João Caldeira, sócio na CMS Rui Pena & Arnaut, discute o mercado Português

João Caldeira é sócio na CMS Rui Pena & Arnaut e tem desenvolvido a sua actividade profissional predominantemente na área das sociedades comerciais, fusões, aquisições, reestruturações societárias, capitais de risco, joint ventures, mercado de capitais e corporate finance.

Apesar do ano não ter terminado ainda, é possível já realizar uma análise do que esse ano representou para o mercado português de M&A?

As previsões assentes nos dados disponíveis indiciam que a atividade de M&A na Europa no ano de 2017 terá um crescimento ligeiramente negativo ou nulo comparativamente com o ano de 2016. Esta tendência resulta sobretudo de um comportamento menos favorável da atividade de M&A em mercados muito relevantes como o do Reino Unido, Alemanha e França, que contrasta com um crescimento positivo da atividade de M&A noutras regiões, designadamente na Europa de leste e na Europa do sul.

O crescimento negativo ou nulo da atividade de fusões e aquisições na Europa parece estar a ser influenciado pelos riscos inerentes ao “Brexit” e à forma como o processo de saída do Reino Unido da União Europeia está a decorrer, que se sobrepõe a uma percecionada diminuição geral dos riscos políticos na Europa continental.

Em Portugal, à semelhança de outros países da Europa do sul, os dados disponíveis sobre o número de transações concluídas e número de transações em curso sustentam previsões que apontam no sentido de um crescimento ligeiro da atividade de M&A no ano de 2017.

Para o crescimento da atividade de fusões e aquisições está a contribuir o bom desempenho da economia portuguesa no ano de 2017, projetando-se para este ano um crescimento do PIB substancialmente superior ao do ano de 2016 (2,5% na projeção do Banco de Portugal de 4 de outubro), superior ao da média da zona euro, assente essencialmente no crescimento substancial das exportações, que deverá compensar alguma quebra no consumo (público e privado). Por outro lado, parece ser atingível o objetivo de redução do défice orçamental para 1,5% do PIB em 2017.

Na sequência da melhoria dos indicadores da economia portuguesa, já em meados de setembro, a agência de rating “Standard & Poor´s” subiu a notação da dívida pública portuguesa de BB+ para BBB- (de dívida especulativa para dívida em grau de investimento) e atribuiu à notação uma perspetiva ‘estável’. A melhoria da notação da dívida pública portuguesa terá certamente repercussões muito favoráveis no desempenho da economia e no crescimento das empresas. Por outro lado, com a alteração da notação da dívida pública portuguesa a aquisição de targets portugueses passa a ser enquadrável na política de investimentos de mais investidores estrangeiros, o que incrementará o nível de aquisições “inbound“, que muito pesam na dinâmica do mercado de M&A português. Em suma, têm vindo a ser reunidas um conjunto de condições que certamente contribuirão para uma melhoria na atividade de M&A no último trimestre de 2017 e, com maior intensidade, no ano de 2018.

O setor Imobiliário continua sendo o destaque das transações de M&A no mercado Português, uma tendência que se mantem desde 2015, porém setores como Tecnologia e Financeiro, particularmente pelas fintechs, também tem atraído a atenção de investidores externos. Como avalia essas movimentações de mercado e quais são as expectativas para os próximos meses?

É no sector imobiliário que têm ocorrido o maior número de transações em fusões e aquisições, tendência que vem desde 2015 e continuará a manter-se em 2017 e, provavelmente, no ano de 2018. O mercado imobiliário continua em crescimento, transversal aos diversos segmentos (escritórios, retalho, investimento, residencial e hoteleiro), com uma forte presença de investidores internacionais.

O sector das empresas tecnológicas também tem estado particularmente ativo, registando-se um número assinalável de transações nos últimos anos. Tem havido um interesse crescente dos investidores no setor das FinTech, atendendo a que projetos de sucesso destas empresas, assente em saltos tecnológicos, poderão ter um enorme potencial de transformação da forma como as atividades financeiras ou atividades conexas são desenvolvidas. E em Portugal têm surgido “Startups” no sector que têm despertado a atenção dos investidores internacionais e das empresas financeiras.

Em relação aos deals envolvendo investimentos de Private Equity, como caracterizaria essas negociações em Portugal nos últimos 12 meses em termos de valores e também sobre quais são os targets dessas transações? Poderia nos fornecer um “insight” sobre as principais tendências que estão se moldando nesse setor?

Nos primeiros três trimestres do ano de 2017, verifica-se uma tendência de crescimento da atividade de “Private Equity“, com um aumento do número e volume de transações, com especial relevância para o setor energético, indústria de construção, saúde e financeiro, sendo expectável a manutenção dessa tendência até final do ano e no princípio do ano de 2018.

O ano de 2017 tem sido marcado pelo incremento das operações de desinvestimento, não só de empresas que pouco sofreram com a grave crise que Portugal atravessou em anos recentes, por estarem dirigidas ao setor exportador, como também de empresas que mais rapidamente recuperaram, a partir de 2015, em face da melhoria das condições económicas. Para este crescimento contribuiu decisivamente o aumento do investimento estrangeiro realizado por investidores institucionais e industriais. Na medida em que se mantenha o bom desempenho da economia portuguesa, que dependerá de muitas variáveis dificilmente controláveis, internas e sobretudo externas, é natural que no ano de 2018 venhamos a ter um crescimento relevante do investimento de “Private Equity“.

