Laura é sócia da prática de Societário e M&A do Lefosse. Possui sólida experiência em direito societário com foco em fusões & aquisições, joint ventures, mercado de capitais, investimentos de private equity, venture capital e reorganizações societárias. Antes de integrar a equipe do Lefosse, foi responsável pelas áreas de fusões e aquisições, mercado de capitais e societário da JBS. Foi ainda general counsel da UHG Brasil. Graduou-se em Direito pela USP (Universidade de São Paulo) e possui LL.M. pela New York University School of Law. Laura trabalhou no escritório Greenberg Traurig LLP em Nova Iorque.
TTR Data: Em meio a um panorama de incertezas nos investimentos, em que fazer avaliações se tornou complexo e em que o financiamento ficou mais caro: qual o equilíbrio que o Lefosse faz nos segmentos de M&A, Private Capital e Venture Capital no Brasil?
Nos últimos meses, o mercado de M&A tem dado sinais de retomada, com transações de valores relevantes em vários setores da economia, tais como infraestrutura, óleo e gás e serviços financeiros. Transações cross border também têm aumentado, com um maior interesse de estrangeiros no país, em decorrência, dentre outros fatores, do início da queda da taxa de juros nos Estados Unidos.
Os fundos de private equity ainda encontram desafios para fazer desinvestimentos via mercado de capitais, o que aumenta a possibilidade de saídas via transações de M&A. Há também uma expectativa de que os fundos de private equity voltem a atuar, pois estão muito capitalizados, mas isso ainda irá depender da melhora de fatores macroeconômicos no Brasil e nos Estados Unidos.
Já o mercado de venture capital tem sofrido com a pressão de gestoras por retorno rápido, o que faz com que investimentos em startups mais maduras sejam priorizados. Com isso, startups têm lançado mão de alternativas para se financiar, como fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs) e debt financing (financiamento via emissão de dívida).
TTR Data: Quais os principais e mais recentes desafios regulatórios que o escritório tem enfrentado no mercado de M&A no Brasil?
Setores regulados ainda encontram dificuldades decorrentes de gargalos para aprovações regulatórias, o que impacta custo e cronograma de transações. Há dificuldade para a aprovação de transações em agências regulatórias, que sofrem com restrições orçamentárias, greves e pouco pessoal.
Por outro lado, as recentes reformas na regulamentação cambial já geram alguma simplificação em transações, tais como em relação a registro de capital estrangeiro e câmbio. As novas fases da reforma cambial, em relação a registro de investimento estrangeiro em bolsa, por exemplo, que ainda está em discussão e deve entrar em vigor no próximo ano, devem trazer benefícios adicionais e podem auxiliar a atração de investimentos.
TTR Data: O Brasil concentrou aproximadamente 60% de todas as transações de M&A anunciadas na América Latina nos últimos anos. Quais são os drivers mais relevantes para continuar a consolidar o mercado brasileiro na América Latina no curto e médio prazo?
Investimentos em infraestrutura estão em expansão. O Brasil tem investido na melhoria de suas redes de transporte para facilitar o escoamento de produtos agrícolas e industriais. As concessões e parcerias público-privadas (PPPs) são instrumentos chave para isso, apresentando oportunidades para M&A, à medida que empresas buscam consolidar e expandir suas operações logísticas. A modernização dos portos aumenta a capacidade de exportação e é um foco para investimentos, especialmente em regiões como o Sudeste e o Nordeste, que são estratégicas para o comércio exterior. Além disso, a aprovação do novo marco regulatório do saneamento básico em 2020 abriu o setor para mais investimentos privados, aumentando consideravelmente as oportunidades de M&A neste segmento. Empresas estrangeiras estão especialmente interessadas em entrar no mercado brasileiro através de aquisições no setor.
Já no setor de fintechs e meios de pagamento, ainda há bastante oportunidade de consolidação, seja pelo custo de compliance de se manter uma empresa regulada (que é diluído em um grande player), seja em relação a novos produtos. Isso é resultado do amadurecimento do mercado, depois do boom vivenciado na última década. No olhar do regulador, tais consolidações acabam diminuindo o risco sistêmico, já que empresas que podem ter dificuldade de se sustentarem sozinhas são absorvidas por grupos mais estruturados e estáveis.
TTR Data: O setor de tecnologia, assim como o setor financeiro, têm sido os dois mais ativos no mercado transacional brasileiro em número de transações em 2024. Como uma das empresas líderes no setor na área de M&A, qual o papel do mercado de tecnologia para impulsionar os investimentos no mercado de M&A no Brasil? Que outros setores parecem altamente financiáveis neste momento?
O setor de tecnologia é fundamental para o crescimento de operações de M&A no Brasil. Ele tem sido impulsionado pela rápida digitalização que a pandemia acelerou, aumentando a demanda por soluções tecnológicas, além da crescente adoção de inteligência artificial. O ecossistema de startups, especialmente em fintechs, healthtechs, edtechs e agrotechs, tem atraído investidores internacionais interessados em inovações escaláveis. O país também tem se beneficiado de investimentos diretos de empresas globais de tecnologia, que fortalecem aquisições locais.
No setor financeiro, fintechs lideram a inovação por conta da modernização regulatória recente. Além disso, o setor de saúde e biotecnologia tem crescido significativamente com a demanda por telemedicina e novos produtos farmacêuticos. No agronegócio, a tecnologia agrícola vem melhorando a eficiência, enquanto o foco em energias renováveis torna o Brasil atrativo para investimentos sustentáveis. Infraestrutura e construção seguem sendo promissoras, com a necessidade de modernização do país, e o e-commerce em expansão também gera oportunidades em logística e consolidações.
