Fixed Income: Relatório anual – 2024

Captação de Recursos no Brasil
Mercado de crédito privado movimenta R$ 590 bi em 2024

  • Valor total de captação referente ao ano de 2024 registra aumento de 62% em comparação ao ano anterior
  • Em debêntures, Setor de Power Transmission & Distribution lidera com BRL 50 bi em captação no último ano
  • Os certificados de recebíveis do agronegócio apresentam captação de BRL 38 bi no ano, queda de 18% em relação ao ano anterior.

O cenário de captação de recursos utilizando a emissão de debêntures, notas comerciais e operações de securitização (CRI, CRA, CR) foi objeto de análise do mais recente relatório anual do mercado de crédito privado brasileiro no TTR Data, que revelou emissão de 2002 séries com uma captação total de BRL 590 bi no ano de 2024.

Esses dados representam um aumento do valor total captado de 62% quando comparado ao mesmo período do ano anterior. 

Valor total emitido no mercado de crédito privado
(Debêntures, Notas comerciais CRI, CRA, CR) em 2024.
Fonte: TTR Data.

Em relação ao mercado de debêntures, foi registrada a emissão de 899 séries com uma captação total de BRL 461,1 Bi no período de janeiro a dezembro de 2024, aumento percentual de 92% quando comparado ao mesmo período do ano anterior, enquanto isso, a emissão de notas comerciais registra aumento de 61% em relação ao ano anterior, com R$ 43 bi emitidos em 214 séries. No mercado de securitização, foi registada a emissão de 893 séries de CRI/CRA/CR com uma captação total de BRL 85,4 bi, apresentando uma diminuição de 12% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Valor total emitido no mercado de crédito privado
(Debêntures, Notas Comerciais, CRI, CRA, CR) por trimestre.
Fonte: TTR Data.


Maior Captação do ano

No mercado de debêntures, a maior emissão do ano de 2024 foi a 4ª emissão, em série única, realizada em outubro pela Auren Energia, no valor de BRL 5,4 bi, com remuneração indexada ao DI. Segundo a empresa, os recursos captados com a oferta serão utilizados para aquisição das ações da AES Brasil Energia S.A. A operação contou com a assessoria jurídica dos escritórios Stocche Forbes Advogados. A Vórtx atuou como agente fiduciário e o Banco Bradesco Santander brasil como coordenador líder da operação.
A respeito do mercado de Notas Comerciais, maior emissão do ano de 2024 foi a 1ª emissão, em série única, realizada em julho pela Equatorial Energia, no valor de BRL 5,6 bi, com remuneração indexada ao DI. Segundo a empresa, os recursos captados com a oferta serão utilizados para o pagamento de parte do valor referente ao preço de aquisição, pela Emitente, de ações nominativas ordinárias representativas, de até 15% das ações de emissão da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP. A Oliveira Trust DTVM atuou como agente fiduciário e o Itaú BBA Assessoria Financeira atuou como coordenador líder da operação

No mercado de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), a maior operação do ano de 2024, foi a 124ª emissão, em cinco séries, realizada em janeiro pela Vert Capital, no valor de BRL 1,7 bi. A operação é concentrada em um único devedor, tendo como lastro créditos imobiliários devidos pela DASA e possui remunerações indexadas ao DI, IPCA e Pré-fixadas. A operação contou Pentágono DTVM como agente fiduciário e o BTG Pactual Investment Banking como coordenador líder.

Já no mercado de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), a maior operação do terceiro trimestre foi a 369 ª emissão, em quatro série, realizada em agosto pela Eco Securitizadora, no valor de BRL 2,0 Bi. A operação é concentrada e tem como lastro Direitos Creditórios do Agronegócio oriundos da 18ª emissão de Debêntures pela Marfrig, possuindo remuneração indexada ao DI, IPCA e Pré-fixada. A operação contou assessoria jurídica do escritório Cescon, Barrieu Flesch & Barreto Advogados e Lefosse, com a Vórtx DTVM atuando como agente fiduciário e a XP Investimentos como coordenador líder.