Como as saídas de Private Equity tem se desenhado no país? Já é possível identificar um padrão em relação à essas transações?

Após um período em que foi difícil concretizar operações de desinvestimento, no ano em curso regista-se uma retoma desse tipo de operações parecendo ter havido uma preocupação das “Private Equity” em diminuir a incerteza quanto ao preço de venda, o que incentivou a não utilização de mecanismos de ajuste de preço, o recurso a mecanismos de “locked-box” e a introdução de limites mais ambiciosos no que respeita à responsabilidade por violação de declarações de representação e garantia.

As operações de Venture Capital poderiam, após as rodadas realizadas por fundos nacionais e internacionais em startups de Portugal recentes, retomar uma tendência de crescimento? Quais são as expectativas para essa modalidade de investimento em Portugal no próximo ano?

Temos assistido a um crescimento das operações de “Venture Capital“, muito embora este tipo de operações continue a ter um peso relativamente baixo no investimento em capital de risco. Não obstante, a crescente dinâmica e afirmação das “Startups” portuguesas, inclusivamente no contexto internacional, deverá conduzir a um aumento dos investimentos de “Venture Capital“. Os apoios públicos também poderão dar um contributo bastante positivo na dinamização do “Venture Capital“, como é o caso do recém criado Fundo de Coinvestimento 200M, com um capital inicial de 100 milhões de euros, destinado a fomentar a constituição e capitalização de empresas em fase de arranque, através de operações de “Venture Capital” a realizar conjuntamente por operadores de capital de risco públicos e privados.

Para saber mais de João Caldeira e suas transações, clique aqui. 

Para saber mais da CMS Rui Pena & Arnaut, clique aqui. 

Iñigo Gómez-Jordana de la firma DLA Piper España detalla sobre la OPA y la compraventa forzosa de acciones

Iñigo Gómez-Jordana es socio senior de la firma DLA Piper España. Tiene más de veinte años de experiencia en asesoramiento y en operaciones en los mercados de capitales y en operaciones de corporate finance y corporate,  especialmente en fusiones y adquisiciones internacionales y ofertas públicas de adquisición.


En base a su dilatada experiencia a lo largo de su carrera en materia de Ofertas Públicas de Adquisición (OPAs). ¿Qué elementos diría usted que son clave para que este tipo de operaciones fructifique? ¿Cómo describiría usted la situación del mercado de fusiones y adquisiciones este año 2017? ¿Cree que los registros son positivos?

Este está siendo un buen año tanto por número de operaciones como por volumen. También hay diversidad de sectores implicados. Tenemos en volumen la Oferta sobre Abertis que es la mayor oferta publica en España desde la entrada en vigor de la normativa de OPAs de 2007. Es una de las primeras operaciones también en Europa este año. Otras operaciones de tamaño han sido las de Naturgas, Allfunds, Novobanco, Telxius, Aernova etc. Todas ellas de sectores muy heterogéneos. Creo que es un registro positivo y que demuestra la estabilidad y confianza de nuestro mercado.

Hay varios a tener en cuenta pero quizá los más importantes son los siguientes:

  • un buen proyecto para el grupo resultante de la OPA. Aunque es cierto que el objetivo de una OPA para tomar el control (hay otro tipo de opas y con otros objetivos) es comprar la totalidad del capital de una sociedad y por tanto el proyecto resultante no es algo en lo que vayan a participar los accionistas a los que se dirige la oferta (salvo en caso de Opas mixtas), de ese buen proyecto si resultan beneficiarios otros “stakeholders” como clientes, trabajadores de la sociedad, la comunidad en la que desarrolla su negocio. Son intereses que van más allá de las sinergias y el beneficio empresarial.  Deben por tanto tenerse en cuenta.
  • una preparación previa del proceso que identifique con el mayor grado de detalle posible todos los factores a tener en cuenta.
  • un buen precio de oferta. Por la razones que explico más adelante un buen precio es clave en una OPA. Al final este tipo de operaciones, con importantes matices, son compraventas en  un mercado y por ello el precio es determinante.
  • una buena estructura de financiación cuando esta es necesaria.
  • un conocimiento profundo de las implicaciones y proceso de legal que afecta a la OPA. Estas operaciones tienen un grado de complejidad alto y no puede improvisarse. El asesor debe dar al oferente todas las perspectivas posibles del proceso y además tener la imaginación suficiente como para dar soluciones solidas desde un punto de vista jurídico y, lo que es al menos igual de importante, despejar los problemas que pueden identificarse pero que en realidad no lo son. Las áreas del derecho  que pueden llegar a intervenir son muy  variadas pero a título de ejemplo incluyen; derecho del mercado de valores, derecho de la competencia, derecho fiscal, derecho de publicidad, derecho administrativo general y especial (por razón del sector regulado si fuera el caso en el que opera la sociedad sobre la que se lanza la OPA).
Una de las situaciones que puede resultar más injusta para los accionistas minoritarios en una OPA es la ejecución de una compraventa forzosa de acciones, si se dan determinados niveles de aceptación previos. ¿Cuál es el motivo de que se permita esta práctica? ¿Qué fundamento jurídico tiene?

