% em relação ao mesmo período de 2022. Em segundo lugar está o setor de Business & Professional Support Services, com 217 operações e em terceiro, Industry-Specific Software com 194.

Âmbito Cross-Border

Até o terceiro trimestre, as empresas brasileiras escolheram os Estados Unidos como seu principal destino de investimento, com 25 transações e um total de BRL 4,7bi, seguido pelo Reino Unido com sete operações.

Os Estados Unidos e o Reino Unido, com 120 e 37 transações, respectivamente, são os países que mais investiram no Brasil.  

As empresas norte-americanas que adquirem empresas brasileiras registraram uma queda de 34% em comparação com o mesmo período do ano passado. Já as aquisições estrangeiras nos setores de Tecnologia e Internet diminuiram em 23%.

Em relação aos fundos estrangeiros de Private Equity e Venture Capital que investem em empresas brasileiras, houve uma diminuição de 3% até setembro.

Private Equity, Venture Capital e Asset Acquisitions

Em Private Equity, foram contabilizadas 68 transações e um total de BRL 18,6bi no período, registrando uma queda de 16% no número de operações, em comparação com o mesmo período de 2022. No entanto, o valor mobilizado registrou um crescimento de 20%.

No âmbito do  Venture Capital, foram realizadas 418 rodadas de investimento, movimentando um capital de BRL 13,9bi, o que resulta uma queda de 42% no número de transações.

No segmento de Asset Acquisitions, foram registradas 203 transações e um total de BRL 26,8bi até o terceiro trimestre, representando um crestimento de 18% no número de operações, em relação ao mesmo período do ano passado.

Transação do trimestre

A transação destacada pelo TTR Data no terceiro trimestre de 2023, foi a conclusão da venda da Aesop pela Natura para a L’Oréal. O valor da transação é de USD 2,5bi.

A operação contou com a assessoria jurídica em lei brasileira dos escritórios Lefosse; Mattos Filho; Pinheiro Neto Advogados; Trench, Rossi e Watanabe Advogados. Do lado financeiro, a transação foi assessorada pelo Bank of America.

Ranking de assessores financeiros e jurídicos

O relatório publica os rankings de assessoria financeira e jurídica até o terceiro trimestre de 2023 em M&A, Private Equity, Venture Capital e Mercados de Capitais, onde a atividade dos assessores é refletida pelo número de transações e pelo valor total. 

Quanto ao ranking de assessores financeiros, por número de transações lidera em 2023 o BTG Pactual, com 46 operações. Em valor, lidera o Bank of America contabilizando um total de BRL 33,8bi.

No que se refere ao ranking de assessores jurídicos, por número de transações e em valor, 2023 lidera o escritório Mattos Filho com 58 operações e contabilizando um total de BRL 34,2bi.

Dealmaker Q&A

TTR Dealmaker Q&A com Ricardo Bahiana, sócio fundador da B2R Capital

B2R Capital

Ricardo Bahiana

  • Sócio fundador da B2R Capital
  • Há quase 15 anos desenvolvendo projetos de avaliação e empresas, precificação de ativos e assessoria em fusões e aquisições para diferentes indústrias;
  • Experiência nas áreas de estratégia e finanças de empresas como Vivo, Coca-Cola, Ágora e Big Four nas áreas de auditoria e corporate finance. 
  • Atuação em projetos de fusões e aquisições num valor total de R$ 1,5 bilhão em transações;
  • Professor convidado do MBA em Mercado de Capitais do IBMEC nas disciplinas de Valuation e Mercados Derivativos;
  • Profissional CNPI, certificado pela APIMEC;
  • Formado em Administração como foco em Finanças pela UFRJ e MBA Executivo pelo COPPEAD-UFRJ além de cursos de extensão em Finanças no COPPEAD-UFRJ e na University of San Diego.

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TTR: Quais são suas principais conclusões para o mercado de M&A até o terceiro trimestre de 2023? Quais são os fatores mais relevantes para a consolidação do mercado de M&A no Brasil no resto do ano e até 2024?