Ranking de assessores jurídicos, agentes fiduciários e coordenadores líderes

Disponibilizamos em nossa plataforma os rankings de assessoria jurídica, agentes fiduciários e coordenadores líderes referentes ao ano de 2024 em emissões públicas de Debêntures, Notas Comerciais, CRI e CRA, onde a atividade dos assessores é refletida pelo valor total e número de emissões / séries.

Debêntures

Quanto ao ranking de assessores jurídicos, por valor e em número de emissões, lidera o Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados, contabilizando um total de BRL 119,6 bi em 160 emissões. 

No ranking de Agentes Fiduciários, a Pentágono DTVM lidera em volume e número de emissões, contabilizando o valor de BRL 201,8 bi atuando em 256 emissões. Já a respeito do ranking de coordenadores líderes, o Banco Itaú BBA lidera em volume e também em número de emissões, contabilizando o valor de BRL 149,9 bi atuando em 202 emissões.

Notas Comerciais

Quanto ao ranking de assessores jurídicos, por valor lidera o Mattos Filho Advogados, contabilizando um total de BRL 11,3 bi. Já por número de emissões, o escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados lidera com 39 emissões.

No ranking de Agentes Fiduciários, a Oliveira Trust DTVM lidera em volume de emissões, contabilizando o valor de BRL 17,9 bi. Já em número de emissões, lidera a Vórtx com 79 emissões. A respeito do ranking de coordenadores líderes, o Banco Itaú BBA lidera em número de emissões e volume, atuando em 79 emissões e contabilizando o valor de BRL 21,8 bi.

CRI

Quanto ao ranking de assessores jurídicos, por valor lidera oescritório Lobo de Rizzo Advogados, contabilizando um total de BRL 7,0 bi. Por número de séries, lidera o Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados com 45 séries.

No ranking de Agentes Fiduciários, a Vórtx lidera em volume, contabilizando o valor de BRL 19,3 bi. Em número de séries, lidera o Oliveira Trust DTVM atuando em 332 séries, contabilizando o valor de BRL 14,2 bi. Já a respeito do ranking de coordenadores líderes, o Banco Itaú BBA lidera em volume, contabilizando o valor de BRL 6,5 bi, enquanto a Virgo Inc lidera em número de séries, atuando em 39 séries. 

CRA

Quanto ao ranking de assessores jurídicos, o escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados lidera em volume, contabilizando um total de BRL 8,5 bi. Já por número de séries, lidera o Mattos Filho com 35 séries assessoradas.

No ranking de Agentes Fiduciários, a Vórtx lidera em número de séries e volume, atuando em 118 series e contabilizando R$ 17,3 bi emitidos. Já a respeito do ranking de coordenadores líderes, a XP Investimentos lidera em número de séries e volume, atuando em 49 series e contabilizando R$ 13,06 bi emitidos.

Relatório mensal sobre o mercado transacional brasileiro – Novembro 2024

Fusões e Aquisições movimentam BRL 231,3bi em 2024

  • Setor de Internet, Software & IT Services é o mais ativo do ano, com 271 transações
  • Estados Unidos é o país que mais investiu no Brasil, com 131 aquisições
  • Aquisições estrangeiras nos setores de Tecnologia e Internet aumentam em 9%

O cenário transacional brasileiro foi objeto de análise no relatório mensal do TTR Data, que revelou 1474 transações movimentando um total de BRL 231,3bi até novembro de 2024.

Esses números representam uma diminuição de 23% no número de transações em relação ao mesmo período de 2023, porém registra um aumento de 19% no capital mobilizado. Do total das transações, 47% possuem os valores revelados e 81% das operações já estão concluídas.

Em novembro, 114 fusões e aquisições foram registradas, entre anunciadas e concluídas, e um valor total de BRL 19,4bi.

