Relatório Trimestral Brasil – 1T 2020

Primeiro trimestre fecha com redução de 26% no volume de Fusões e Aquisições 

Número de investimentos de Venture Capital aumentam 6% no primeiro trimestre

No 1T20 foram movimentados BRL 44bi no Brasil em Fusões e Aquisições

Os dados do primeiro trimestre do ano demostram uma desaceleração no mercado transacional brasileiro.

Valor e número de transações 

Até o fim de março de 2020, o TTR – Transactional Track Record mapeou 239 transações envolvendo empresas brasileiras, o que representa uma diminuição de 26% no volume de operações em relação ao mesmo período de 2019.

Segundo o mais recente relatório do TTR – Transactional Track Record, houve uma brusca interrupção de uma tendência de alta que se repetia trimestre a trimestre desde 2018.  Já no tocante ao valor total transacionado, foram movimentados aproximadamente BRL 44,1bi, o que representa um aumento de 18% em relação ao mesmo período do ano anterior. 

Setores mais ativos  

Com referência aos setores com mais atividade transacional, o setor tecnológico continua na liderança com 55 transações, seguido pelo setor imobiliário e o setor financeiro com 33 transações cada. Em terceiro lugar, temos o setor de higiene cuidados da saúde, que não apresentou variação e se manteve com 24 transações. 

Transações Cross-border 

As operações transnacionais mapeadas pelo TTR no primeiro trimestre refletem uma diminuição considerável em relação ao mesmo período de 2019. O volume de aquisições realizadas por empresas dos Estados Unidos no Brasil sofreu uma redução de 35%, porém mantiveram a posição como as que mais adquiriram empresas brasileiras, com quinze negócios e um total de BRL  1,4bi transacionados, seguido por Singapura, França e Canadá, todos com três transações cada.  

As aquisições de empresas brasileiras por estrangeiras no setor de Tecnologia e Internet, tiveram uma redução de 47%. Além disso, fundos de Private Equity e Venture Capital estrangeiros reduziram seus investimentos em empresas brasileiras em 30%, em relação ao primeiro trimestre de 2019. 

No sentido contrário, foram mapeadas no primeiro trimestre onze transações onde empresas brasileiras realizam aquisições no exterior, sendo os Estados Unidos o destino preferido, com cinco transações realizadas. 

Venture Capital 

As transações envolvendo fundos de Venture Capital tiveram uma performance bastante positiva no primeiro trimestre, com um aumento de 129% no total do valor transacionado, sendo BRL 1,84bi, em relação ao mesmo período de 2019. O volume de transações aumentou 6% totalizando 52 operações. O setor mais procurado pelos fundos foi o de Tecnologia onde foram registradas 30 transações. 

Transação destacada 

A transação destacada pelo TTR no primeiro trimestre, foi a conclusão da aquisição pela IHS Towers, da CSS – Cell Site Solutions, fornecedora de soluções de infraestrutura, por BRL 2bi.

Em lei brasileira o comprador contou com a assessoria do escritório Souza, Mello e Torres, enquanto no lado vendedor esteve o Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados. O Banco Itaú BBA e o Citigroup foram os assessores financeiros da transação. 

Rankings de assessoria financeira e jurídica 

Com referência aos assessores financeiros, o Banco Itaú BBA lidera o ranking em volume com 11  transações, enquanto o ranking por valor total é liderado pelo Banco BTG Pactual com BRL 6,8bi. 

Já na assessoria jurídica, no tocante ao valor total, o ranking é liderado pelo Cescon, Barrieu Flesch & Barreto Advogados com BRL 8,3bi.  Já o ranking por volume é liderado pelo escritório Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados com um total de 13 transações. 

Relatório Mensal Brasil – Fevereiro 2020

Primeiro bimestre fecha com redução de 32% no volume de Fusões e Aquisições 

Número de investimentos de Venture Capital aumentam 19% no primeiro bimestre 

Em fevereiro foram movimentados BRL 11,9bi no Brasil em Fusões e Aquisições 

Os dados do primeiro bimestre do ano demostram uma desaceleração no mercado transacional brasileiro.  

Valor e número de transações 

Segundo o mais recente relatório do TTR – Transactional Track Record, foram registradas 156 transações envolvendo empresas brasileiras, o que representa uma diminuição de 32% em relação ao mesmo período de 2019. Já no tocante ao valor total transacionado, foram movimentados aproximadamente BRL 21bi, o que representa um modesto aumento de 4% em relação ao mesmo período do ano anterior. 

Setores 

Com referência aos setores com mais atividade transacional, o setor tecnológico continua na liderança com 41 transações, seguido pelo setor financeiro com 28 transações e no terceiro lugar, figura o setor imobiliário com 21. 