El derecho al ejercicio de la compraventa forzosa o squeeze-out puede a primera vista parecer una medida injusta pero en realidad no lo es si se analiza con detalle. El primer elemento que es necesario para ese análisis se refiere a las circunstancias y momento en el que puede ejercitarse; tiene que haber finalizado la OPA y la aceptación del conjunto de los accionistas debe haber sido superior al 90% de todos aquellos a los que la oferta se haya dirigido. ¿Qué nos dice este primer elemento? Dos cosas importantes; la primera es que no es un derecho que se ejercita en cualquier momento con ocasión de una OPA y por tanto no sirve, no es un medio, para tener éxito en la oferta.

El derecho de compraventa forzosa solo nace una vez que la opa ha terminado y se puede comprobar que grado de aceptación ha tenido. El grado de aceptación es el segundo elemento que lo justifica; si el 90% o más de los accionistas de una sociedad cotizada a los que se dirige la oferta la aceptan hay una presunción de que el precio que se paga por el oferente es bueno y que por tanto la operación debería ir adelante, aun sacrificando el posible deseo, muy difícil de justificar por lo que ahora explico, de los que quieran quedarse en la sociedad después de la OPA. Esta última consideración es el tercer elemento a tener en cuenta.

La experiencia de muchos años en operaciones de este tipo antes de introducir el squeeze out había demostrado tres cosas;

(i) la mayoría de los accionistas normalmente vendían (y venden) en opas a un precio adecuado,

(ii) los accionistas que no venden suelen ser “nuevos” accionistas -entraban en el capital de la sociedad cuando se anunciaba la OPA con el objeto, al no haber sqeeze-out, de dificultar la oferta y obtener mejor precio para ellos, y por lo anterior

(iii) la inexistencia de squeeze-out dificultaba las ofertas públicas sin beneficiar legítimamente a nadie y era, visto en su conjunto, malo para los accionistas de sociedades cotizadas porque el mercado de control societario se enfrentaba a esta dificultad adicional que carecía de una justificación suficiente.

Por todo lo anterior la Directiva de OPAS introdujo la compraventa forzosa y de ahí se ha trasladado a los países de la UE. Es hoy en día una regulación aceptada y considerada beneficiosa para el conjunto de los accionistas de las sociedades cotizadas.

La OPA de Atlantia sobre Abertis, en la que usted participa como asesor, será una de las operaciones más destacadas en 2017 en materia de fusiones y adquisiciones en España, si finalmente llega a producirse. ¿Considera usted que el sector concesionario de infraestructuras, en este caso principalmente autopistas, puede depararnos otras grandes operaciones este año?

Es muy posible sí. Si leemos la prensa y las manifestaciones de quienes operan en este sector todo parece indicar que habrá concentración. Los casos de OHL, FCC y otras empresas del sector de infraestructuras son buena muestra de ello, etc.

¿Qué otros sectores cree usted que se presentan más atractivos para los inversores en el corto-medio plazo?

Parece que el sector inmobiliario sigue siendo atractivo a juzgar por las recientes operaciones de compraventa y salida a bolsa; Neinor, Testa, activos del Banco Popular etc. Pero hay otros muchos como salud (en donde ya ha habido concentración) nuevas tecnologías y energía (especialmente renovables). La corrección que ha supuesto el largo periodo de crisis económica ha traído sin duda oportunidades.

Principales transacciones y participaciones  de Iñigo Gómez.

Para ver las transacciones de la firma DLA Piper en España, haz click aquí.


ENGLISH:
How would you describe the mergers and acquisitions market this year in 2017? Do you think the signs are positive?

This has been a good year, both in terms of number of transactions and volume. There is also diversity among the sectors involved. In terms of volume, we have the Bid for Abertis, which is the largest public offer in Spain since the Takeover Bid rules (Oferta Publica de Adquisición) came into force in 2007. It is also one of the first transactions in Spain this year. Other transactions of note have been those of Naturgas, Allfunds, Novobanco, Telxius, Aernova etc. Each of these has been from diverse sectors. I believe this is a positive sign and demonstrates the stability and confidence in our market.

Based on your wide experience over your career in relation to public takeover bids, which elements would you say are key in order for these types of transactions to be successful?

There are various elements to take into account, however, the following are perhaps the most important:

  • A successful project for the group as a result of the takeover. Whilst it is clear that the objective of a takeover where control of the company is objective (there are other types of takeovers that have different of objectives) is to purchase the entirety of a company’s capital, the final result is not something which (other than where payment in shares of the bidder is an element of the consideration) the shareholders, at whom the offer is directed, will be involved in. In fact, the beneficiaries of this successful project are other “stakeholders” such as clients, employees, and the overall community in which the business is carried out. These are interests that go beyond synergies and corporate benefit. Therefore, this should be taken into account.
  • Advanced preparation of the process, identifying in the greatest level of detail possible all of the factors which should be taken into account.
  • A good offer price. For reasons I will later explain, a good price is key to a takeover bid. Ultimately these types of transactions, with important nuances, are sale and purchases in a market, and therefore the price is decisive.
  • A good finance structure, where one is necessary.
  • A profound knowledge of the implications and legal processes that affect a takeover bid. These transactions have a high level of complexity and it is not possible to improvise. The advisor should provide the offeror with all the possible perspectives on the process, and also have enough imagination to provide solid solutions from a legal point of view and, what is at least equally as important, clear up the issues which may appear as such, but which in reality are not. The areas of law that can be involved are varied, but can include, for example, capital markets law, competition law, tax law, public law, general and special administrative law (because of the regulated sector, if the company over which the bid was made were to operate in this sector).
One of the situations that can prove most unfair for minority shareholders is the execution of a compulsory share sale and purchase if certain levels of acceptance are reached. What is the motivation behind this exercise being permitted? What legal basis does it have?