Operações do mercado transacional de novembro de 2023 a novembro de 2024
Fonte: TTR Data

O setor de Internet, Software & IT Services é o mais ativo com 271 transações, apresentando uma queda de 7% em relação a 2023, seguido pelo setor de Real Estate, com 171 transações.

Âmbito Cross-Border

Empresas brasileiras voltaram-se principalmente para os Estados Unidos, realizando 20 transações no valor de BRL 7,1bi até novembro de 2024, seguido pela Colômbia com 13 operações. 

Por outro lado, os Estados Unidos e o Reino Unido lideraram os investimentos no Brasil, com 131 e 27 transações, respectivamente.                                                                      

As aquisições estrangeiras nos setores de Tecnologia e Internet aumentaram em 9%. As empresas norte-americanas que adquirem empresas brasileiras registraram uma queda de 13% em comparação com o mesmo período do ano passado.

Em relação aos fundos estrangeiros de Private Equity e Venture Capital que investem em empresas brasileiras, houve uma diminuição de 26%.

Private Equity, Venture Capital e Asset Acquisitions

No segmento de Private Equity, houve 91 transações totalizando BRL 21,3bi, com uma queda de 7% no número de operações. 

Em Venture Capital, 358 rodadas de investimento movimentaram BRL 14,7bi, representando uma redução de 37% no número de transações.

O segmento de Asset Acquisitions registrou 248 transações e BRL 52,5bi até novembro, refletindo um crescimento de 93% no capital mobilizado em comparação ao mesmo período do ano passado.

Transação do mês

A transação destacada pelo TTR Data em novembro de 2024, foi aquisição pela Energisa da Infra Gás e Energia. O valor da transação é de BRL 890m.

A operação foi assessorada em lei brasileira pelo Stocche Forbes Advogados; Tauil & Chequer Advogados Associado a Mayer Brown; e VBSO Advogados, o qual realizou a Due Diligente. Do lado financeiro foi assessorada pelo BTG Pactual.

Entrevista com Mattos Filho

Moacir Zilbovicius, sócio da área de M&A e Societário do Mattos Filho, conversou com o TTR para esta edição e analisou o mercado de M&A para o ano de 2024: “Eu diria que tivemos um ano regular. Não foi ótimo, mas também não foi tão ruim assim. Esta resposta está intimamente ligada ao cenário político econômico do País e às condições externas – temos um País dividido, falta o posicionamento do governo acerca do cumprimento das metas fiscais, os juros permanecem altos para controlar a inflação e a economia americana deu sinais claros de recuperação e estabilização. Nosso time de M&A está envolvido em várias operações relevantes, o que se percebe é que o ritmo não é o mesmo diante desse quadro menos favorável. “

Para entrevista completa, clique aqui

Ranking de assessores financeiros e jurídicos

O relatório publica os rankings de assessoria financeira e jurídica até novembro de 2024 em M&A, Private Equity, Venture Capital e Mercados de Capitais, onde a atividade dos assessores é refletida pelo número de transações e pelo valor total. 

Quanto ao ranking de assessores financeiros, por número de transações e em valor lidera em 2024 o BTG Pactual com 48 transações e contabilizando um total de BRL 48,4bi.

No que se refere ao ranking de assessores jurídicos, por número de transações em 2024 lidera o escritório Bronstein Zilberberg Chueiri & Potenza Advogados,com 63 operações. Em valor, lidera o Lefosse contabilizando um total de BRL 47,7bi.

Dealmaker Q&A

Content available in English and Portuguese (scroll down)

TTR Dealmaker Q&A with Mattos Filho Partner Moacir Zilbovicius

Mattos Filho

Moacir Zilbovicius

Moacir’s practice focuses on M&A transactions and general corporate matters, with particular emphasis on publicly-held companies. He represents domestic and foreign business conglomerates from different economic sectors. Moacir previously served as the head of the legal department of the Brazilian Securities Commission (CVM), and worked as a foreign associate at Cleary, Gottlieb, Steen & Hamilton’s New York office. He is also a member of the Advisory Board of Fundação Antonio e Helena Zerrener (co-controlling shareholders of Ambev).


