Portugal: Ranking de assessores financeiros e jurídicos

PORTUGAL: RANKING DE ASSESSORES

PANORAMA TRANSACIONAL

O volume de fusões e aquisições no mercado transacional português somou € 1,02 mil milhões, um salto de 45,86% comparado ao mesmo período de 2016. A TTR registou 16 operações em Portugal em outubro. Desde o início do ano, o país já soma 241 negócios, que alcançaram valor total superior a € 9,4 mil milhões, crescimento de 43,1% no valor das operações.

ASSESSORES FINANCEIROS

O pódio do ranking TTR de assessores financeiros por valores das transações é liderado pelo Natixis Partners, que acumulou em 2017 o valor de € 2,5 mil milhões. Em seguida, aparecem BBVA, com €1,1 mil milhões, e Millennium BCP, €1 mil milhões.

ASSESSORES JURÍDICOS

O ranking de assessores jurídicos por valor é liderado por Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva & Associados, €1 mil milhão, seguido por Vieira de Almeida, €1 mil milhão, e Uría Menéndez – Proença de Carvalho, €954 milhões.

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Relatório mensal: Portugal- Outubro, 2017

Fusões e aquisições crescem 45,86% em Portugal em outubro

  • Transações revelaram valores que somam € 1,02 mil milhões
  • Investimentos de private equity tiveram alta de 150% no mês

CENÁRIO DE PORTUGAL

O volume de fusões e aquisições no mercado transacional português somou € 1,02 mil milhões, um salto de 45,86% comparado ao mesmo período de 2016. O TTR registou 16 operações em Portugal em outubro. Desde o início do ano, o país já soma 241 negócios, que alcançaram valor total superior a € 9,4 mil milhões, crescimento de 43,1% no valor das operações.

Tecnologia foi o subsetor com mais destaque neste mês, com três transações, porém, com queda de 19% no número de operações no decorrer do ano. O segmento Imobiliário  foi o que mais recebeu investimentos desde janeiro, foram 46 operações que representaram uma alta de 21%, seguindo a tendência que se repete desde 2015. O maior crescimento foi no setor de Saúde, Higiene e Estética, com aumento de 38% de negócios anunciados.

CROSS-BORDER

O mercado português totalizou 81 operações de cross-border inbound. Destas, 23 foram investimentos de empresas com sede em Espanha. O vizinho ibérico investiu € 607 milhões em empresas portuguesas ao longo do ano. Em seguida, destacam-se os investimentos de empresas do Reino Unido, com 14 aquisições registradas que agregaram € 122,4 milhões.

Os investimentos de Portugal no mercado estrangeiro concentraram-se no Reino Unido e em França, onde o país fez as maiores aquisições do ano, € 5 milhões e € 3 milhões, respetivamente. Por outro lado, Espanha foi o país onde mais se realizaram aquisições – quatro, de janeiro a outubro.

PRIVATE EQUITY E VENTURE CAPITAL

No último mês, o TTR contabilizou cinco transações de private equity, num total de 37 no decorrer do ano, salto de 23% comparado ao mesmo intervalo de 2016. O total aportado também tem saldo positivo, 191% de crescimento em 2017, tendo alcançado o valor de € 4,6 mil milhões em operações dessa modalidade. Saúde, Higiene e Estética e Distribuição e Retail foram os segmentos com mais procura pelos investidores de Private Equity. 

O cenário de venture capital, que no ano tem registado resultados pouco expressivos, com queda de 23% no número de operações, teve em outubro um bom resultado. Foram três operações reportadas, que somaram € 48,22 milhões, um salto de 655% em relação ao mesmo mês do ano anterior.

TRANSAÇÃO DO MÊS

A transação destacada pelo TTR foi a conclusão da aquisição da totalidade do capital social da EDP Gás e suas subsidiárias, EDP Gás Distribuição e EDP Gás GPL, pela REN – Redes Energéticas Nacionais, em uma transação que movimentou € 532,4 milhões.