The right to exercise a compulsory sale and purchase or ‘squeeze-out’ may at first glance seem like an unfair measure, but in reality it is not if you look at it more closely. The first element required for this analysis refers to the circumstances and moment in which the right can be exercised. The takeover bid must be finalised and the acceptance all of the shareholders must have been over 90% of all those to whom the offer was addressed. What does this first element tell us? Two important things; the first is that this is not a right which is exercised at any moment during a takeover bid and therefore it does not serve, nor is it a way of obtaining success in the offer.

The right of compulsory sale only arises once the takeover bid has finished and the level of acceptance it has received can be proven. The level of acceptance is the second element which justifies the right; if 90% or more of the shareholders of a listed company to whom the offer is addressed accept the offer, then there is the presumption that the price paid for the takeover is good and that therefore the transaction should go ahead, even going against the possible wishes of those who wish to stay in the company, which is very difficult to justify based on what I am explaining right now. This final consideration is the third element to take into account.

Many years of experience of these types of transactions, before introducing the squeeze-out, had demonstrated three things;

i) most shareholders usually sold (and sell) during takeovers at an appropriate price,

ii) the shareholders that do not sell are usually “new” shareholders – they entered into the capital of the company when the takeover was announced with the objective, as there was no squeeze-out, of making the takeover difficult and obtaining a better price for themselves, and as a result of this

iii) the non-existence of the squeeze-out made public offers difficult without legitimately benefiting anyone and was, if looked at together, bad for the shareholders of listed companies because the market of corporate control faced this extra difficulty which lacked a sufficient justification.

For these reasons, the Takeover Bid Directive introduced the compulsory sale and purchase and from there it has moved to countries in the EU. Nowadays it is an accepted regulation and considered beneficial for all the shareholder of listed companies.

The takeover bid in relation to Abertis, in which you are acting as advisor, will be one of the most prominent transactions of 2017 in merger and acquisition matters in Spain, if it finally takes place. Do you think that the infrastructure concession sector, in this case principally motorways, could bring us other large transactions this year?

Yes, it is very possible. If we read the press and the statements of those who operate in this sector, everything seems to indicate that there will be focus. The cases of OHL, and other companies in the sector are a good example of this.

Which other sectors do you believe are most attractive to investors in the short-medium term?

It appears that the real estate sector continues to be attractive, judging by recent sale and purchase transactions and flotations, for example, Neinor, Testa, Banco Popular assets etc. However, there are many more, such as health (in which there has already been a focus), new technologies and energy (especially renewables). The correction of a long period of economic crisis has brought opportunities without a doubt.

View the main transactions of senior partner Iñigo Gómez-Jordana. 

Click here to know more about the transactions DLA Piper España has been involved in.

Entrevista: Diogo Perestrelo, da PLMJ, discute o mercado de M&A em Portugal

Diogo Perestrelo, é socio da PLMJ. Os principais projectos em que prestou assessoria jurídica durante os últimos anos incluíram fusões e aquisições em diversos sectores, entre os quais, transportes, infra-estruturas e energia bem como operações de private equity, designadamente MBOs, MBIs e buy & build. Também participou na assessoria jurídica, desde o seu início em Portugal, de diversos Project Finance nas áreas das concessões rodoviárias, energias renováveis, águas e telecomunicações.

TTR: Como descreveria a performance do mercado português de M&A desde o início de 2017 até agora? 

Diogo Perestrelo: O mercado português de M&A tem tido uma performance que se caracteriza essencialmente por operações de M&A dito “tradicional”, e, em menor escala, operações de private equity. Parte significativa dessas operações decorre de uma clara estratégia de desinvestimento em ativos não essenciais ou ativos de risco, e visa consolidar as condições financeiras de instituições bancárias, fundos e empresas em geral.

Temos também assistido a operações de M&A de outra natureza, envolvendo outro tipo de investidores, com vocação e objetivos distintos, de que é exemplo a aquisição, pelo fundo Ardian, o maior fundo de infraestruturas europeu, da Ascendi – o segundo maior grupo de concessões de autoestradas português. O que demonstra bem que o mercado português permaneceu ativo, também no contexto de investimentos com objetivos de longo prazo.

TTR: No que diz respeito aos investimentos estrangeiros realizados em empresas portuguesas, os que mais se destacam são as empresas cujas sedes estão localizadas na Espanha, nos Estados Unidos e no Reino Unido. Quais características das empresas portuguesas o senhor acredita atrair o interesse dos investidores estrangeiros?

Diogo Perestrelo: Creio que o crescente interesse no investimento em empresas portuguesas não decorre tanto das características das empresas portuguesas per si, mas sim dos setores económicos em que estas operam. Seja no domínio do turismo, das áreas tecnológicas, da energia renovável, são setores em franca expansão ou consolidação, nos quais as nossas empresas beneficiam de uma ampla e reconhecida experiência. Uma palavra também para o programa Startup Portugal, que impulsionou e reforçou a capacidade de afirmação internacional das empresas portuguesas. A realização da Web Summit em Lisboa também permitiu e continuar a dar frutos e visibilidade ao mercado das start-ups e das tecnológicas portuguesas.

