Dealmaker Q&A

TTR Dealmaker Q&A com a Laura Affonso, Sócia do Lefosse

Lefosse

Laura Affonso

Laura é sócia da prática de Societário e M&A do Lefosse.
Possui sólida experiência em direito societário com foco em fusões & aquisições, joint ventures, mercado de capitais, investimentos de private equity, venture capital e reorganizações societárias. Antes de integrar a equipe do Lefosse, foi responsável pelas áreas de fusões e aquisições, mercado de capitais e societário da JBS. Foi ainda general counsel da UHG Brasil.
Graduou-se em Direito pela USP (Universidade de São Paulo) e possui LL.M. pela New York University School of Law. Laura trabalhou no escritório Greenberg Traurig LLP em Nova Iorque.


TTR: Quais são suas principais conclusões para o mercado de fusões e aquisições em 2023?

2023 foi um ano desafiador para o mercado como um todo por conta de fatores macroeconômicos mundiais, como alta de inflação e de taxas de juros de forma geral, mas também fatores locais, como a crise de crédito, que impactou mais fortemente o setor de consumo, e incertezas políticas.

Esse contexto atrapalhou tanto decisões estratégicas como movimentos de defesa, reduzindo transações de fusões e aquisições, em especial no primeiro semestre. Nesse momento, as transações tiveram de forma geral estruturas mais criativas, com reestruturações e busca por desalavancagem.

Já no segundo semestre, com a perspectiva de aprovação da reforma fiscal e início de redução de taxas de juros, o cenário ficou mais otimista.

TTR: Quais as expectativas, riscos e oportunidades relacionadas ao mercado brasileiro de M&A em 2024?

A expectativa é de que uma continuidade na queda da taxa de juros, mesmo que de forma modesta, e mais clareza sobre as posições do governo atual, reduzirão a percepção de risco e possibilitarão o retorno de M&As com caráter mais estratégico no próximo ano. Dessa forma, os valores envolvidos serão maiores e teremos a ampliação da participação de investidores estrangeiros.

Devemos continuar vendo operações relevantes de saídas de fundos de private equity, as quais, até a abertura de uma nova janela de ofertas públicas, ainda ocorrerão por meio de transações privadas.

O mercado de M&A é bastante correlacionado a fatores macroeconômicos, então, o desenrolar das guerras em curso e indicadores econômicos negativos nas maiores economias do mundo podem influenciar negativamente, mas, ao mesmo tempo, oportunidades de consolidação ou de expansão em novos setores surgirão no mercado brasileiro. A expectativa é de que 2024 seja significativamente melhor em termos de volume e tipos de transações.

TTR: Em quais setores os investidores internacionais podem encontrar as maiores oportunidades no Brasil para o próximo ano? Por quê?

Os setores com maiores oportunidades para investidores internacionais no Brasil em 2024 devem incluir tecnologia, mineração e infraestrutura.

Além disso, teses relacionadas a transição energética, energia renovável e saneamento devem seguir bastante aquecidas, pois tais setores hoje contam com relativa estabilidade regulatória e boas oportunidades de investimento.

Alguns setores mais resilientes, como área de saúde, educação e alimentos e bebidas devem se beneficiar da redução da inflação e das taxas de juros, com mais disponibilidade de poupança para as famílias.

Um contexto menos incerto localmente também deverá permitir a abertura de uma nova janela de mercado de capitais e, com isso, a capitalização de empresas listadas em bolsa. Com isso, poderemos ter, ainda, um aumento em aquisições estratégicas por tais players.

TTR: Acompanhando o segmento de Venture Capital, vemos que o surgimento de unicórnios está diminuindo e alguns estão desaparecendo. Como evolui essa indústria no Brasil em 2023 e quais as perspectivas para 2024?

Em 2023, a indústria de Venture Capital no Brasil teve uma redução significativa de investimento. O custo do capital ficou maior, e os investidores ficaram mais seletivos em suas alocações, buscando teses de investimento mais robustas.

Por conta do desaquecimento do mercado, as transações tiveram que ser estruturadas de maneira diferente, com maior componente de dívida, por exemplo.

No entanto, após a correção de preços dos últimos anos, especialmente em relação ao setor de startups de tecnologia, há expectativa de crescimento significativo de transações para o próximo ano, porque o país segue tendo grande potencial de crescimento do mercado consumidor e do ecossistema empreendedor como um todo.

TTR: Quais serão os principais desafios para o Lefosse no Brasil nos próximos meses?

Nosso escritório tem sido bastante bem-sucedido, com um planejamento estratégico ao longo dos últimos anos para atender às demandas do mercado, seja em momentos de economia pungente ou em momentos mais desafiadores.

Vamos continuar fomentando a nossa cultura, no sentido de sermos parceiros estratégicos de nossos clientes, por meio de relacionamentos próximos e duradouros.

Com isso, queremos consolidar nosso lugar de liderança no mercado jurídico brasileiro.