TTR Data:Acompanhando o segmento de Private Equity e Venture Capital, como evoluirá essa indústria no Brasil e quais as perspectivas para os próximos meses?
Há sinais de que a fase de maior retração de private equity está finalmente passando e de que um processo progressivo de recuperação está em curso, com uma expectativa de retomada do crescimento, impulsionada pela redução das taxas de juros nos EUA e por teses de investimento mais associadas a movimentos disruptivos e estruturais em larga escala, como a transição da matriz energética, sustentabilidade e inteligência artificial. No Brasil, o mercado de private equity no próximo ano ainda se caracterizará por um ambiente de cautela estratégica, com oportunidades em setores de alta tecnologia e impacto social. O mercado de venture capital global segue desafiador do ponto de vista de volume de investimentos, mas também tem dado sinais de melhora. Para investidores no setor, isso pode representar boas oportunidades de negócios, uma vez que há muitas startups disputando poucos cheques.
TTR Data:Quais serão os principais desafios do Lefosse no Brasil em 2025 no mercado transacional?
O mercado transacional tem dado sinais de melhora. Nossa expectativa é de que 2025 seja um ano bastante movimentado em M&As tanto de companhias fechadas, com mais investidores estratégicos do que financeiros, quanto companhias abertas. Deals de valores significativos deverão continuar a ocorrer, em especial nas áreas de tecnologia, serviços financeiros e saúde. Setores como infraestrutura, energia e saúde devem continuar atraentes devido à sua resiliência e potencial de crescimento.
Relatório mensal: Brasil- Outubro, 2017
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Investimentos de Venture Capital crescem 470% em outubro no Brasil
Investimentos de Venture Capital somam R$ 139 milhões no mês
País soma 64 transações em outubro, retração de 27,27% em relação ao mesmo mês de 2016
Mercado brasileiro contabiliza 587 transações domésticas em 2017
Venture Capital e Private Equity
O balanço do mês de outubro foi positivo para os investimentos de venture capital no Brasil, que registrou 13 operações dessa modalidade de investimento no mês, um crescimento de 18% sobre o que foi registrado no mesmo período de 2016.
Destas operações, cinco tiveram seus valores revelados, somando um total de R$ 139 milhões investidos, um salto de 470% em relação ao período homólogo do ano passado. No decorrer de 2017, o setor que registrou o maior interesse dos investidores foi o de Distribuição e Retail, que recebeu um aporte 50% superior ao do ano anterior.
Já no cenário de private equity, no ano, foram contabilizadas 69 operações, das quais 31 tiveram valores revelados que somam R$17,2 bilhões, alta de 27% sobre o volume do mesmo período de 2016. Os segmentos Saúde, Higiene eEstética e Imobiliário lideraram os movimentos dos investidores, registrando crescimento de 50% cada.
Fusões e aquisições no Brasil em outubro
Foram registradas 64 transações em outubro no mercado de M&A brasileiro, número que representa uma retração de 27,27% em relação ao mesmo mês de 2016. Destas, 29 operações revelaram valores que ultrapassam a casa dos R$ 10,1 bilhões, queda acentuada de 46,74% no período. Outubro foi o mês com menor número de transações no ano.
O setor mais movimentado durante os dez primeiros meses de 2017 foi Tecnologia, com o registro de 142 transações, que não foram suficientes para acompanhar os números do ano anterior, ficando 22% abaixo dos resultados obtidos em 2016, apesar de ter sido o setor com mais transações no mês de outubro, 12. Em seguida, destaque para Petróleo e Gás, com 9 transações no mês. Apenas o segmento Imobiliário obteve crescimento no ano, 61%, devido às 79 operações contabilizadas no período.
Panorama Latino Americano
O mercado brasileiro de M&A registrou o maior número de fusões e aquisições nos dez meses corridos no ano na América Latina. Foram 593 transações domésticas no país – enquanto Chile, segundo colocado, registrou 89, seguido por Argentina, com 83.
O país contabilizou ainda 187 aquisiçõescross-border inbound, mais que o dobro do México, que fechou o período com 70 operações. Porém, é do México a liderança no volume de aquisições outbound, com 55 transações – incluindo a aquisição da brasileira Vigor pela mexicana Lala Alimentos – enquanto o mercado brasileiro contabilizou 35.
Operações cross-border
Os investimentos das empresas norte-americanas voltaram a ter saldo positivo. Desde o início de 2017, foram 69 operações, um aumento de 6,15% em relação ao período homólogo do último ano, somando investimento superior a R$ 15,8 bilhões de reais nas aquisições de empresas brasileiras. Investimentos provenientes da China aparecem na sequência, totalizando R$ 11,5 bilhões, seguido por Austrália, com a aplicação de R$ 7,2 bilhões no mercado brasileiro.
Empresas que atuam no segmento de Tecnologia e Internet foram as que mais atraíram investimento estrangeiro – 37 transações. No âmbito outbound, o Brasil fez 11 aquisições nos Estados Unidos que somam R$ 511 milhões, e 7 na Argentina, totalizando R$ 341,7 milhões.
A conclusão da aquisição da Vigor Alimentos, empresa brasileira fabricante de produtos lácteos e alimentos processados, pela Lala Derivados Lácteos, empresa mexicana do mesmo setor detida pelo Grupo Lala, pelo valor aproximado de R$ 5 bilhões de reais, foi eleita como a transação de destaque do mês.
Os recursos obtidos pela JBS com a venda da Vigor seriam destinados para amortização dívidas da companhia.