É gratificante, como advogado português, constar que cada vez mais, em contextos profissionais internacionais, as questões que me colocam incidem sobre setores preferenciais para investir e as oportunidades disponíveis, e não (já), como acontecia há uns anos atrás, sobre a situação do País na sequência da intervenção da Troika.

TTR: Qual tendência destacaria como a que trouxe os melhores resultados em termos estratégicos para as empresas portuguesas? Quais políticas adotadas podem ser fatores de influência para estimular os investimentos? 

DP: As decisões de investimento empresarial dependem de vários fatores. Para além dos aspetos de política macroeconómica e do quadro orçamental e fiscal, há dimensões do quotidiano das empresas que contextualizam o investimento e que o influenciam. Por exemplo, obstáculos regulamentares, as qualificações dos trabalhadores, a capacidade de selecionar bons projetos, a possibilidade de utilizar novos instrumentos financeiros para financiar os melhores projetos. Qualquer política que favoreça estes aspetos vai certamente contribuir para incrementar o investimento. Mas se tivesse que citar um fator apenas, diria que a estabilidade do enquadramento fiscal é crítico para um investidor internacional.

Foi recentemente publicado o diploma através do qual se cria o Fundo de Coinvestimento 200M, que visa fomentar a constituição ou capitalização de empresas, nomeadamente na fase de arranque, e promover o capital de risco. Ainda é cedo para avaliar os resultados práticos das medidas previstas neste diploma, mas estamos convictos de que serão um importante instrumento para reforçar a atividade e o investimento empresarial.

TTR: O Setor Imobiliário vem sendo o motor das transações de M&A no mercado Português, uma tendência que se mantem desde 2015. Quais são as perspetivas de crescimento desse setor para o próximo ano? Acha que pode haver uma saturação do mercado?

DP: O mais provável é que essa tendência perdure por mais alguns anos, embora se espere algum abrandamento nos preços dos imóveis. Há segmentos deste mercado que ainda não revelaram todo o seu potencial. Assim, o setor imobiliário tem margem para crescer, seja através da implementação de novas oportunidades de negócio em parceria com proprietários de prédios devolutos ou subocupados nos centros urbanos, seja pela via de estratégias integradas com o setor do turismo, promovendo as diferentes regiões nacionais e consolidar a descentralização na procura turística. Recorde-se que continuamos a assistir a um crescimento significativo no setor do turismo – os dados oficiais confirmam que Portugal nunca recebeu tantos turistas como no ano passado e que este setor provavelmente continuará em ascensão.

Portugal é um país pequeno com infraestruturas de telecomunicações e rodoviárias ao nível do melhor que há no mundo e o interior do País e isso faz com que novas zonas do País fora dos grandes centros urbanos e mesmo no interior possam ser objeto de desenvolvimento imobiliário.

TTR: Houve um aumento no interesse de investidores de Private Equity e Venture Capital olhando para Portugal. Do seu ponto de vista, as empresas portuguesas têm tido sucesso ao buscar esses investimentos? Quais são as estratégias que estão sendo favorecidas pelas empresas para atrair essas modalidades de investimentos? 

DP: O acesso a capital de risco é, efetivamente, uma opção para as empresas portuguesas, sejam elas startups,sejam empresas já com algum grau de maturidade.  Em traços gerais, o investidor tem a expectativa de aceder a projetos inovadores em mercados com potencialidade de crescimento e beneficiar de equipas com elevado grau de complementaridade, detentoras de profundo conhecimento da área de negócio.

O investimento de private equity e venture capital tem sido um caso de sucesso no nosso País. As empresas perceberam que um dos fatores mais relevantes para a captação deste tipo de investimento é a capacidade de reunir uma equipa de qualidade, com capacidade de identificar problemas, desenhar soluções e promover a sua execução, de uma forma eficiente. Naturalmente que outro fator essencial é a existência de um modelo de negócio, com acesso a canais de distribuição flexíveis, que permitam alcançar dimensões relevantes, com o mínimo capital possível.

Talvez a estratégia das empresas para atraírem esta modalidade de investimento assente nestes dois pilares: equipas capazes e modelos de negócio inovadores e eficientes.

TTR: Qual sua expectativa para o último trimestre do ano?

DP: Podemos antecipar um aumento nas fusões e aquisições no setor financeiro, mantendo-se a tendência de venda de ativos por bancos e instituições financeiras, essencialmente ativos não estratégicos ou os designados ativos de risco. Esta foi uma tendência importante em 2017, que nos parece poder continuar até ao final do ano.

Para ler sobre Diogo Perestrelo e suas transações, clique aqui.

Para ler sobre a PLMJ, clique aqui. 

 

ENGLISH

Diogo Perestrelo, is a partner at PLMJ. The main projects on which he has advised in recent years include mergers and acquisitions in the transport, infrastructures and energy sectors, as well as private equity transactions, particularly MBOs, MBIs and buy-and-build transactions. 
He has been involved in project finance since it became popular in Portugal, having participated in several project finance transactions in areas such as road concessions, renewable energies, waters and telecommunications.

TTR: How would you describe the performance of the Portuguese M&A market from the beginning of 2017 until now? 

Diogo Perestrelo: The performance of the Portuguese M&A market is essentially characterised by “traditional” M&A transactions and, to a lesser degree, by private equity deals. A significant number of these operations arise from a clear strategy to disinvest in non-core assets or risky assets, and they are intended to consolidate the financial situations of banking institutions, funds and companies in general.