Transações Cross-border 

As operações transnacionais mapeadas pelo TTR no primeiro bimestre refletem uma diminuição considerável em relação ao mesmo período de 2019. O volume de aquisições realizadas por empresas dos Estados Unidos no Brasil sofreu uma redução de 53%, porém mantiveram a posição como as que mais adquiriram empresas brasileiras, com oito negócios e um total de BRL  928,3m transacionados, seguido por Singapura e Alemanha, ambos com duas transações. 

As aquisições de empresas brasileiras por estrangeiras no setor de Tecnologia e Internet, tiveram uma redução de 46%. Além disso, fundos de Private Equity e Venture Capital estrangeiros reduziram seus investimentos em empresas brasileiras em 57%, em relação ao primeiro bimestre de 2019. 

No sentido contrário, foram mapeadas no primeiro bimestre sete transações onde empresas brasileiras realizam aquisições no exterior, sendo os Estados Unidos o destino preferido. Neste contexto as empresas mexicanas superaram as brasileiras com o dobro, 14, de transações deste tipo. 

Venture Capital 

As transações envolvendo fundos de Venture Capital tiveram uma performance bastante positiva no primeiro bimestre, com um aumento de 602% no total do valor transacionado, BRL 1,77bi, em relação ao mesmo período de 2019. O volume de transações aumentou 19% com 38 operações. O setor mais procurado pelos fundos foi o de Tecnologia onde foram registradas 24 transações. 

Transação destacada 

A transação destacada pelo TTR em fevereiro foi a conclusão da venda pela EDP Renováveis do complexo eólico Babilônia para a Actis por BRL 598m.

O comprador contou com a assessoria do escritório Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados enquando no lado vendedor atuou escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados. O Banco Bradesco BBI atuou como assessor financeiro da EDP Renováveis.  

Relatório Mensal Brasil – Janeiro 2020

Fusões e Aquisições – Panorama setorial 

Após o excelente dinamismo do mercado de fusões e aquisições registrado em 2019, existe uma expectativa positiva para 2020 tanto em número de transações quanto em valor total das mesmas, em grande parte impulsionada pelo plano de privatizações do governo.  

Valor e número de transações 

O TTR – Transactional Track Record monitora constantemente o mercado e continua atualizando os dados de 2019, já que muitas transações ainda estava sob duras cláusulas de confidencialidade. Os números do ano passado estão cada vez melhores, já são 1.487 deals mapeados.  

Em uma análise mensal, a mais conveniente para um relatório com apenas um mês em 2020, janeiro acaba por decepcionar os mais optimistas, foram 62 deals registrados frente aos 112 registrados em janeiro de 2019. Do total de transações, 24 tiveram seu valor divulgado que somaram aproximadamente R$ 8,7 bilhões.  

Análise setorial  

Energia e Energia Renováveis 

Em 2019 foram mapeadas 130 transações neste setor, o que representa uma alta de 4% em relação ao ano de 2018. O valor total movimentado foi de aproximadamente R$ 154 bilhões, 164% maior do que o ano anterior.  A maior parte das transações foram no segmento de Óleo e gás, 61 negócios, especialmente a aquisição de blocos de exploração de petróleo.  

Educação 

Este setor terminou 2019 com 69 transações registradas, o que representa uma alta de 17% em relação ao ano de 2018.  É um setor no qual crescem os movimentos de fusões e aquisições a cada ano, desde 41 transações registradas em 2015, 40 em 2016, 45 em 2017 e 59 em 2018.  

Do total de transações em 2019 apenas seis envolveram empresas estrangeiras do lado comprador, sendo os Estados Unidos o mais ativo, tendo estado presente em quatro negócios. 

Transporte, Aviação e Logística 

Em 2019, se registraram 89 operações neste setor, o que corresponde a um aumento de 31% em relação a 2018, que registrou 68 transações. O valor total movimentado em 2019 foi de R$ 12,28 bilhões, representando un aumento de mais de  100% em relação a 2018. Este resultado foi bastante impulsionado pela aquisição de 88,67% de participação na Supervia, por parte do grupo chinês Guarana Urban Mobility, transação que movimentou R$ 3,4 bilhões. 

Indústria Alimentícia 

Em 2019 foram mapeadas 64 transações da indústria alimentícia, que reflete uma alta de 51% em relação ao ano de 2018. O valor total que foi movimentado em 2019 foi de R$ 9,5 bilhões, representando uma diminuição de 25% em relação a 2018. A maior transação no setor da indústria alimentícia foi a aquisição de 31,17% na National Beef Packing Company por parte da Marfrig, operação que movimentou R$ 3,6 bilhões.  