TTR Data: What is your assessment of the M&A market for the year 2024?

I would say that we had an average year. It wasn’t great, but it wasn’t that bad either. This response is closely linked to the political and economic scenario both domestically and internationally. We have a divided country, a lack of government positioning regarding the fulfillment of fiscal targets, high interest rates to control inflation and clear signs of recovery and stabilization in the American economy. Our team is involved in various relevant M&A transactions, but the pace is different since the environment is less favorable.



TTR Data: Are there any areas that stand out?

Definitely. The energy sector is very active. Brazil has one of the cleanest energy matrices in the world, with approximately 80% of its energy coming from renewable sources. There is a lot of foreign interest in this area. Additionally, the infrastructure in this sector is significant, with a government commitment to invest 35 billion dollars in energy generation and transmission by 2026. Besides the energy sector, the tech area continues to attract interest as it is inherent to global technological advancement.

TTR Data: How do you see the participation of Private Equity Funds in 2024?

With great caution. There are local funds that have already raised resources and are moving forward with certain consolidations in some sectors. However, the volume has certainly decreased, and foreign funds are also in a wait-and-see mode. I read an interview a few days ago with a well-known manager of an American private equity fund that has investments in Brazil. He clearly stated that Brazil is off the radar for foreign investors. We resist accepting this statement, but unfortunately, there are countries better positioned; he is not entirely wrong.

TTR Data: What are the challenges for 2025?
Our firm is prepared for longer winters, both in terms of our entire service platform and our M&A team. I don’t believe, unless the government gives clear indication that it will respect fiscal targets (and as a consequence interest rates will decrease) that the year 2025 will change much compared to 2024. We are paying attention and well positioned to opportunities such as and investments made by special situations funds. We are also involved in several restructurings which often culminate in M&A operations. 



Mattos Filho

Moacir Zilbovicius

Possui experiência em operações de fusão e aquisição (M&A) e em assuntos envolvendo direito societário, em especial de companhias abertas. Representa conglomerados domésticos e internacionais em diferentes setores da indústria. Atuou como diretor jurídico da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e como advogado internacional do escritório Cleary, Gottlieb, Steen & Hamilton (EUA). É membro do Conselho Consultivo da Fundação Antonio e Helena Zerrener (co-controladora da Ambev).


TTR Data: Qual é a sua avaliação do mercado de M&A para o ano de 2024?

Eu diria que tivemos um ano regular. Não foi ótimo, mas também não foi tão ruim assim. Esta resposta está intimamente ligada ao cenário político econômico do País e às condições externas – temos um País dividido, falta o posicionamento do governo acerca do cumprimento das metas fiscais, os juros permanecem altos para controlar a inflação e a economia americana deu sinais claros de recuperação e estabilização. Nosso time de M&A está envolvido em várias operações relevantes, o que se percebe é que o ritmo não é o mesmo diante desse quadro menos favorável. 

TTR Data: Algumas áreas que podem ser destacadas? 

Com certeza. O setor de energia está muito ativo. O Brasil tem uma das matrizes de energia mais limpas do mundo, com aproximadamente 80% de sua energia advinda de energia renovável. Há muito interesse estrangeiro nessa área. E a infraestrutura nesse setor também – há um compromisso do governo de investimento de 35 bilhões de dólares na geração e transmissão de energia até 2026.  Além do setor de energia, destacamos a área de tech, que continua a atrair interesse, pois é inerente ao avanço tecnológico mundial.  

TTR Data: Como você enxerga a participação dos Fundos de Private Equity em 2024? 

Com muita cautela. Há fundos locais que já captaram recursos e estão dando andamento a determinadas consolidações em alguns setores. Mas o volume certamente diminuiu, e o os fundos estrangeiros também estão em compasso de espera. Li, alguns dias atrás, uma entrevista de um conhecido gestor de um fundo de private equity americano que tem investimentos no Brasil. Ele fala claramente que o Brasil está fora do foco do investidor estrangeiro. Nós resistimos em aceitar essa afirmação, mas infelizmente há Países mais bem posicionados, ele não está totalmente equivocado.  