“…Isso tudo criou um aperto de crédito em alguns grupos, que deixa como única saída a venda de ativos. O que para uns é crise, para outros é oportunidade.”
O pódio do ranking TTR de assessores financeiros por valores das transações é liderado pelo Banco Bradesco BBI, que acumulou em 2017 o valor de R$ 17,7 bilhões. Em segundo lugar aparece o Banco BTG Pactual, com R$ 16,4 bilhões, e, na sequência, o Banco Itau BBA– que lidera por número de operações (22) – com R$ 15,7 bilhões.
O ranking de assessores jurídicos por valor é liderado por Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados, R$ 36,7 bilhões, que também lidera por número de operações (50). Na segunda colocação está o escritório Pinheiro Neto Advogados, R$ 24,1 bilhões, e Barbosa, Müssnich, Aragão, na terceira posição com R$ 16,7 bilhões.
Thiago Barbosa Sandim define a performance do mercado M&A brasileiro como bem abaixo de seu potencial
Especialista em Fusões e Aquisições e Private Equity, e tem, dentre seus principais clientes, fundos soberanos e fundos de pensão estrangeiros de grande porte, bem como instituições financeiras e conglomerados Brasileiros.
Como descreveria a performance do mercado brasileiro de M&A em 2017?
Levando em consideração que 2017 começou durante a vigência da maior recessão da história do país o ano está sendo bom, mas eu definiria a performance do mercado como bem abaixo de seu potencial. A recessão e eventos políticos não recorrentes atrapalharam imensamente o andamento das transações. Obviamente isso influencia negativamente a performance do mercado. Há, entretanto, uma significativa melhora desde o segundo trimestre do ano. Isso ocorre principalmente em função da melhora dos indicativos macro-econômicos, da superação de alguns riscos relacionados à segurança jurídica dos contratos e de uma gestão mais ortodoxa da economia e dos contratos públicos. E extinção do controle da TIR nos contratos de concessão é um excelente exemplo desta evolução.
Estamos presenciando uma mudança no perfil do tipo de negócios que é gestado e fechado no Brasil nos últimos meses. No início do ano o mercado estava substancialmente concentrado em M&As cuja ocorrência era questão de sobrevivência para os vendedores – os chamados “fire sales”. Esse tipo de negócio acontece com compradores de perfil mais financeiro que, portanto, tendem a tomar decisões considerando o curto e médio prazo. Compram, reestruturam e vendem. Os processos agora voltaram a ocorrer de forma mais pulverizada na economia. Compradores estratégicos voltaram a participar dos processos. Isso é bom e saudável, na medida em que indica que os empreendedores voltaram a ter uma visão de longo prazo em relação aos ativos do país. Ambos os tipos de investidores são importantes em economias saudáveis – os investidores de oportunidade e os estratégicos – mas o segundo é muito menos visível em situações de stress. A volta dos investidores estratégicos é um bom indicativo do que está por vir em 2018.
Definimos o ano de 2017 como um ano de retomada. Viemos de um cenário em que havia desorganização econômica e o risco de insegurança jurídica para um cenário de gestão macro-econômica mais ortodoxa (o que é melhor entendido pelos investidores estrangeiros) e uma relativa reafirmação do império da lei e da soberania dos contratos.
Desde 2014, os fundos soberanos têm sido bastante ativos em investimentos no Brasil, com transações bastante significativas como a da Netshoes, da Invepar, do Cruzeiro do Sul e da ReD’Or, algumas das quais tiveram a sua atuação. Como um especialista no trabalho com esses fundos, como vê as movimentações desse ano e quais as expectativas para 2018?
Minha impressão é que este ano os principais fundos soberanos estiveram mais cautelosos do que nos 3 anos anteriores. Transações aconteceram, mais foi um ano marcadamente de observação do mercado, digestão e administração dos investimentos pesados que foram feitos nos anos anteriores. Algumas saídas notáveis e reforço de ativos via “add-ons” também aconteceram.
Em relação ao futuro, precisamos notar que há algumas características comuns a todos os fundos soberanos. As mais importantes são a absoluta intolerância a riscos de compliance e a segunda, de certa forma contraditória à primeira, é o apetite maior a riscos no que diz respeito ao tempo de retorno dos investimentos. A intolerância a riscos de compliance é compreensível e legitima. Os fundos representam seus governos e, portanto, dificilmente poderiam realizar investimentos minoritários em empresas com problemas de compliance.
O maior apetite a riscos relacionados ao tempo de retorno dos investimentos, por outro lado, deriva do funding dos fundos soberanos, que vêm de fontes muito mais estáveis e ricas do que as dos fundos de investimento tradicionais. Ao contrário dos fundos tradicionais, os soberanos têm muito mais flexibilidade no timing da saída. Sua função é fundamentalmente preservar e aumentar as reservas de capital externo de alguns países. Não há a pressão de resgate de quotas dos fundos normais. As generalidades em relação a fundos soberanos, entretanto, terminam por aí.
Os fundos têm diversos tipos de gestores e suas ramificações são extremamente diversificadas. Há áreas dos fundos soberanos que buscam oportunidades em infraestrutura, e portanto, têm mais paciência com retornos, mas há as áreas que investem em empresas “comuns” e, portanto, competem com fundos de private equity e outros.
É preciso analisar o fundo e, dentro do fundo, a gestão do recurso que é objeto da assessoria. 2018, na verdade, é um grande mistério. Não há como prever se o ano será bom sem levar em consideração as eleições presidenciais. O país, no último ano, adotou uma trajetória ortodoxa na economia, que está no momento descolada da política. Isso, entretanto, não foi verdadeiro durante os 12 anos anteriores, onde houve muita intervenção estatal, nem sempre feliz, o que gerou insegurança.