O ano de 2023 iniciou de forma mais cautelosa no Brasil e no Mundo. Por aqui, tínhamos uma mudança da equipe econômica e incertezas importantes com temas como arcabouço fiscal e metas de inflação. No mundo, guerra da Ucrânia, uma escalada da inflação, taxas de juros crescentes além do receio de uma recessão global.

Esse contexto interferiu diretamente nas atividades de fusões e aquisições com uma queda em relação ao ano anterior que foi ainda mais ainda mais expressivo no primeiro trimestre. A partir do segundo trimestre começamos a observar uma melhora importante. A perspectiva de queda de taxa de juros e uma melhora no cenário econômico ajudou também no mercado de fusões e aquisições. Se hoje os números estão levemente abaixo do ano passado, no início do ano o gap era muito maior.

Após esse período de juros globais nas mínimas históricas, aumento do apetite a risco e excesso de liquidez que levaram ao recorde da atividade de fusões e aquisições em 2021, observamos uma nova fase, com fundos sendo mais diligentes na seleção de empresas e nos aportes, optando por aquelas que além de crescimento, também entregam margens saudáveis e geração de caixa.

Essa melhora é observável também no mercado de bolsa, com retomada dos processos de follow-on e até mesmo com algumas conversas sobre IPO voltando para o radar.

A nossa visão para o último trimestre de 2023 é que esse filme melhore ainda mais. Observamos os fundos de PE e VC com dry powder em patamares bem elevados e com muitos M&As em curso.

Os FIPs por exemplo, apresentaram captação liquida de R$ 39 bilhões de janeiro a agosto de 2023 e podemos considerar essa captação como um indicador antecedente da atividade de fusões e aquisições com provável impacto positivo no 4º trimestre de 2023 e ao longo de 2024, com a alocação destes recursos.

TTR: Em quais setores os investidores internacionais podem encontrar as maiores oportunidades no Brasil? Por quê?

Setores como agronegócio, óleo e gás, energia e infraestrutura são vocações naturais para o Brasil e vamos continuar observando projetos importantes nessas áreas. Uma onde de privatizações, concessões e novos programas do governo vocacionados em infra podem ajudar nesse processo.

Outras verticais como tecnologia e serviços financeiros também lideram com frequência os rankings setoriais de fusões e aquisições e devem permanecer assim para os próximos trimestres. Em tecnologia, há muitos projetos transversais, transformando inúmeros setores nas modalidades “as a service” por exemplo. Internet das coisas, cibersegurança, inteligência artificial e machine learning são outras áreas transversais que estão transformando inúmeras outras indústrias e atraindo investidores.

Outro setor que vale a pena destacar é saúde. Apesar de um cenário mais desafiador que as Cias listadas em Bolsa estão enfrentando, há inúmeros segmentos e especializações com muito fôlego pra crescimento e consolidação. Dentre os setores que estamos mais construtivos estão oftalmologia, oncologia, odontologia, nefrologia e fisioterapia. Até mesmo para aqueles que já surfaram grandes movimentos de consolidação como hospitais e análises clínicas e diagnósticos continuam aquecidos, mas desta vez com novos consolidadores assumindo protagonismo.

TTR: Continuando com o segmento de Venture Capital vemos que, após o ‘boom’ de 2021, o surgimento de unicórnios está diminuindo e alguns estão desaparecendo. Como você avalia essa indústria no Brasil em 2023?

O segmento de Venture Capital passou por um período de ajuste importante. Em 2020 e 2021, o segmento foi muito impulsionado por uma transformação tecnológica quase que compulsória. Muitas empresas ou surgiram nesse contexto ou alavancaram os seus negócios durante a pandemia. A forte redução da taxa de juros e o excesso de liquidez pressionaram as teses de “Value” e impulsionaram as teses de “Growth” e a expansão de múltiplos observado em Bolsa serviram de lastro para esse movimento.