Tecnologia e Telecom 

O setor de tecnologia e telecomunicações foi o grande impulsionador da economia brasileira no ano de 2019, por isso, o TTR – Transactional Track Record conseguiu mapear 459 transações que representaram a movimentação de exuberantes R$ 25,5 bilhões. Em relação ao ano de 2018, o valor transacionado aumentou em 13% e o número de transações em 25%. 

A maior transação no setor de tecnologia e telecomunicações foi a aquisição de 100% da Nextel Brasil por parte da América Móvil, que representou um movimento de R$ 3,6 bilhões.   

Relatório Trimestral Brasil – 4T 2019

Brasil registra 1448 Fusões e Aquisições em 2019

R$ 307 bilhões foram transacionados no Brasil em 2019 

Aquisições de empresas de Tecnologia crescem 39% em 2019 

O ano de 2019 terminou consolidando uma tendência de aquecimento na dinâmica das Fusões e Aquisições. O Brasil continua liderando o mercado da América Latina em fluxo de transações em diversos aspectos, segundo o mais recente Relatório Mensal do TTR – Transactional Track Record.

Valor e número de transações 

Durante o ano de 2019 o TTR – Transactional Track Record mapeou 1.448 transações envolvendo empresas brasileiras, o que representa um aumento de 17,5%. O valor total transacionado foi de R$ 307 bilhões, uma alta de 58,6%. São números muito positivos e que vem crescendo a cada ano, foram mapeadas 1.054 transações em 2016; 1.197 em 2017; e 1.236 em 2018. 

Tipo de transação 

As transações realizadas pelos investidores financeiros (Fundos de Private Equity e Venture Capital) representam cerca de 40% do total de transações e somam aproximadamente R$ 35 bilhões, tendo em conta apenas as que possuem valor não confidencial. 

Setor com mais atividade 

Mais uma vez o setor de tecnologia se afirma como o grande líder em número de transações com 351 negócios registrados, o que representa um crescimento de 39% em relação ao mesmo período do ano passado. Mais da metade das transações neste setor foram realizadas por investidores financeiros (Fundos de Private Equity e Venture Capital). 

Âmbito Geográfico 

O TTR mapeou um total de 328 transações onde empresas brasileiras foram adquiridas por estrangeiras (cross-border inbound) e um valor total de R$ 174 bilhões. 

Este ano as empresas dos Estados Unidos foram as que mais compraram empresas brasileiras,  com 112 negócios registrados, o que representa um aumento de 10,2% em relação a 2018. No sentido inverso os Estados Unidos foi o destino favorito das empresas brasileiras que realizaram aquisições no exterior. 

Private Equity

Os fundos de Private Equity transacionaram um total de R$ 25,2 bilhões em 2019, o que representa um aumento de 27,3% em relação ao ano de 2018. Este valor é uma referência tendo em conta que apenas 51% das transações tiveram seus valores divulgados. 

A maior parte dos negócios envolveram fundos estrangeiros, um total de 54 transações que movimentaram R$ 15,9 bilhões. 

O setor que mais atraiu o interesse dos fundos de Private Equity foi o Financeiro e Seguros com 18 transações que representaram um aumento de 125% em relação ao ano anterior, seguido do setor tecnológico, que cresceu 33%. 

Venture Capital  

Em 2019, os fundos de Venture Capital transacionaram mais de R$ 10 bilhões, o que retrata um crescimento de 20,7% em relação ao ano de 2018. Podemos ressaltar que de 274 transações, 190 foram realizadas por fundos brasileiros e o restante por fundos estrangeiros. 

O setor que mais atraiu o interesse dos fundos de Venture Capital foi o tecnológico com 160 transações, o que representa um aumento de 40%. O fundo brasileiro Redpoint e.Ventures terminou o ano como o mais ativo com 18 transações, seguido pelo também brasileiro Canary com 16 investimentos. 

Mercado de capitais 

Em relação a IPOs, o ano terminou com oito aberturas de capital concluídas e mais quatro em andamento. No total as completadas somaram cerca de R$20 bilhões movimentados.  

A partir de 2017, vemos um grande crescimento na busca de financiamento por meio da abertura de capital, com um salto de apenas um IPO em 2016, para 11 em 2017, com R$ 20,6 bilhões captados. A partir disso houve um fluxo sem muitas variações radicais, desta forma, em 2018 houve uma diminuição de 45% no número de IPOs, porém apenas 6% na redução do montante total. 

Transação TTR do Trimestre

A conclusão da aquisição pela América Móvil de de 100% da Nextel Brasil e suas subsidiárias foi eleita pelo TTR como a transação destacada do quarto trimestre. O valor da operação foi de USD 905m.