Minha impressão é que o ano certamente será melhor do que 2017, pois a economia está em compasso mais acelerado. Um ano excepcional, entretanto, depende do sucesso de uma candidatura moderada, que assegure a continuidade das reformas econômicas e a tranquilidade institucional. Sem isso o nível de comprometimento de fundos soberanos com o país certamente vai diminuir. Vale o mesmo para todo o resto do cenário econômico.
2017 tem sido um período de destaque para as transações de private equity no Brasil, uma de suas especialidades. O ano registrou, em comparação ao período homólogo do ano passado, uma alta de 24% sobre o volume do mesmo período de 2016, somando um investimento superior a R$16,7 bilhões. Quais são as condições do mercado hoje que favorecem ou explicam essas movimentações?
O private equity é, por natureza, um mercado oportunista. O ano de 2017, assim como os dois anteriores, foi um ano bom para investimentos de PE por uma conjunção de fatores. A liquidez dos mercados financeiros mundiais, associadas à inflação quase inexistente e aos juros ainda baixos dos mercados desenvolvidos naturalmente direcionou recursos para investimentos de maior risco, tais como PEs em empresas brasileiras. No Brasil, por outro lado, a precificação dos ativos ficou um pouco mais realista. Isso porque o mercado de crédito e o de capitais está muito mais seletivo depois da crise de credibilidade que alguns dos IPOs do biênio 2007/2008 criou. Por fim, muitas das empresas de médio e grande porte brasileira estão com índices de endividamento acima do desejável. Tudo isso levou o empresário médio brasileiro – aquele que tipicamente procura financiamento para crescer – a negociar a precificação de seus ativos de forma mais real. Este é um cenário muito bom para investimentos de PE – precificação razoável, casada à liquidez dos fundos e competitividade em relação aos retornos que podem ser gerados localmente.
Os segmentos Saúde, Higiene e Estética e Imobiliário lideraram os movimentos dos investidores de Private Equity no país. Como vê as tendências e expectativas para esses setores nos próximos meses e em 2018?
Os setores de saúde e imobiliário ainda comportam muitos investimentos, parte deles provavelmente já em estágio de maturação. Acho que algumas transações significativas devem acontecer nos próximos meses. O setor de higiene e estética tem ativos óbvios, que devem ir a mercado em função da situação dos conglomerados de que atualmente fazem parte. É, entretanto, intimamente ligado à capacidade de consumo das famílias. Um volume significativo de transações depende do sucesso da estabilização econômica e do aumento do poder de consumo, que parece estar se recuperando, assim como os índices de emprego. A alavancagem média das famílias está diminuindo. Parece um bom momento para investimentos na área.
Em 2017, o senhor teve uma atuação destacada em transações nos setores de Transportes e Infraestrutura. Como vê as tendências e expectativas para esses setores nos próximos meses e em 2018? Até que ponto a instabilidade política brasileira tem influenciado os investimentos nessas áreas?
Há duas situações completamente diferentes no mercado de infraestrutura.
A primeira é a dos ativos que serão objeto de licitações no âmbito do PPI anunciado pelo governo federal e de outros programas de privatização. O grande desafio neste caso é a capacidade do governo de entregar um processo desta dimensão em um ano eleitoral e aparentemente com a base de apoio no congresso enfraquecida. Nesse ponto, sob a perspectiva técnica, o governo tem sido extremamente hábil – os projetos anunciados dependem muito pouco do congresso. Estão mais nas mãos do executivo federal, por meio da edição de regulamentos que independem do poder legislativo (congelado em ano eleitoral). Acho que o sucesso desses programas depende da capacidade técnica das áreas responsáveis do governo – que até agora têm demonstrado ser hábeis sob a batuta do ministério da fazenda – e de uma precificação tecnicamente precisa, sem influências políticas.
Há demanda internacional, o potencial de consumo de infraestrutura do país é grande e o ambiente jurídico agora mais estável. Precisamos sempre manter em mente que o Brasil compete por capitais internacionais com outros mercados em desenvolvimento. Sob esta perspectiva, estamos bem. O país tem um ambiente jurídico estável e estamos sob o império da lei. Nossos concorrentes por capitais nem sempre tem uma história tão bonita para contar.
Há, entretanto, um grande desafio a ser superado, que são as fontes de financiamento da infraestrutura brasileira. Nas últimas décadas este financiamento dependeu substancialmente do BNDES. As taxas de juros subsidiadas e os financiamentos direcionados aos “campeões nacionais” enfraqueceram imensamente os mecanismos de financiamentos privados do país que, por definição, são muito mais eficientes e capilarizados que o financiamento público via BNDES. Além disso, mesmo que não oficialmente, o BNDES sempre privilegiou o financiamento a empresas brasileiras, em detrimento de grupos internacionais.
O banco precisa escapar dessa armadilha pseudo-nacionalista e passar a privilegiar as empresas mais competentes, de maior custo-benefício e com maior capacidade de garantir os financiamentos. Pouco importa a nacionalidade de quem está tomando o empréstimo. O que importa é que o financiamento seja utilizado na infraestrutura local, e que crie valor localmente. É um completo absurdo, por exemplo, que, nas últimas décadas, mesmo com a carência de infraestrutura no Brasil o BNDES tenha direcionado recursos ao financiamento de obras no exterior.