We have also witnessed other types of M&A operations involving a different type of investor, with differing locations and objectives. One example of this is the acquisition by the fund Ardian – which is Europe’s largest infrastructure fund – of Ascendi, the second largest Portuguese motorway concessions group. This clearly demonstrates that the Portuguese market has remained active, including in the context of investments with long-term objectives.

TTR: When it comes to foreign investments made in Portuguese companies, the ones that stand out most are those made by companies with headquarters in Spain, the United States and the United Kingdom. What characteristics of Portuguese companies do you think attracts the interest of foreign investors?

DP: I believe the growing interest in investment in Portuguese companies does not come so much from the characteristics of the Portuguese companies per se, but rather from the economic sectors they operate in. Tourism, technology and renewable energy are all sectors enjoying healthy expansion or consolidation, and Portuguese companies in these sectors benefit from broad and well-recognised experience. I would also mention the Startup Portugal programme, which has boosted and strengthened the international standing of Portuguese companies. Holding the Web Summit in Lisbon has also continued to bear fruit and bring greater visibility to the start-up market in Portugal and to Portuguese technology.

As a Portuguese lawyer, it is a source of great satisfaction to me to be greeted increasingly, in international professional contacts, with questions on the preferred sectors for investment and on the opportunities that are available. This is a welcome contrast with the questions I used to face the few years ago about the situation of the country in the wake of the intervention by the Troika.

TTR: Which trend would you highlight that has brought the best results in strategic terms for Portuguese companies? Which of the policies adopted may be influencing factors that stimulate investments? 

DP: Business investment decisions depend on various factors. Besides macroeconomic policy issues and the budgetary and tax framework, there are aspects of the day-to-day running of companies that contextualise and influence investment. For example, regulatory obstacles, workers’ qualifications, the capacity to select good projects, and the possibility to use new financial instruments to finance the best projects. Any policy that improves these issues will undoubtedly contribute to increasing investment, but if I had to quote just one factor, I would say that the stability of the tax framework is critical to international investors.

A piece of legislation was recently published that creates the 200M Coinvestment Fund. The aim of this new legislation is to create or capitalise companies, particularly in the start-up phase, and to promote venture capital. It is still too early to assess the practical results of the measures set out in this legislation, but we are convinced it will be an important tool to boost business activity and investment.

TTR: The real estate sector has been the motive behind M&A transactions in the market, and this trend has continued since 2015. What are the prospects for growth in this sector for the coming year? Do you think the country might be facing market saturation?

DP: It is very possible that this trend will last for a few more years, although we expect to see a slowdown in property price increases. There are segments of this market that have still not reached their full potential and this means the real estate sector still has room to grow. This growth may come either by implementing new business opportunities in partnership with the owners of vacant or under-occupied buildings in city centres, or through strategies integrated with the tourism sector that promote different regions of Portugal and consolidate decentralisation of tourism demand. We are continuing to see significant growth in the tourism sector – official data confirms that Portugal has never welcomed so many tourists as it did last year, and this sector is likely to remain on the up.

Portugal is a small country, but its telecommunication and road infrastructures are world-class. This has made it possible for new areas of the country outside the main urban centres and deep in the interior to attract real estate development.

TTR: There has been an increase in interest in Portugal on the part of private equity and venture capital investors. In your opinion, have Portuguese companies in successful seeking out these investments? What strategies do Portuguese companies favour to attract these types of investments?

DP: Access to venture capital is a real option for Portuguese companies, whether they are start-ups or companies that have already achieved some degree of maturity.

In general terms, investors can expect access to innovative projects in markets with potential for growth. They can also benefit from teams they can work with seamlessly, who have deep knowledge of the business areas they work in.

Private equity and venture capital investment has been a success case in Portugal. Companies realise that one of the most important factors to attract this type of investment is the capacity to put together a quality team with the ability to identify potential problems, then design appropriate solutions and put them into practice efficiently. Naturally, another crucial factor is the existence of a business model and access to flexible distribution channels, which allow companies to achieve significant size with the minimum capital possible.

The strategy of companies to attract these types of investments is perhaps based on two main pillars: capable teams and innovative and efficient business models.

TTR: What are your expectations for the last quarter 2017?

DP: We can expect an increase in mergers and acquisitions in the financial sector, and a continuation of the trend of sale of assets by banks and financial institutions – essentially non-core assets and risky assets. This has been a significant trend so far in 2017 and we expected to continue through the end of the year.

To read about Diogo Perestrelo and his transactions, click here. 

To read about PLMJ, click here. 

 

Entrevista con Jorge López Zafra

Entrevista con Jorge López Zafra de la consultoría Llorente & Cuenca

Jorge López Zafra

TTR: Desde la óptica de una consultoría de comunicación, ¿cómo definiría la actividad de M&A en lo que va de año en España?

Jorge López Zafra: Para nuestro sector es importante que, a pesar de un ligero descenso en el número de operaciones de M&A, se haya producido un importante incremento en cuanto al volumen de inversión de esas operaciones en nuestro país. A mayor volumen de las operaciones, las compañías involucradas en un proyecto de fusión o adquisición detectan una mayor necesidad de asesoramiento en materia de comunicación. Esto es debido a que, normalmente, las operaciones de M&A de mayor tamaño desencadenan desde los primeros rumores una cascada de expectativas, pero también de temores entre los distintos grupos de interés (empleados, accionistas, inversores, reguladores, proveedores, etc…) y muchas veces provocan una considerable demanda informativa por parte de los medios de comunicación que es importante gestionar eficazmente. Valgan como ejemplo la OPA amistosa de Atlantia sobre Abertis, aún en proceso, o la fusión ya acabada de Gamesa con Siemens WP. Desde su anuncio ambas operaciones han generado un gran interés y han exigido una eficaz gestión de la comunicación.