Quais são os desafios para 2025?

O nosso escritório está preparado para invernos mais longos. Tanto em relação ao atendimento dos clientes nas mais diversas áreas, como em relação ao nosso time de M&A.  A não ser que o governo dê sinais claros de que a meta fiscal será cumprida (e consequentemente os juros poderão cair), não acredito que o ano de 2025 irá mudar muito em relação a 2024. Estamos atentos e bem-posicionados em relação a oportunidades, cabendo citar assessoria em investimentos feitos pelos fundos de special situations e processos de reestruturação, que, por muitas vezes, culminam em operações de M&A. 

Dealmaker Q&A

TTR Dealmaker Q&A com a Laura Affonso, Sócia do Lefosse

Lefosse

Laura Affonso

Laura é sócia da prática de Societário e M&A do Lefosse.
Possui sólida experiência em direito societário com foco em fusões & aquisições, joint ventures, mercado de capitais, investimentos de private equity, venture capital e reorganizações societárias. Antes de integrar a equipe do Lefosse, foi responsável pelas áreas de fusões e aquisições, mercado de capitais e societário da JBS. Foi ainda general counsel da UHG Brasil.
Graduou-se em Direito pela USP (Universidade de São Paulo) e possui LL.M. pela New York University School of Law. Laura trabalhou no escritório Greenberg Traurig LLP em Nova Iorque.


TTR Data: Em meio a um panorama de incertezas nos investimentos, em que fazer avaliações se tornou complexo e em que o financiamento ficou mais caro: qual o equilíbrio que o Lefosse faz nos segmentos de M&A, Private Capital e Venture Capital no Brasil?

Nos últimos meses, o mercado de M&A tem dado sinais de retomada, com transações de valores relevantes em vários setores da economia, tais como infraestrutura, óleo e gás e serviços financeiros. Transações cross border também têm aumentado, com um maior interesse de estrangeiros no país, em decorrência, dentre outros fatores, do início da queda da taxa de juros nos Estados Unidos. 

Os fundos de private equity ainda encontram desafios para fazer desinvestimentos via mercado de capitais, o que aumenta a possibilidade de saídas via transações de M&A. Há também uma expectativa de que os fundos de private equity voltem a atuar, pois estão muito capitalizados, mas isso ainda irá depender da melhora de fatores macroeconômicos no Brasil e nos Estados Unidos. 

Já o mercado de venture capital tem sofrido com a pressão de gestoras por retorno rápido, o que faz com que investimentos em startups mais maduras sejam priorizados. Com isso, startups têm lançado mão de alternativas para se financiar, como fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs) e debt financing (financiamento via emissão de dívida).

TTR Data: Quais os principais e mais recentes desafios regulatórios que o escritório tem enfrentado no mercado de M&A no Brasil?

Setores regulados ainda encontram dificuldades decorrentes de gargalos para aprovações regulatórias, o que impacta custo e cronograma de transações. Há dificuldade para a aprovação de transações em agências regulatórias, que sofrem com restrições orçamentárias, greves e pouco pessoal. 

Por outro lado, as recentes reformas na regulamentação cambial já geram alguma simplificação em transações, tais como em relação a registro de capital estrangeiro e câmbio. As novas fases da reforma cambial, em relação a registro de investimento estrangeiro em bolsa, por exemplo, que ainda está em discussão e deve entrar em vigor no próximo ano, devem trazer benefícios adicionais e podem auxiliar a atração de investimentos.

TTR Data: O Brasil concentrou aproximadamente 60% de todas as transações de M&A anunciadas na América Latina nos últimos anos. Quais são os drivers mais relevantes para continuar a consolidar o mercado brasileiro na América Latina no curto e médio prazo?