O BNDES é uma instituição importante, histórica, mas tem sido utilizada de forma errada. Acho que boa parte da viabilização da infraestrutura brasileira depende diretamente de uma reforma no sistema de financiamento. O tamanho do banco e seu peso no financiamento à infraestrutura precisa ser diminuído. Seu gigantismo e protagonismo gerou uma concentração imensa de poder econômico nas mãos do governo que obviamente foi utilizada da forma errada. O papel do banco deve ser reduzido e direcionado eficientemente às áreas que realmente têm carências estruturais e não podem competir por capitais sem a intervenção de um banco de fomento. A concentração de poupança pública neste volume em uma só instituição não funciona. Precisa mudar. Sem isso, vamos ter, novamente, um “vôo de galinha”.
O sucesso de longo prazo na instalação de nova infraestrutura no país depende substancialmente disso. Precisamos criar inércia, e para isso precisamos de mais players no mercado de financiamento. É impossível uma só instituição tomar todas as decisões, escolher as áreas a serem desenvolvidas e, ao mesmo tempo, estar sujeita a um grupo de pressão diferente a cada 4 anos.
Há também diversas oportunidades em M&A. Muitas das plataformas de infraestrutura que foram montadas durante os últimos 16 anos estão em situação delicada e seu equity exposto. Há oportunidades para que grandes grupos mudem de mão. O grande desafio, neste caso, são os problemas relacionados à compliance – ou, sendo mais direto, os problemas relacionados à lava-jato. Os processos de due diligence têm sido mais longos e delicados. Os ativos estão muito alavancados e os modelos de demanda projetada que foram usados para o leilão de alguns ativos no passado inflados. Isso tudo criou um aperto de crédito em alguns grupos, que deixa como única saída a venda de ativos. O que para uns é crise, para outros é oportunidade.
É um mercado extremamente complexo e intrincado do ponto de vista de M&A. Temos que nos preocupar não são com a compra e venda, mas também com a modelagem dos EPCs, os mecanismos de financiamento e, finalmente, com os problemas de compliance. que frequentemente extrapolam o mundo jurídico. A implementação de transações leva muito mais tempo até o signing, e ainda mais tempo entre o signing e o closing.
De acordo com sua experiência, qual o setor com maior potencial de crescimento no país? Por quê?
O mercado com maior potencial de crescimento é o de infraestrutura. O problema é que a “entrega” desse crescimento é extremamente complexa em decorrência de diversos fatores. Já falamos da ineficiência de seus mecanismos de financiamento. Há também a dificuldade do poder público brasileiro em fazer processos andarem. Uma vez financiado o projeto, é preciso construir. Isso passa por inúmeras autorizações das naturezas mais variadas em órgãos completamente desvinculados. Dependendo do tipo de infraestrutura vamos de autorizações ambientais há exames relacionados ao patrimônio arqueológico.
Boa parte das analises e autorizações é realmente necessária, mas há sobreposição e criação de ineficiências que só servem a grupos de pressão. O governo deveria considerar um mecanismo de centralização de forma que o processo de instalação da infraestrutura fosse mais rápido. O tempo de construção de qualquer obra de infraestrutura no Brasil é muito grande e corrompe qualquer modelo de retorno projetado.
Minha impressão, entretanto, assumindo que tudo continuará caminhando bem, é que os mercados passem a ser mais pulverizados, e que os deals sejam menos concentrados em O&G e infraestrutura, que foi o caso este ano. O melhor que pode acontecer é a volta do mercado à uma dinâmica de negociação exclusivamente entre players privados. Estão aí os deals mais rápidos e os modelos mais confiáveis.
Thiago Barbosa Sandim, specialist in Mergers and Acquisitions and Private Equity, is a partner at the firm Demarest Advogados in Brazil. He has, amongst his main clients, sovereign wealth funds and foreign pension funds with large presence, as well as brazilian financial institutions and conglomerates.
Thiago Sandim, how would you describe the performance of the Brazilian M&A market in 2017?
Taking into account that 2018 started amid the greatest recession in the history of the country, the year is good, but I would define the market performance as well below its potential. The recession and non-recurring political events have greatly disrupted the progress of the transactions. This has a clear negative influence on the market performance.
However, a significant improvement started in the second quarter of the year. This is mainly due to the improvement in the macroeconomic indexes, overcoming of risks related to legal certainty of contracts and a more orthodox management of the economy and of government procurements. The extinction of IRR control on the concession contracts is an excellent example of this evolution.
We are seeing a change in the profile of the transactions that is prepared and closed in Brazil in recent months. At the beginning of the year the market was substantially focused on M&As which occurrence was a matter of survival to sellers – the so-called “fire sales”. Buyers in this type of transactions are of a more financial profile and thus tend to make decisions taking into account the short and medium term.
They buy, restructure and sell.
Now the processes are once again taking place in a more scattered manner in the economy. Strategic buyers are taking part in the processes again. This is good and healthy, as it shows that that entrepreneurs are once again having a long-term vision in relation to the country’s assets.
Both types of investors are important in healthy economies – the opportunity investors and the strategic investors – but the latter are less visible in stress situations. The comeback of strategic investors is a good sign of what is to come in 2018.
We defined 2017 as a year when much needed homework was done. We moved from a scenario of economic disorganization and risk of legal uncertainty to a scenario of more orthodox macroeconomic management (which is better understood by the foreign investors) as well as a relative reassurance of the rule of law and of the sovereignty of contracts.
Since 2014, the sovereign wealth funds have been very active in investments in Brazil, with very significant transactions such as those of Netshoes, Invepar, Cruzeiro do Sul, and ReD’Or, and some of which had your involvement. As an expert in working with such funds, how do you see the transactions of this year and what are the expectations for 2018?
My feeling is that this year the main sovereign wealth funds were more cautious than in the 3 previous years. Transactions were made, but it was mainly a year of market observation, digestion, and management of the heavy investments made in previous years. Some notable exits and reinforcement of assets through “add-ons” also occurred.