Com a transação, a REN procura atingir uma maior integração dos negócios de gás natural e, também, manter um forte perfil de crédito e financeiro. Para financiar a operação, o conselho de administração da REN aprovou o recurso a linhas de crédito e um aumento do capital social, a realizar mediante oferta pública de subscrição. Tais condições estão sujeitas à aprovação dos órgãos sociais competentes da REN.

A EDP – Energias de Portugal teve assessoria financeira na transação da BBVA e do Millenium BCP, enquanto a REN – Redes Energéticas de Portugal foi assessorada financeiramente pelo Haitong Bank. Atuaram como assessores legais da REN, os escritórios Uría Menéndez – Proença de Carvalho e Garrigues Portugal. O PLMJ assessorou a REN no financiamento da operação.

ENTREVISTA: João Caldeira, sócio na CMS Rui Pena & Arnaut

“…a crescente dinâmica e afirmação das “Startups” portuguesas, inclusivamente no contexto internacional, deverá conduzir a um aumento dos investimentos de “Venture Capital“.

Leia a entrevista completa aqui.

RANKING: Assessores Financeiros e Jurídicos

O pódio do ranking de assessores financeiros por valores das transações é liderado pelo Natixis Partners, que acumulou em 2017 o valor de € 2,5 mil milhões. Em seguida, aparecem BBVA, com €1,1 mil milhões, e Millennium BCP, €1 mil milhões. Já o ranking de assessores jurídicos por valor é liderado por Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva & Associados, €1 mil milhão, seguido por Vieira de Almeida, €1 mil milhão, e Uría Menéndez – Proença de Carvalho, €954 milhões.

João Caldeira, sócio na CMS Rui Pena & Arnaut, discute o mercado Português

João Caldeira é sócio na CMS Rui Pena & Arnaut e tem desenvolvido a sua actividade profissional predominantemente na área das sociedades comerciais, fusões, aquisições, reestruturações societárias, capitais de risco, joint ventures, mercado de capitais e corporate finance.

Apesar do ano não ter terminado ainda, é possível já realizar uma análise do que esse ano representou para o mercado português de M&A?

As previsões assentes nos dados disponíveis indiciam que a atividade de M&A na Europa no ano de 2017 terá um crescimento ligeiramente negativo ou nulo comparativamente com o ano de 2016. Esta tendência resulta sobretudo de um comportamento menos favorável da atividade de M&A em mercados muito relevantes como o do Reino Unido, Alemanha e França, que contrasta com um crescimento positivo da atividade de M&A noutras regiões, designadamente na Europa de leste e na Europa do sul.

O crescimento negativo ou nulo da atividade de fusões e aquisições na Europa parece estar a ser influenciado pelos riscos inerentes ao “Brexit” e à forma como o processo de saída do Reino Unido da União Europeia está a decorrer, que se sobrepõe a uma percecionada diminuição geral dos riscos políticos na Europa continental.

Em Portugal, à semelhança de outros países da Europa do sul, os dados disponíveis sobre o número de transações concluídas e número de transações em curso sustentam previsões que apontam no sentido de um crescimento ligeiro da atividade de M&A no ano de 2017.

Para o crescimento da atividade de fusões e aquisições está a contribuir o bom desempenho da economia portuguesa no ano de 2017, projetando-se para este ano um crescimento do PIB substancialmente superior ao do ano de 2016 (2,5% na projeção do Banco de Portugal de 4 de outubro), superior ao da média da zona euro, assente essencialmente no crescimento substancial das exportações, que deverá compensar alguma quebra no consumo (público e privado). Por outro lado, parece ser atingível o objetivo de redução do défice orçamental para 1,5% do PIB em 2017.

Na sequência da melhoria dos indicadores da economia portuguesa, já em meados de setembro, a agência de rating “Standard & Poor´s” subiu a notação da dívida pública portuguesa de BB+ para BBB- (de dívida especulativa para dívida em grau de investimento) e atribuiu à notação uma perspetiva ‘estável’. A melhoria da notação da dívida pública portuguesa terá certamente repercussões muito favoráveis no desempenho da economia e no crescimento das empresas. Por outro lado, com a alteração da notação da dívida pública portuguesa a aquisição de targets portugueses passa a ser enquadrável na política de investimentos de mais investidores estrangeiros, o que incrementará o nível de aquisições “inbound“, que muito pesam na dinâmica do mercado de M&A português. Em suma, têm vindo a ser reunidas um conjunto de condições que certamente contribuirão para uma melhoria na atividade de M&A no último trimestre de 2017 e, com maior intensidade, no ano de 2018.