Investimentos em infraestrutura estão em expansão. O Brasil tem investido na melhoria de suas redes de transporte para facilitar o escoamento de produtos agrícolas e industriais. As concessões e parcerias público-privadas (PPPs) são instrumentos chave para isso, apresentando oportunidades para M&A, à medida que empresas buscam consolidar e expandir suas operações logísticas. A modernização dos portos aumenta a capacidade de exportação e é um foco para investimentos, especialmente em regiões como o Sudeste e o Nordeste, que são estratégicas para o comércio exterior. Além disso, a aprovação do novo marco regulatório do saneamento básico em 2020 abriu o setor para mais investimentos privados, aumentando consideravelmente as oportunidades de M&A neste segmento. Empresas estrangeiras estão especialmente interessadas em entrar no mercado brasileiro através de aquisições no setor. 

Já no setor de fintechs e meios de pagamento, ainda há bastante oportunidade de consolidação, seja pelo custo de compliance de se manter uma empresa regulada (que é diluído em um grande player), seja em relação a novos produtos. Isso é resultado do amadurecimento do mercado, depois do boom vivenciado na última década. No olhar do regulador, tais consolidações acabam diminuindo o risco sistêmico, já que empresas que podem ter dificuldade de se sustentarem sozinhas são absorvidas por grupos mais estruturados e estáveis.

TTR Data: O setor de tecnologia, assim como o setor financeiro, têm sido os dois mais ativos no mercado transacional brasileiro em número de transações em 2024. Como uma das empresas líderes no setor na área de M&A, qual o papel do mercado de tecnologia para impulsionar os investimentos no mercado de M&A no Brasil? Que outros setores parecem altamente financiáveis neste momento?

O setor de tecnologia é fundamental para o crescimento de operações de M&A no Brasil. Ele tem sido impulsionado pela rápida digitalização que a pandemia acelerou, aumentando a demanda por soluções tecnológicas, além da crescente adoção de inteligência artificial. O ecossistema de startups, especialmente em fintechs, healthtechs, edtechs e agrotechs, tem atraído investidores internacionais interessados em inovações escaláveis. O país também tem se beneficiado de investimentos diretos de empresas globais de tecnologia, que fortalecem aquisições locais. 

No setor financeiro, fintechs lideram a inovação por conta da modernização regulatória recente. Além disso, o setor de saúde e biotecnologia tem crescido significativamente com a demanda por telemedicina e novos produtos farmacêuticos. No agronegócio, a tecnologia agrícola vem melhorando a eficiência, enquanto o foco em energias renováveis torna o Brasil atrativo para investimentos sustentáveis. Infraestrutura e construção seguem sendo promissoras, com a necessidade de modernização do país, e o e-commerce em expansão também gera oportunidades em logística e consolidações.

TTR Data: Acompanhando o segmento de Private Equity e Venture Capital, como evoluirá essa indústria no Brasil e quais as perspectivas para os próximos meses?

Há sinais de que a fase de maior retração de private equity está finalmente passando e de que um processo progressivo de recuperação está em curso, com uma expectativa de retomada do crescimento, impulsionada pela redução das taxas de juros nos EUA e por teses de investimento mais associadas a movimentos disruptivos e estruturais em larga escala, como a transição da matriz energética, sustentabilidade e inteligência artificial. No Brasil, o mercado de private equity no próximo ano ainda se caracterizará por um ambiente de cautela estratégica, com oportunidades em setores de alta tecnologia e impacto social. O mercado de venture capital global segue desafiador do ponto de vista de volume de investimentos, mas também tem dado sinais de melhora. Para investidores no setor, isso pode representar boas oportunidades de negócios, uma vez que há muitas startups disputando poucos cheques. 

TTR Data: Quais serão os principais desafios do Lefosse no Brasil em 2025 no mercado transacional?