A captação dos fundos de VC foi recorde o que gerou naturalmente em investimentos recordes também. Quando o cenário econômico voltou a ficar pressionado com a escalada da inflação e a alta contundente das taxas de juros, a captação foi muito prejudicada e os fundos que ainda estavam capitalizados e com o mandato de alocação de recursos precisaram ser mais cautelosos, deixando as promessas de unicórnios e passando a buscar as chamadas empresas camelo, ou seja, aquelas que são mais resilientes e capazes de viver com poucos recursos em ambientes mais escassos.

Essa mudança de consciência foi importante para mudar inclusive as métricas de performance dentro das próprias empresas. Os múltiplos de EBITDA por exemplo ganharam espaço e começamos a observar alguns processos de downsizing (ou resizing) além de uma onda de layoffs mais no início do ano. 

Ao longo de 2023, observamos uma modalidade de VC se consolidando e ajudando no processo de retomada da indústria: os fundos de Corporate Venture Capital. A colaboração entre empresas consolidadas e startups ganhou muita força neste ano com um boom de empresas aderindo esta estratégia.

 O CVC é basicamente um formato na qual empresas montam times dedicados para analisar oportunidades de investimentos em startups que dialogam com o seu ecossistema e que agregam oferecendo soluções inovadoras ou acesso a novos mercados, podendo atrair novos clientes e mudar a perspectiva de própria empresa.

Este time dedicado, muitas vezes formado por gestoras independentes, oferecem experiência e dinamismo no processo de análise e tomada de decisão. Acreditamos nessa modalidade como um novo vetor de crescimento para a indústria de venture capital com o aumento dos valores aportados e a adesão de novas empresas. E tendo uma visão ainda mais otimista, podemos esperar uma rentabilidade média maior que a histórica uma vez que esse ambiente favorece a tração das estratégias e a escalabilidade destas startups.

TTR:  Qual o papel da B2R na situação atual do mercado transacional?

O mercado de M&A possui estratos com características, necessidades e soluções bem distintas. Grandes processos por exemplo demandam em muitos casos a necessidade de funding ou estruturas financeiras mais complexas que só um banco de investimento consegue oferecer. Por esta razão, optamos por atuar como uma boutique, com atuação focada no middle market, oferecendo profissionais experientes em dedicação quase que exclusiva permitindo acesso ilimitado ao time. 

Como também temos uma atuação relevante no desenvolvimento de laudos de fair market value para a indústria de fundos e consolidadores estratégicos, temos uma ampla rede de relacionamentos que nos permite mapear potenciais investidores e direcionar os mandatos para aqueles que entendemos que consigam capturar maior sinergia.    

TTR: Quais serão os principais desafios para a B2R no Brasil nos próximos meses?

O negócio de assessoria em transações e avaliação de empresas é feito fundamentalmente de gente e entendemos que esse é naturalmente nosso maior desafio. Esse tema sempre vai estar presente e olhamos com atenção para nossa capacidade de atrair, desenvolver e reter esses talentos. 

Os processos de avaliação de empresas e assessoria em transações além de multisetorial, também são multidisciplinares. É preciso estudar e aprender sobre diferentes indústrias além de saber navegar em aspectos operacionais, regulatórios, financeiros, contábeis e legais dos negócios avaliados e como eles impactam a percepção de risco e de valor do negócio.

Por um lado, o desenvolvimento e o crescimento da indústria de fundos nos ajudam na vertical de assessoria em fusões e aquisições, aumentando a chance de conectar vendedores com compradores. Por outro lado, nossa vertical de avaliação de empresas que atua na indústria de FIPs para atendimento da ICVM 579 por exemplo, fica ainda mais demandada.

Considerando a exposição regulatória que temos e as frequentes interações com as gestoras, administradoras e as auditorias dos fundos, sempre reavaliamos nossos processos para entregar um fluxo confiável e diligente para a indústria.