O setor Imobiliário continua sendo o destaque das transações de M&A no mercado Português, uma tendência que se mantem desde 2015, porém setores como Tecnologia e Financeiro, particularmente pelas fintechs, também tem atraído a atenção de investidores externos. Como avalia essas movimentações de mercado e quais são as expectativas para os próximos meses?

É no sector imobiliário que têm ocorrido o maior número de transações em fusões e aquisições, tendência que vem desde 2015 e continuará a manter-se em 2017 e, provavelmente, no ano de 2018. O mercado imobiliário continua em crescimento, transversal aos diversos segmentos (escritórios, retalho, investimento, residencial e hoteleiro), com uma forte presença de investidores internacionais.

O sector das empresas tecnológicas também tem estado particularmente ativo, registando-se um número assinalável de transações nos últimos anos. Tem havido um interesse crescente dos investidores no setor das FinTech, atendendo a que projetos de sucesso destas empresas, assente em saltos tecnológicos, poderão ter um enorme potencial de transformação da forma como as atividades financeiras ou atividades conexas são desenvolvidas. E em Portugal têm surgido “Startups” no sector que têm despertado a atenção dos investidores internacionais e das empresas financeiras.

Em relação aos deals envolvendo investimentos de Private Equity, como caracterizaria essas negociações em Portugal nos últimos 12 meses em termos de valores e também sobre quais são os targets dessas transações? Poderia nos fornecer um “insight” sobre as principais tendências que estão se moldando nesse setor?

Nos primeiros três trimestres do ano de 2017, verifica-se uma tendência de crescimento da atividade de “Private Equity“, com um aumento do número e volume de transações, com especial relevância para o setor energético, indústria de construção, saúde e financeiro, sendo expectável a manutenção dessa tendência até final do ano e no princípio do ano de 2018.

O ano de 2017 tem sido marcado pelo incremento das operações de desinvestimento, não só de empresas que pouco sofreram com a grave crise que Portugal atravessou em anos recentes, por estarem dirigidas ao setor exportador, como também de empresas que mais rapidamente recuperaram, a partir de 2015, em face da melhoria das condições económicas. Para este crescimento contribuiu decisivamente o aumento do investimento estrangeiro realizado por investidores institucionais e industriais. Na medida em que se mantenha o bom desempenho da economia portuguesa, que dependerá de muitas variáveis dificilmente controláveis, internas e sobretudo externas, é natural que no ano de 2018 venhamos a ter um crescimento relevante do investimento de “Private Equity“.

Como as saídas de Private Equity tem se desenhado no país? Já é possível identificar um padrão em relação à essas transações?

Após um período em que foi difícil concretizar operações de desinvestimento, no ano em curso regista-se uma retoma desse tipo de operações parecendo ter havido uma preocupação das “Private Equity” em diminuir a incerteza quanto ao preço de venda, o que incentivou a não utilização de mecanismos de ajuste de preço, o recurso a mecanismos de “locked-box” e a introdução de limites mais ambiciosos no que respeita à responsabilidade por violação de declarações de representação e garantia.

As operações de Venture Capital poderiam, após as rodadas realizadas por fundos nacionais e internacionais em startups de Portugal recentes, retomar uma tendência de crescimento? Quais são as expectativas para essa modalidade de investimento em Portugal no próximo ano?