As to the future, we need to point out that there are some characteristics common to all sovereign wealth funds. The most important ones are the absolute intolerance to compliance risks and the second one, somewhat contradictory to the first one, is the greater appetite for risks as regards the time of return on investments.
The intolerance to compliance risks is understandable and legitimate. The funds represent their governments and, therefore, it is very unlikely that they could make minority investments in companies with compliance problems.
On the other hand, the greater appetite for risks related to the time of return on investments derives from the funding of the sovereign wealth funds, that comes from a lot more stable and richer sources than those of traditional investment funds. As opposed to the traditional funds, the sovereign wealth funds are a lot more flexible with regard to the exit timing. Their function is mainly to preserve and increase the foreign capital reserves of some countries. The pressure to redeem the membership interests, as in traditional funds, does not exist.
However, these are the only general characteristics in relation to sovereign wealth funds.
The funds have several types of managers and their branches are very diversified. There are areas in sovereign wealth funds that seek opportunities in infrastructure, and, thus, they are more patient as to the return, however, there are areas that invest in “regular” companies and, thus, they compete with private equity funds and others.
The fund has to be analyzed and, within the funds, the management of the resources subject-matter of the advisory.
Actually, 2018 is a great mystery. One cannot foresee whether the year will be good without taking into account the presidential election. In the last year, the country adopted an orthodox path in the economy, which is currently detached from politics. Nonetheless, this did not happen in the 12 previous years, which had a strong intervention by the government, which was not always good, what generated uncertainty.
I believe that it will certainly be better than 2017, because the economy is at a faster pace. However, an outstanding year depends on the success of a moderate candidacy, which assures continuity of the economic reforms and institutional security. Without that the level of commitment of sovereign wealth funds with the country will certainly decrease. The same applies to all the rest of the economic scenario.
2017 has been a period of prominence for the private equity transactions in Brazil, one of your areas of expertise. The year recorded, compared to the same period of last year, a 24% increase on the volume over the same period of 2016, totaling an investment of more than BRL 16.7 billion. What are the current market conditions that help or explain such transactions?
The private equity is, by its nature, an opportunistic market. Year 2017, as well as the two previous years, was good for investments in PE by virtue of some factors combined. The liquidity of the world financial markets, coupled with almost nonexistent inflation and still low interest rates in developed markets, naturally guided resources to higher risk investments such as PEs in Brazilian companies. On the other hand, assets pricing in Brazil has become a little more realistic. This is because the credit and stock markets are a lot more selective after the credibility crisis generated by some IPOs in 2007/2008. Lastly, the indebtedness position of several medium and large sized Brazilian companies is above the desirable level. All this drove the medium-sized Brazilian businessman – the one that usually seeks financing to grow – to negotiate the pricing of his/her assets in a more realistic manner. This is a really good scenario for investments in PE – reasonable pricing, coupled with the liquidity of the funds and competitiveness in relation to the returns that can be generated locally.
The Health, Hygiene and Aesthetics, and Real Estate sectors led the transactions by Private Equity investors in the country. How do you see the trends and expectations for those sectors in the next months and in 2018?
The health and real estate sectors can still receive many investments, part of them probably already in evolution stage. I think that some important transactions might happen in the next months. The hygiene and aesthetics sector has obvious assets, that probably will enter the market due to the situation of the conglomerates of which they are currently a part. However, it is closely related to the consumption capacity of the families. A significant volume of transactions depends on the success of the economic stabilization and on the increase of the consumption capacity, that seems to be recovering, as well as on the employment levels. The average leverage of the families is decreasing. It seems to be a good moment for investments in this industry.
In 2017, you had a prominent participation in transactions in the Transportation and Infrastructure sectors. How do you see the trends and expectations for those sectors in the next months and in 2018? To what extent has the Brazilian political instability been influencing the investments in such areas?
There are two completely different situations in the infrastructure market.
The first one is the situation of the assets that will be subject to biddings within the scope of the PPI announced by the federal government and of other privatization programs. The real challenge in this case is the government’s capacity to deliver a process of such size in a year of elections and an apparently weak political support in Congress. As to this issue, from a technical perspective the government has been extremely skillful – the announced projects depend very little on the Congress. They depend more on the Federal Executive branch, through enactment of regulations that do not depend on the Legislative branch (frozen in a year of elections). I believe that the success of those programs depends on the technical capacity of the areas of the government responsible for them – which up to this moment have shown to be skillful under the guidance of the Ministry of Finance – and on a pricing that is technically accurate, without political influence.
There is international demand, the country has a high potential for consumption of infrastructure and the legal environment is more stable now. We must always bear in mind that Brazil competes for international capital with other markets under development. Under this perspective we are in a good position. The country has a stable legal environment and we are under the rule of law. Our competitors for capital not always have such a nice story to tell.
However, I think that the biggest challenge for the development of infrastructure in Brazil, in the medium and long term, will be to change how it is financed. In the last decades, financing came substantially from the BNDES (the national development bank).
BNDES is an important, historical institution that has played its part on certain economic cycles of the past, but that is currently used incorrectly and in a damaging way by Brazilian government.
Just to give a few examples, the subsidized interest rates provided BNDES with a huge competitive advantage vis-à-vis other financial institutions. This advantage allowed it to choose the so-called “national champions”. Now everybody knows that the “national champions” were chosen incorrectly – look at their results and at what they did to the Brazilian economy in general. Brazil should – and will – have large international companies but it is the market – not a single institution oriented by the government – that should choose who will succeed and who will fail on the basis or merit and efficiency. The country would probably have more reliable and healthy companies if the market had chosen them rather than BNDES. But it is impossible for a project finance market to exist, as the competitive edge of BNDES (which was funded by the Brazilian people) was too large.