Esperamos que en lo queda de año sigan produciéndose importantes operaciones de M&A en España debido a la mejor coyuntura económica, a la reducción de la incertidumbre, y al aumento de la inversión extranjera,  a pesar de potenciales riesgos geopolíticos.

TTR: ¿Cree que en los últimos años se ha incrementado la demanda de servicios de consultoría de reputación y/o comunicación? ¿Por qué cree que ha sido así?

Jorge López Zafra: Cada vez más las compañías entienden que una comunicación eficaz es un elemento estratégico para fusiones y adquisiciones. Las preocupaciones lógicas de los empleados por posibles ajustes, de los proveedores que ven peligrar sus contratos, la necesidad de explicar correctamente las claves de cada operación a los inversores o accionistas, de conocer las exigencias y limitaciones impuestas por los reguladores, exigen a las compañías un nivel de especialización en la comunicación muy importante. Por ello, es habitual que las compañías acudan a profesionales con experiencia en operaciones corporativas. Una de las tentaciones más habituales es intentar restringir la comunicación exclusivamente al día del anuncio o de la firma de la operación. Algo que siempre sale mal porque la atención por una operación de M&A no se centra exclusivamente en esos hitos. Gestionar la comunicación durante todo el proceso requiere especialización, experiencia y esfuerzo.

TTR: ¿Influye la estrategia de comunicación de las empresas en la efectiva realización de operaciones de M&A? ¿De qué manera?

JLZ: La comunicación influye en el proceso, gestionando las expectativas de todos los grupos de interés respecto a la operación. De esta manera, a través de la comunicación se puede crear un contexto favorable a la operación, si se gestiona bien. El mercado es cada vez más competitivo y la opinión pública cada vez más exigente, lo que obliga a las compañías a adoptar estrategias de comunicación proactivas para posicionar bien a la compañía, en lugar de simplemente reaccionar ante posibles amenazas. Las especulaciones en torno a la operación, ya sea una fusión o una adquisición, la difusión de mensajes negativos o el protagonismo de fuentes de información desconocidas juegan en contra. Una comunicación coherente, homogénea y coordinada es básica en cualquier proceso de fusión o adquisición de empresas. Es preciso para ello integrar lo antes posible a los responsables de comunicación, con los asesores financieros y legales, y de esta forma desarrollar la estrategia de comunicación más adecuada.                                                                                                                                                                                                                                                                                         TTR: Con la entrada de MBO Partenaires en el accionariado de Llorente & Cuenca en 2015 la empresa logró apoyo financiero para crecer a través de adquisiciones. Dos años después, ¿cómo han contribuido estas compañías al crecimiento de Llorente & Cuenca? ¿Diría que fue una estrategia acertada apostar por llevar a cabo un crecimiento inorgánico?

 

JLZ: Desde nuestro punto de vista, la estrategia ha resultado muy acertada: No hemos apostado por un crecimiento inorgánico, sino por intensificar el crecimiento orgánico en mercados clave para nosotros, cómo pueden ser México y Brasil, y en aquellos con mucho potencial, como Colombia. En España también nos hemos reforzado significativamente, y además hemos culminado adquisiciones exitosas en Estados Unidos, Brasil, Chile y España. El mix de ambas estrategias es lo que nos ha permitido consolidar un crecimiento de dos dígitos. Paralelamente, trabajamos muy duro para profundizar nuestras áreas e intensificar nuestra oferta multipaís en cada región, en especial nuestra oferta diferenciada en proyectos de coordinación con grandes multinacionales y multilatinas.

TTR: Llorente & Cuenca tiene una presencia notable en el mercado latinoamericano, región que cuenta con un gran potencial en materia de M&A. ¿Cómo definiría la situación actual del mercado latinoamericano? ¿Se ha notado también un incremento de la demanda de servicios de consultoría de comunicación en la región?

JLZ: Respecto la primera cuestión, América Latina sigue siendo una región muy dinámica, y es que tenemos una región a dos velocidades muy claramente marcadas en los mercados de la Alianza del Pacífico y los del Mercosur. El bloque formado por México, Panamá, Colombia, Perú y Chile sigue teniendo un gran desempeño económico y social y marca la velocidad de crecimiento del continente. Dentro del Mercosur, Argentina se está despertando y todos esperamos que Brasil salga de su crisis política para que pueda repuntar la mayor economía de la región. Esto genera muchas oportunidades para el mercado de M&A, en dónde estamos viendo cómo muchas compañías siguen entrandoen la región vía adquisiciones. Pero el fenómeno más destacable es cómo las multilatinas no solo están de compras en América Latina, sino que por primera vez en años en USA y Europa.

Sobre la segunda pregunta, claramente sí. En la sociedad latinoamericana la hipertransparencia y el poder del consumidor se han desarrollado mucho, así que comunicar más y mejor se ha vuelto clave. La reputación de las empresas en América Latina se ha vuelto más trascendente que nunca, sobre todo porque ya no basta con aparentar que eres una buena empresa, sino que además tienes que serlo, y demostrarlo. Estamos en la época de la ética y no de la estética. Por eso, cada vez más firmas cómo LLORENTE & CUENCA tenemos más trabajo.