Temos assistido a um crescimento das operações de “Venture Capital“, muito embora este tipo de operações continue a ter um peso relativamente baixo no investimento em capital de risco. Não obstante, a crescente dinâmica e afirmação das “Startups” portuguesas, inclusivamente no contexto internacional, deverá conduzir a um aumento dos investimentos de “Venture Capital“. Os apoios públicos também poderão dar um contributo bastante positivo na dinamização do “Venture Capital“, como é o caso do recém criado Fundo de Coinvestimento 200M, com um capital inicial de 100 milhões de euros, destinado a fomentar a constituição e capitalização de empresas em fase de arranque, através de operações de “Venture Capital” a realizar conjuntamente por operadores de capital de risco públicos e privados.

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PORTUGAL: RELATÓRIO MENSAL- SETEMBRO

Fusões e Aquisições em Portugal crescem 42,73% até Setembro

  • Portugal registou 222 transações até Setembro
  • 83 transações revelaram valores que somam € 8,4 mil milhões
  • Investimentos de private equity tiveram alta de 191% no ano

PANORAMA DO MERCADO TRANSACIONAL

O mercado de fusões e aquisições de Portugal movimentou €8,4 mil milhões de janeiro a setembro, um crescimento de 42,73% face ao mesmo intervalo do ano anterior. Segundo o Relatório Mensal de M&A da Transactional Track Record, já foram registradas 222 transações no país desde o início do ano.

Dois subsetores têm liderado os movimentos transacionais no país em 2017. O segmento Imobiliário aparece como mais ativo do período, desde janeiro foram registradas 45 operações envolvendo empresas do setor, representando uma alta de 22%, seguindo tendência que se repete desde 2015. Porém, o maior crescimento foi no setor de Saúde, Higiene e Estética, cujas transações aumentaram em 27%.

Cross-Border

Em número de operações cross-border, o mercado português soma 74 operações de inbound, em que empresas portuguesas foram adquiridas por companhias estrangeiras.   Ao longo do ano, o país que mais efetuou transações em território nacional foi a Espanha, que adquiriu 19 empresas. Uma das aquisições mais expressivas, foi a aquisição da portuguesa Lestenergía – Exploração De Parques Eólicos pela Saeta Yield, operadora de projetos de energias renováveis de origem espanhola, por €104 milhões.

O Reino Unido ultrapassou, assim como a Espanha, os Estados Unidos em números de transações, foram 14 contra as 10 estadunidenses. Porém, nenhum dos dois países europeus os alcançaram em termos de aportes, visto que as transações envolvendo empresas dos EUA totalizaram mais de € 1.1 mil milhões.

Private Equity and Venture Capital

Os anúncios de investimentos realizados por firmas de investimento de private equity contabilizaram no acumulado do ano 31 operações, um aumento de 11% em relação ao mesmo período de 2016. Dez dessas transações revelaram valores que somam € 4,6 mil milhões, um incremento de 191%.

Já o cenário de venture capital permanece pouco expressivo, com investimentos na ordem de € 26 milhões no ano, representativos de uma queda de 70% no total aportado e de 25% no número de operações, 21 no ano.

TRANSAÇÃO DO TRIMESTRE

A transação do trimestre eleita pela Transactional Track Record, foi a aquisição do Grupo Elevo, detido pela Vallis Construction Sector, pela Nacala Holding, empresa com sede em Luxemburgo pertencente ao empresário Gilberto Rodrigues, pelo valor de €90 milhões.

Localizado em Lisboa, o Elevo é um grupo de engenharia e construção que resultou da fusão entre os grupos Edifer, Monte Adriano, Hagen e Eusébios. No ano de 2016, a empresa registou um volume de negócios de cerca de €450 milhões.  A Nacala Holdings recebeu assessoria jurídica da FCB&A Sociedade de Advogados, e a Vallis Construction Sector, da SRS Advogados.

ENTREVISTA:

Diogo Perestrelo, da PLMJ, discute o mercado de M&A em Portugal:

“…obstáculos regulamentares, as qualificações dos trabalhadores, a possibilidade de utilizar novos instrumentos financeiros para financiar os melhores projetos. Qualquer política que favoreça estes aspetos vai certamente contribuir para incrementar o investimento. Mas se tivesse que citar um fator apenas, diria que a estabilidade do enquadramento fiscal é crítico para um investidor internacional.”