Moreover, even if not officially recognized, BNDES has always favored financing to Brazilian companies, to the detriment of international groups doing business in the country. In economic terms this is essentially an appropriation of the savings of the Brazilian population to invest substantially only in Brazilian owned companies, rather than in the most efficient companies doing business in Brazil. If anything, this is a significant reduction in the number of investment options at the disposal of the Brazilians that fund BNDES. The bank needs at the very least to escape this pseudo-nationalist trap and start to privilege the companies that are more competent, with greater cost-benefit, and greater capacity to guarantee the loans, irrespective of the origins of their capital. It does not matter the nationality of the borrower. What matters is that the loan is used in the local infrastructure, creating and delivering value locally.
Finally, it is a complete nonsense, for example, that, in the last decades, despite the lack of infrastructure in Brazil, the BNDES provided funds to finance works abroad.
I think that part of the feasibility of the increase of investments in Brazilian infrastructure thus depends directly on a reform in the financing system – and consequently, in the role of the national development bank. The size of the bank and its relevance in the financing to infrastructure works needs to be reduced. Its gigantism and leading role generated an immense concentration of economic power in the hands of the government that was obviously used wrongly. The bank’s role must be reduced and targeted efficiently to areas that really have structural problems and cannot look for capital without the intervention of a development bank. The concentration of such volume of funds in only one institution, controlled by the government, does not work. This has to change. It should belong to the market.
The BNDES cannot have a long-term view, as it changes management and orientation every 4 years, as elections occur. Huge development banks succeeded immensely in many cases and were instrumental in the developments of countries and entire regions. Africa and Asia are good examples. However, in most of these cases the political power was very tightly controlled (which means that there could be a long-term strategy and that these institutions would not change orientation on the basis of who was in power) or, in the case or multilateral institutions, were by nature less exposed to short-term political pressures. It is not – and should not – be the case of a tight control of central political power in Brazil. In a nutshell, I think that we must allow the market to act in the financing of the Brazilian infrastructure, and the mere existence of the BNDES prevented this in the past and threatens any significant developments in this direction in the future.
There are also several opportunities in M&A. Many infrastructure platforms that were set up during the past 16 years are in a delicate situation and their equity is exposed. There are opportunities for large groups to change control. The challenge, in this case, are the problems related to compliance – or, being more specific, the problems related to Operation Car Wash. The due diligence processes are being longer and more sensitive. The assets are highly leveraged and the models of estimated demand that were used for the sale of some assets in the past are inflated.
All that created a credit shortage in some groups, which makes the sale of assets the only way out. What for some is a crisis, for others is an opportunity.
It is an extremely complex and intricate market, from the M&A point of view. We have to worry not only about the purchase and sale, but also about the type of the EPCs, the financing mechanisms and, lastly, about the compliance problems, that often go beyond the legal world. The implementation of transactions takes a long time until the signing, and even more time between signing and closing
Based on your experience, what sector has the highest growth potential in the country? Why?
The market with highest growth potential is the infrastructure market. The problem is that the “delivery” of this growth is extremely complex due to several factors. We’ve already talked about the inefficiency of its financing mechanisms. There is also the difficulty of the Brazilian government to make the processes evolve. After the project has the financing it has to be built. It has to obtain countless authorizations of several types from totally disconnected bodies. Depending on the type of infrastructure it varies from environmental permits to tests related to the archaeological heritage.
Part of the analysis and authorizations is really necessary, but there is overlapping and creation of inefficiencies that are useful only to pressure groups. The government should consider a centralization mechanism to make the infrastructure installation process faster.
The time to build any infrastructure work in Brazil is really long and breaks any return model projected.
However, my impression, assuming that everything will continue to go well, is that the markets will be more scattered and that the deals will be less concentrated in O&G and infrastructure, which is what happened this year.
The best that can happen is the return of the market to a negotiation dynamics exclusively between private players. Those are the faster deals and the most trustworthy models.
O volume de fusões e aquisições no mercado brasileiro somou R$ 56,2 bilhões no terceiro trimestre de 2017, crescimento de 1,43% no valor total investido em comparação ao mesmo intervalo do ano anterior. Segundo o Relatório Mensal do Transactional Track Record, em parceria com a LexisNexis e TozziniFreire Advogados, foram registrados 267 negócios, com uma queda de 5,32% no período.
As 21 transações de grande porte – maiores ou igual a R$500 milhões – registradas de julho a setembro somam R$47 bilhões. O volume financeiro foi fortemente influenciado pelas operações do plano de desinvestimento da JBS, que envolveram a venda da Vigor, da Alpargatas e da Moy Park, e pelo leilão de hidrelétricas promovido pelo Governo Federal, que movimentou aproximadamente R$12,13 bilhões.
O subsetor mais ativo, mantendo tendência iniciada em 2014, foi o de Tecnologia, porém, registrou em 2017 uma retração de 18% nas operações comparado ao mesmo período do ano anterior. Já o setor Imobiliário registrou crescimento de 53% no número de transações no ano, incluindo a aquisição da REC PDC Holding Participações, sociedade de propósito específico que detém o empreendimento Torre Sucupira, edifício corporativo localizado no Complexo do Parque da Cidade, em São Paulo, por R$421,50 milhões.
Private Equity e Venture Capital
O terceiro trimestre foi um período de destaque para as transações de private equity no Brasil, tendo registrado, em comparação ao período homólogo do ano passado, aumento de 269% no valor investido em operações que movimentaram R$ 7,8 bilhões.