Em lei brasileira a América Móvil contou com a assessoria do BMA – Barbosa Müssnich Aragão. No valod vendedor o escritório Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados foi assessor da NII Holdings.

Rankings de assessoria financeira e jurídica 

Com referência aos assessores financeiros, o Banco Itaú BBA lidera o ranking em volume com 44  transações, enquanto o ranking por valor total é liderado pelo BR Partners com R$ 52,6 bilhões. 

Já na assessoria jurídica, no tocante ao volume de transações o escritório Pinheiro Neto Advogados lidera o ranking com 108 transações assessoradas. Já o ranking por valor total é liderado pelo escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados com um total de R$ 63,1 bilhões.

DealMaker Q&A

TTR DealMaker Q&A com Maria Elisa Gualandi Verri, sócia do TozziniFreire Advogados

Membro do Comitê Executivo de TozziniFreire, corresponsável pela prática Societária e de Fusões e Aquisições do escritório e pela área de Investimento Social Corporativo, Maria Elisa cultivou sempre uma visão multidisciplinar do direito, destacando-se na área contratual – conhecimento que vem utilizando em aquisições e vendas de empresas. Também possui ampla experiência na coordenação de assessoria a empresas em geral, notadamente em assuntos contratuais e societários.

_____________________________________________

TTR: Como você caracterizaria a atividade de M&A no mercado brasileiro até agora este ano?

A atividade de M&A veio em um crescente ao longo do ano, aproximando-se das expectativas que existiam com a chegada do novo governo. Além disso, incertezas econômicas e políticas vêm sendo superadas com um progressivo aquecimento. Conforme os números apresentados nos relatórios da TTR em 2019, o valor total de transações já é superior em relação ao ano passado e há boa expectativa para os próximos meses.

Elementos essenciais para o fortalecimento da confiança no país são as Reformas da Previdência e Tributária, que contribuirão de maneira significativa para aumentar a movimentação no mercado brasileiro. 

Outro fator que impulsionará a atividade de M&A nos próximos anos é a agenda de privatizações, concessões e parcerias público-privadas (PPPs), cenário no qual é possível acompanhar um crescimento já em 2019. 

TTR: Como o clima político atual está impactando a tomada de decisões em fusões e aquisições?

O primeiro ano de governo é um momento de transição e há muitos desafios políticos e econômicos, mas o país não perdeu seu papel relevante no panorama global e continua sendo um dos mercados emergentes mais promissores para os investidores estrangeiros. 

Vale destacar duas décadas de estabilidade política, com uma democracia estabelecida, com instituições sólidas e controle da inflação. Além disso, o atual governo está implementando reformas sobre as quais havia expectativa e que se fazem prementes para manutenção da estabilidade econômica. 

Existe também uma expectativa em relação ao crescimento no ambiente econômico que favorece um cenário de interesse para investidores estrangeiros, o que nos leva a apostar no aquecimento da atividade de M&A no Brasil. 

TTR: Qual o impacto da Lei de Liberdade Econômica na atividade de M&A no país?

A Lei da Liberdade Econômica busca desburocratizar a atividade empresarial e estimular o empreendedorismo e a inovação, o que naturalmente traz reflexos positivos para a atividade de M&A.

Regras mais claras sobre responsabilidade do sócio/acionista e da pessoa jurídica, a possibilidade de sociedades unipessoais, regras envolvendo desburocratização de documentos e procedimentos, estão na esteira de um movimento que aproxima o ambiente de negócios no Brasil ainda mais aos padrões internacionais.

TTR: Como a tendência crescente da responsabilidade social corporativa afeta as decisões de investimento?

Cada vez mais as empresas têm levado em consideração questões de responsabilidade social e compliance em suas decisões estratégicas. O crescente escrutínio da sociedade e do mercado tem colocado as empresas sob o holofote, tornando sua cadeia de valor ainda mais suscetível a riscos de imagem e financeiros, entre outros. 

Ao avaliar um investimento, já não é suficiente considerar apenas fatores de natureza econômica. Práticas de responsabilidade social corporativa, de posicionamento da empresa na sociedade e seu nível de compliance são hoje elementos valiosos na tomada de decisão. 

A conscientização nesse sentido é parte de um ciclo virtuoso que movimenta empresas que buscam investimento e desinvestimento, com engajamento em iniciativas que trazem mudanças concretas nas boas práticas empresariais e na sociedade. 

TTR: Como as necessidades de consultoria de investimentos socialmente diferentes diferem das necessárias para qualquer outra transação?

O investimento social de impacto veio para ficar e requer habilidades negociais, transacionais e legais similares àquelas aplicáveis a qualquer outro investimento. De qualquer modo, há de se ter o olhar apurado para o resultado final; ou seja, para o impacto que se visa gerar na sociedade.