 

Entrevista: Diogo Perestrelo, da PLMJ, discute o mercado de M&A em Portugal

Diogo Perestrelo, é socio da PLMJ. Os principais projectos em que prestou assessoria jurídica durante os últimos anos incluíram fusões e aquisições em diversos sectores, entre os quais, transportes, infra-estruturas e energia bem como operações de private equity, designadamente MBOs, MBIs e buy & build. Também participou na assessoria jurídica, desde o seu início em Portugal, de diversos Project Finance nas áreas das concessões rodoviárias, energias renováveis, águas e telecomunicações.

TTR: Como descreveria a performance do mercado português de M&A desde o início de 2017 até agora? 

Diogo Perestrelo: O mercado português de M&A tem tido uma performance que se caracteriza essencialmente por operações de M&A dito “tradicional”, e, em menor escala, operações de private equity. Parte significativa dessas operações decorre de uma clara estratégia de desinvestimento em ativos não essenciais ou ativos de risco, e visa consolidar as condições financeiras de instituições bancárias, fundos e empresas em geral.

Temos também assistido a operações de M&A de outra natureza, envolvendo outro tipo de investidores, com vocação e objetivos distintos, de que é exemplo a aquisição, pelo fundo Ardian, o maior fundo de infraestruturas europeu, da Ascendi – o segundo maior grupo de concessões de autoestradas português. O que demonstra bem que o mercado português permaneceu ativo, também no contexto de investimentos com objetivos de longo prazo.

TTR: No que diz respeito aos investimentos estrangeiros realizados em empresas portuguesas, os que mais se destacam são as empresas cujas sedes estão localizadas na Espanha, nos Estados Unidos e no Reino Unido. Quais características das empresas portuguesas o senhor acredita atrair o interesse dos investidores estrangeiros?

Diogo Perestrelo: Creio que o crescente interesse no investimento em empresas portuguesas não decorre tanto das características das empresas portuguesas per si, mas sim dos setores económicos em que estas operam. Seja no domínio do turismo, das áreas tecnológicas, da energia renovável, são setores em franca expansão ou consolidação, nos quais as nossas empresas beneficiam de uma ampla e reconhecida experiência. Uma palavra também para o programa Startup Portugal, que impulsionou e reforçou a capacidade de afirmação internacional das empresas portuguesas. A realização da Web Summit em Lisboa também permitiu e continuar a dar frutos e visibilidade ao mercado das start-ups e das tecnológicas portuguesas.

É gratificante, como advogado português, constar que cada vez mais, em contextos profissionais internacionais, as questões que me colocam incidem sobre setores preferenciais para investir e as oportunidades disponíveis, e não (já), como acontecia há uns anos atrás, sobre a situação do País na sequência da intervenção da Troika.

TTR: Qual tendência destacaria como a que trouxe os melhores resultados em termos estratégicos para as empresas portuguesas? Quais políticas adotadas podem ser fatores de influência para estimular os investimentos? 

DP: As decisões de investimento empresarial dependem de vários fatores. Para além dos aspetos de política macroeconómica e do quadro orçamental e fiscal, há dimensões do quotidiano das empresas que contextualizam o investimento e que o influenciam. Por exemplo, obstáculos regulamentares, as qualificações dos trabalhadores, a capacidade de selecionar bons projetos, a possibilidade de utilizar novos instrumentos financeiros para financiar os melhores projetos. Qualquer política que favoreça estes aspetos vai certamente contribuir para incrementar o investimento. Mas se tivesse que citar um fator apenas, diria que a estabilidade do enquadramento fiscal é crítico para um investidor internacional.

Foi recentemente publicado o diploma através do qual se cria o Fundo de Coinvestimento 200M, que visa fomentar a constituição ou capitalização de empresas, nomeadamente na fase de arranque, e promover o capital de risco. Ainda é cedo para avaliar os resultados práticos das medidas previstas neste diploma, mas estamos convictos de que serão um importante instrumento para reforçar a atividade e o investimento empresarial.

TTR: O Setor Imobiliário vem sendo o motor das transações de M&A no mercado Português, uma tendência que se mantem desde 2015. Quais são as perspetivas de crescimento desse setor para o próximo ano? Acha que pode haver uma saturação do mercado?