No acumulado do ano foram contabilizadas 62 operações, das quais 27 tiveram valores revelados que somam R$16,7 bilhões, alta de 24% sobre o volume do mesmo período de 2016. Os segmentos Saúde, Higiene eEstética e Imobiliário lideraram os movimentos dos investidores, registrando crescimento de 33% e 50%, respectivamente.
No cenário de venture capital, o terceiro trimestre registrou leve aumento de 3% no valor investido, apesar da queda de 37% no total de transações registradas, 39. Das 131 transações registradas no TTR no ano, 68 revelaram valores que somam R$ 2,3 bilhões, alta de 44% em comparação ao período homólogo de 2016. O setor de maior crescimento no acumulado do ano foi Distribuição e Retail (48%), enquanto Tecnologia foi o que apresentou o maior número de transações (69).
A transação de destaque do trimestre foi a conclusão da aquisição do controle da Alpargatas, que era detido pela JBS, pelo consórcio composto por Itaúsa, Cambuhy Investimentos e Brasil Warrant, por R$3,48 bilhões.
O pódio do ranking TTR de assessores financeiros por valores das transações é liderado pelo Banco Bradesco BBI, que acumulou em 2017 o valor de R$ 18,3 bilhões. Em segundo lugar aparece oBanco BTG Pactual, alcançando R$ 17,1 bilhões, e, na sequência, o Banco Itau BBA, com R$ 15,3 bilhões. O ranking de assessores jurídicos por valor é liderado por Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados (R$ 35,4 bilhões), que também lidera por número de operações (42). Na segunda colocação está o escritório Pinheiro Neto Advogados (R$23,8 bilhões), e Barbosa, Müssnich, Aragão (R$ 16,7 bilhões), na terceira posição.
Reinaldo Grasson de Oliveira, sócio-líder da área de Corporate Finance Advisory da Deloitte no Brasil, sobre o mercado de M&A no Brasil.
“…em grande parte das economias desenvolvidas ou maduras o potencial de crescimento ou desenvolvimento de novos negócios é pequeno, o que favorece países emergentes como o Brasil, ainda mais considerando o momento atual de alta liquidez na economia global. “
Panorama transacional do Brasil no mês de Agosto
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Investimentos de Private Equity crescem 40% no Brasil em agosto
Subsetores Saúde, Higiene e Estética e Imobiliário são os que mais atraíram investimento de private Equity em Agosto
Agosto fecha com 79 transações e crescimento de 22,87% em comparação ao mesmo período de 2016
Investimento em empresas de Tecnologia seguem em destaque
Private Equity e Venture Capital
Agosto foi um mês de crescimento nos investimentos de private equity no Brasil. Segundo com o Relatório Mensal do Transactional Track Record, em parceria com a LexisNexis e TozziniFreire Advogados, foi registrado um aumento de 40% no número de transações em comparação ao período homólogo do ano, em operações que movimentaram R$ 546,1 milhões. Os subsetores favoritos dos fundos registraram crescimento de:
Saúde, Higiene e Estética: 60%
Imobiliário: 67%
No cenário de venture capital, 2017 segue com aumento nos valores aportados nessa modalidade de investimento. Das 117 transações registradas no TTR no ano, 59 revelaram valores que somam R$ 2,2 bilhões, alta de 43% em comparação ao período homólogo de 2016.
Distribuição e Retail foi o setor de maior crescimento no acumulado do ano (40%)
Tecnologia foi o que apresentou mais transações (59)
Na totalidade das transações de M&A, o mercado brasileiro fechou o mês de agosto com 79 operações, das quais 33 tiveram seus valores revelados, totalizando R$ 14,2 bilhões. Números que representam um crescimento de 22,87% face ao mesmo período de 2016.
O subsetor mais ativo, acompanhando a tendência dos últimos três anos, continua a ser o de Tecnologia, mas que em 2017 registrou retração de 14% nas operações face ao ao ano anterior. O setor Financeiro e Seguros foi o destaque positivo, com crescimento de 12% nos números de transações no ano.
América Latina
No cenário da América Latina, o Brasil se destaca tanto pelas transações domésticas, 429, como pelo números de aquisições cross-border inbound, 138, mais do que o dobro das transações dessa modalidade realizadas no México (60). Entretanto, o mercado mexicano fechou o período com 45 aquisições cross-border outbound, enquanto o mercado brasileiro encerrou com 31.
Brasil e México também protagonizaram uma das maiores operações anunciadas no mês de agosto no continente: a venda da Vigor Alimentos pela JBS para a Lala Derivados Lácteos pelo valor de R$ 5,7 bilhões.
Operações cross-border
Tecnologia foi aquele que mais recebeu aporte de empresas estrangeiras, contabilizando 17 operações ao longo de 2017.
Consultoria, Auditoria e Engenharia com 12 transações
Internet 10 transações
Tecnologia ainda foi o foco dos investimentos do Brasil no mercado estrangeiro, totalizando, ao longo do ano, 8 operações.
Transação TTR do mês
A transação de destaque do mês de agosto foi a conclusão da incorporação da Elektro Holding pela Neoenergia, ambas empresas brasileiras do setor de energia detidas pela espanhola Iberdrola. O valor da transação foi de R$ 4,26 bilhões.
“Contudo, os tempos mudaram e as grandes industrias estão se vendo pressionadas a mudar seus modelos de negócios e estratégias de crescimento para investir em áreas, produtos e serviços que sejam mais focados no paciente, na prevenção, diagnóstico precoce de doencas e cura”.