ENTREVISTA: ÍÑIGO DEL VAL – ALLEN & OVERY ESPAÑA

Socio en 
Allen & Overy España

¿Cómo definiría usted la situación del mercado de fusiones y adquisiciones español en el ecuador de 2017? ¿Podemos hablar de valoración positiva?

Desde luego. Motivado por factores ya conocidos como la alta liquidez y el acceso al crédito, el mercado está muy activo. Los inversores tienen más problemas para encontrar activos que para encontrar recursos financieros y eso está haciendo que la competencia por los activos de mayor calidad sea muy alta. Hemos visto muchos procesos competitivos, aunque no siempre se han cerrado las operaciones (como por ejemplo el proceso de subasta de Redexis).

Algo que se puede mencionar de este ejercicio es el mayor número de deals grandes. En España es habitual que haya al año entre 6 y 10 deals por encima de los 500 millones de EV; sin embargo, este año el número de deals por encima de esas magnitudes puede acabar siendo sustancialmente mayor. Los sectores en los que se están produciendo estos deals están bastante localizados: infraestructuras, energía y en menor medida, el sector financiero.

Uno de los segmentos de mercado en los que usted cuenta con experiencia es el de private equity, que por el momento está experimentando una tendencia positiva respecto al año pasado. ¿Cree que este momento dulce es coyuntural o se ha alcanzado una madurez manifiesta en dicho mercado?

Como he señalado antes, el éxito en el fund raising de muchos fondos, el acceso al crédito y el número de players en el páis (con presencia propia o desde otros centros financieros) hace que el sector se mueva mucho y sea muy competitivo. No sé si se puede hablar de madurez pero sí de un mercado amplio, sano y con mucha capacidad de inversión.

Ha participado usted precisamente en una de las operaciones de private equity más relevantes del año, como es el secondary buyout en el que la francesa PAI Partners adquiere SARquavitae, gestora española de residencias para mayores. Por criterios de cantidad y tamaño puede decirse que en los últimos años ha existido un interés notorio por parte de inversores extranjeros en empresas españolas del sector salud. ¿Qué motiva este interés? ¿Cree que veremos más transacciones relevantes en este sector a corto o medio plazo?

Por el tipo de activo son operaciones de gran tamaño que atraen mucha atención. El sector de salud en España es sano, sofisticado, desarrollado y atrae inversores porque tiene capacidad de crecimiento, pero no creo que sea el sector donde más operaciones se realicen. Como he comentado los sectores de infraestructuras y energía son los más activos en el tramo alto de valor de las operaciones.

Otra de las operaciones en las que ha participado en 2017, la adquisición de un 20% de CLH por parte de Macquarie Group, nos introduce otro sector que continúa siendo muy dinámico en el mercado de fusiones y adquisiciones español: el de petróleo y gas. ¿Cree que la apuesta de inversores por este sector se mantendrá en los próximos años o habrá un viraje radical hacia el sector, ya presente y consolidado, de las energías renovables?

Infraestructuras siempre será un sector activo en M&A en España; ya sea de consolidación como de inversión oportunista; siempre que se mantenga un marco regulatorio estable y racional. En un marco regulatorio estable, son inversiones de menor riesgo y menor retorno pero que dan respuesta a un gran número de inversores, tanto institucionales de forma independiente como a través de fondos más estructurados.

Como bien señalan, el sector de las energías renovables es un sector consolidado. Tenemos grandes empresas en este ámbito con tecnología mundialmente reconocida y España, por diferentes motivos, tiene una oportunidad única de consolidarse como un líder mundial en este sector. De nuevo, un marco regulatorio estable y racional serán fundamentales para acometer ese objetivo.

Por último, también se incluye usted en el equipo que ha asesorado a Lone Star en la salida a Bolsa de la promotora inmobiliaria española Neinor Homes. Aunque son más frecuentes en el Mercado Alternativo Bursátil, muchas empresas del sector inmobiliario están optando por cotizar en Bolsa, y otras muchas se lo plantean. ¿Por qué este auge de cotizadas inmobiliarias? ¿Cree que este sector tiene margen para crecer sin cometer errores que aún podríamos definir como presentes, o podríamos estar más cerca de lo que pensamos de una nueva burbuja inmobiliaria?

Esta es una muy buena pregunta. En mi opinión debemos diferenciar el sector inmobiliario del constructor. Todas las empresas que vemos saliendo a bolsa (sea el MAB o no) son sociedades de tenencia y gestión de inmuebles no constructoras. Estar en bolsa implica unas obligaciones de transparencia y control que una sociedad no cotizada no tiene; si estamos ante una nueva burbuja, no lo sé, pero creo que estando parte del sector sometido a la regulación del mercado de capitales podría, quizás, atenuar o avanzar la misma si existiera.

¿Qué cree usted que depara al mercado transaccional español en la segunda mitad de 2017?

Creo que seguirá igual de activo. Veremos como muchas de las operaciones que se están estudiando se cierran y otras comenzarán a analizarse. Es el fruto de la existencia de fondos para invertir. Todo dependerá de que se encuentren los activos idóneos y de que la situación política y regulatoria sea estable.