DP: O mais provável é que essa tendência perdure por mais alguns anos, embora se espere algum abrandamento nos preços dos imóveis. Há segmentos deste mercado que ainda não revelaram todo o seu potencial. Assim, o setor imobiliário tem margem para crescer, seja através da implementação de novas oportunidades de negócio em parceria com proprietários de prédios devolutos ou subocupados nos centros urbanos, seja pela via de estratégias integradas com o setor do turismo, promovendo as diferentes regiões nacionais e consolidar a descentralização na procura turística. Recorde-se que continuamos a assistir a um crescimento significativo no setor do turismo – os dados oficiais confirmam que Portugal nunca recebeu tantos turistas como no ano passado e que este setor provavelmente continuará em ascensão.

Portugal é um país pequeno com infraestruturas de telecomunicações e rodoviárias ao nível do melhor que há no mundo e o interior do País e isso faz com que novas zonas do País fora dos grandes centros urbanos e mesmo no interior possam ser objeto de desenvolvimento imobiliário.

TTR: Houve um aumento no interesse de investidores de Private Equity e Venture Capital olhando para Portugal. Do seu ponto de vista, as empresas portuguesas têm tido sucesso ao buscar esses investimentos? Quais são as estratégias que estão sendo favorecidas pelas empresas para atrair essas modalidades de investimentos? 

DP: O acesso a capital de risco é, efetivamente, uma opção para as empresas portuguesas, sejam elas startups,sejam empresas já com algum grau de maturidade.  Em traços gerais, o investidor tem a expectativa de aceder a projetos inovadores em mercados com potencialidade de crescimento e beneficiar de equipas com elevado grau de complementaridade, detentoras de profundo conhecimento da área de negócio.

O investimento de private equity e venture capital tem sido um caso de sucesso no nosso País. As empresas perceberam que um dos fatores mais relevantes para a captação deste tipo de investimento é a capacidade de reunir uma equipa de qualidade, com capacidade de identificar problemas, desenhar soluções e promover a sua execução, de uma forma eficiente. Naturalmente que outro fator essencial é a existência de um modelo de negócio, com acesso a canais de distribuição flexíveis, que permitam alcançar dimensões relevantes, com o mínimo capital possível.

Talvez a estratégia das empresas para atraírem esta modalidade de investimento assente nestes dois pilares: equipas capazes e modelos de negócio inovadores e eficientes.

TTR: Qual sua expectativa para o último trimestre do ano?

DP: Podemos antecipar um aumento nas fusões e aquisições no setor financeiro, mantendo-se a tendência de venda de ativos por bancos e instituições financeiras, essencialmente ativos não estratégicos ou os designados ativos de risco. Esta foi uma tendência importante em 2017, que nos parece poder continuar até ao final do ano.

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ENGLISH

Diogo Perestrelo, is a partner at PLMJ. The main projects on which he has advised in recent years include mergers and acquisitions in the transport, infrastructures and energy sectors, as well as private equity transactions, particularly MBOs, MBIs and buy-and-build transactions. 
He has been involved in project finance since it became popular in Portugal, having participated in several project finance transactions in areas such as road concessions, renewable energies, waters and telecommunications.

TTR: How would you describe the performance of the Portuguese M&A market from the beginning of 2017 until now? 

Diogo Perestrelo: The performance of the Portuguese M&A market is essentially characterised by “traditional” M&A transactions and, to a lesser degree, by private equity deals. A significant number of these operations arise from a clear strategy to disinvest in non-core assets or risky assets, and they are intended to consolidate the financial situations of banking institutions, funds and companies in general.

We have also witnessed other types of M&A operations involving a different type of investor, with differing locations and objectives. One example of this is the acquisition by the fund Ardian – which is Europe’s largest infrastructure fund – of Ascendi, the second largest Portuguese motorway concessions group. This clearly demonstrates that the Portuguese market has remained active, including in the context of investments with long-term objectives.