O mercado transacional tem dado sinais de melhora. Nossa expectativa é de que 2025 seja um ano bastante movimentado em M&As tanto de companhias fechadas, com mais investidores estratégicos do que financeiros, quanto companhias abertas. Deals de valores significativos deverão continuar a ocorrer, em especial nas áreas de tecnologia, serviços financeiros e saúde. Setores como infraestrutura, energia e saúde devem continuar atraentes devido à sua resiliência e potencial de crescimento.

Relatório mensal sobre o mercado transacional brasileiro – Outubro 2024

Fusões e Aquisições movimentam BRL 219,5bi em 2024

  • Setor de Internet, Software & IT Services é o mais ativo do ano, com 256 transações
  • Estados Unidos é o país que mais investiu no Brasil, com 119 aquisições
  • Aquisições estrangeiras nos setores de Tecnologia e Internet aumentam em 6%

O cenário transacional brasileiro foi objeto de análise no relatório mensal do TTR Data (ttrdata.com), que revelou 1343 transações movimentando um total de BRL 219,5bi até outubro de 2024.

Esses números representam uma diminuição de 23% no número de transações em relação ao mesmo período de 2023, porém registra um aumento de 20% no capital mobilizado. Do total das transações, 48% possuem os valores revelados e 82% das operações já estão concluídas.

Em outubro, 142 fusões e aquisições foram registradas, entre anunciadas e concluídas, e um valor total de BRL 31,4bi.

Operações do mercado transacional de outubro de 2023 a outubro de 2024 – Fonte: TTR Data

O setor de Internet, Software & IT Services é o mais ativo com 256 transações, apresentando uma queda de 4% em relação a 2023, seguido pelo setor de Real Estate, com 153 transações.

Âmbito Cross-Border

Empresas brasileiras voltaram-se principalmente para os Estados Unidos, realizando 20 transações no valor de BRL 7,1bi até outubro de 2024, seguido pela Colômbia com 12 operações. 

Por outro lado, os Estados Unidos e o Reino Unido lideraram os investimentos no Brasil, com 119 e 26 transações, respectivamente.

As aquisições estrangeiras nos setores de Tecnologia e Internet aumentaram em 6%. As empresas norte-americanas que adquirem empresas brasileiras registraram uma queda de 18% em comparação com o mesmo período do ano passado.

Em relação aos fundos estrangeiros de Private Equity e Venture Capital que investem em empresas brasileiras, houve uma diminuição de 35%.

Private Equity, Venture Capital e Asset Acquisitions

No segmento de Private Equity, houve 78 transações totalizando BRL 17,3bi, com uma queda de 14% no número de operações. 

Em Venture Capital, 336 rodadas de investimento movimentaram BRL 11,2bi, representando uma redução de 365 no número de transações.

O segmento de Asset Acquisitions registrou 216 transações e BRL 45,0bi até outubro, refletindo uma crescimento de 79% no capital mobilizado em comparação ao mesmo período do ano passado.

Transação do mês

A transação destacada pelo TTR Data em outubro de 2024, foi a conclusão da venda pela Bunge de 50% na BP Bunge Bioenergia para a BP. O valor da transação é de USD 1,03bi.

A operação foi assessorada em lei brasileira pelo Cescon, Barrieu Flesch & Barreto Advogados; Mattos Filho; Tauil & Chequer Advogados Associado a Mayer Brown. 

Ranking de assessores financeiros e jurídicos

O relatório publica os rankings de assessoria financeira e jurídica até outubro de 2024 em M&A, Private Equity, Venture Capital e Mercados de Capitais, onde a atividade dos assessores é refletida pelo número de transações e pelo valor total. 

Quanto ao ranking de assessores financeiros, por número de transações e em valor lidera em 2024 o BTG Pactual com 47 transações e contabilizando um total de BRL 47,0bi.

No que se refere ao ranking de assessores jurídicos, por número de transações em 2024 lidera o escritório Bronstein Zilberberg Chueiri & Potenza Advogados,com 58 operações. Em valor, lidera o Mattos Filho contabilizando um total de BRL 45,1bi.