TTR: When it comes to foreign investments made in Portuguese companies, the ones that stand out most are those made by companies with headquarters in Spain, the United States and the United Kingdom. What characteristics of Portuguese companies do you think attracts the interest of foreign investors?

DP: I believe the growing interest in investment in Portuguese companies does not come so much from the characteristics of the Portuguese companies per se, but rather from the economic sectors they operate in. Tourism, technology and renewable energy are all sectors enjoying healthy expansion or consolidation, and Portuguese companies in these sectors benefit from broad and well-recognised experience. I would also mention the Startup Portugal programme, which has boosted and strengthened the international standing of Portuguese companies. Holding the Web Summit in Lisbon has also continued to bear fruit and bring greater visibility to the start-up market in Portugal and to Portuguese technology.

As a Portuguese lawyer, it is a source of great satisfaction to me to be greeted increasingly, in international professional contacts, with questions on the preferred sectors for investment and on the opportunities that are available. This is a welcome contrast with the questions I used to face the few years ago about the situation of the country in the wake of the intervention by the Troika.

TTR: Which trend would you highlight that has brought the best results in strategic terms for Portuguese companies? Which of the policies adopted may be influencing factors that stimulate investments? 

DP: Business investment decisions depend on various factors. Besides macroeconomic policy issues and the budgetary and tax framework, there are aspects of the day-to-day running of companies that contextualise and influence investment. For example, regulatory obstacles, workers’ qualifications, the capacity to select good projects, and the possibility to use new financial instruments to finance the best projects. Any policy that improves these issues will undoubtedly contribute to increasing investment, but if I had to quote just one factor, I would say that the stability of the tax framework is critical to international investors.

A piece of legislation was recently published that creates the 200M Coinvestment Fund. The aim of this new legislation is to create or capitalise companies, particularly in the start-up phase, and to promote venture capital. It is still too early to assess the practical results of the measures set out in this legislation, but we are convinced it will be an important tool to boost business activity and investment.

TTR: The real estate sector has been the motive behind M&A transactions in the market, and this trend has continued since 2015. What are the prospects for growth in this sector for the coming year? Do you think the country might be facing market saturation?

DP: It is very possible that this trend will last for a few more years, although we expect to see a slowdown in property price increases. There are segments of this market that have still not reached their full potential and this means the real estate sector still has room to grow. This growth may come either by implementing new business opportunities in partnership with the owners of vacant or under-occupied buildings in city centres, or through strategies integrated with the tourism sector that promote different regions of Portugal and consolidate decentralisation of tourism demand. We are continuing to see significant growth in the tourism sector – official data confirms that Portugal has never welcomed so many tourists as it did last year, and this sector is likely to remain on the up.

Portugal is a small country, but its telecommunication and road infrastructures are world-class. This has made it possible for new areas of the country outside the main urban centres and deep in the interior to attract real estate development.

TTR: There has been an increase in interest in Portugal on the part of private equity and venture capital investors. In your opinion, have Portuguese companies in successful seeking out these investments? What strategies do Portuguese companies favour to attract these types of investments?

DP: Access to venture capital is a real option for Portuguese companies, whether they are start-ups or companies that have already achieved some degree of maturity.

In general terms, investors can expect access to innovative projects in markets with potential for growth. They can also benefit from teams they can work with seamlessly, who have deep knowledge of the business areas they work in.

Private equity and venture capital investment has been a success case in Portugal. Companies realise that one of the most important factors to attract this type of investment is the capacity to put together a quality team with the ability to identify potential problems, then design appropriate solutions and put them into practice efficiently. Naturally, another crucial factor is the existence of a business model and access to flexible distribution channels, which allow companies to achieve significant size with the minimum capital possible.

The strategy of companies to attract these types of investments is perhaps based on two main pillars: capable teams and innovative and efficient business models.

TTR: What are your expectations for the last quarter 2017?

DP: We can expect an increase in mergers and acquisitions in the financial sector, and a continuation of the trend of sale of assets by banks and financial institutions – essentially non-core assets and risky assets. This has been a significant trend so far in 2017 and we expected to continue through the end of the year.

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